Tesouro Direto: taxas de títulos de inflação avançam; prefixados oferecem juros abaixo de 12% pelo 2º dia

Tesouro Direto: taxas de títulos de inflação avançam; prefixados oferecem juros abaixo de 12% pelo 2º dia

novembro 12, 2021 Off Por Today Newsroom

(Getty Images)

SÃO PAULO – Após uma forte subida nos juros oferecidos pelos prefixados nas últimas semanas, o mercado de títulos públicos opera sem direção definida no começo das negociações desta sexta-feira (12).

Mais uma vez, as remunerações pagas pelos papéis prefixados recuam e os retornos ficam abaixo de 12% ao ano. Enquanto isso, os títulos de inflação demostram alta nas taxas, puxados por dados de inflação acima do esperado nesta semana.

No radar local, destaque para os números de serviços, que mostraram que o setor recuou 0,6% na passagem de agosto para setembro – valor bem abaixo do esperado pelo mercado.

Com os dados de indústria e do varejo, que foram divulgados na quinta (11), os indicadores de atividade econômica em setembro demonstraram o forte impacto da inflação no volume de vendas e apontaram que a retomada dos serviços é mais lenta do que o esperado  – diante de um cenário de desemprego elevado e de estimativas menores de crescimento neste ano e no próximo.

No Tesouro Direto, na primeira atualização da manhã, o recuo nas taxas era maior para o Tesouro Prefixado 2024, que oferecia retorno de 11,79% ao ano – abaixo dos 11,87% ao ano vistos na sessão anterior. As remunerações pagas por esse título viram forte avanço nas últimas semanas e agora parecem contrair de forma mais significativa.

No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,46%, contra 11,51% ao ano registrados um dia antes. A diferença entre o retorno do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) chegava a 33 pontos-base no começo da manhã, contra 50 pontos-base em dias de maior estresse nesta semana.

Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2035 e 2045 era de 5,21% ao ano, frente aos 5,18%, registrados na sessão anterior.

Vale lembrar que o Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento de juros semestrais, teve as negociações suspensas desde a última segunda-feira (8). A razão é que o Tesouro Direto costuma proibir a compra do título quatro dias úteis antes do pagamento de cupom de juros, que ocorre hoje (12).

Se o investidor quiser resgatar o papel, também há suspensão das negociações. Porém, nesse caso, a suspensão ocorre dois dias úteis antes do pagamento de cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta sexta-feira (12): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Serviços

O foco da agenda local nesta sexta-feira está na apresentação dos dados do volume de serviços no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor recuou 0,6% em setembro na comparação com agosto.

Assim, o indicador interrompeu uma sequência de ganhos registrada nos últimos cinco meses, período em que acumulou variação positiva de 6,2%. Mesmo com a queda, o setor ainda está 3,7% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

Em relação a setembro do ano passado, o volume de serviços avançou 11,4% e teve a sétima taxa positiva consecutiva.

Os números, porém, vieram abaixo do esperado. A projeção da Refinitiv era de alta de 0,5% na base mensal e de 13,5% na comparação anual.

Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, disse em relatório que a contração dos serviços em setembro se mostrou mais espalhada, com quatro das cinco atividades apresentando queda na comparação mensal.

Segundo ele, os serviços têm se mostrado uma das grandes alavancas do crescimento nos últimos meses, diante do desarranjo nas cadeias produtivas industriais.

“No entanto, a inflação em rápida ascensão, o aumento das taxas (com condições financeiras internas mais restritivas), o aumento do ruído político e da incerteza fiscal, a interrupção da tendência de alta na confiança do consumidor e das empresas, além da incipiente reviravolta no ciclo de crédito estão gerando cada vez mais obstáculos à atividade de serviços”, ponderou Ramos.

Desoneração da folha, Auxílio Brasil e emendas do relator

Enquanto isso na cena política, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ontem que o governo decidiu prorrogar a desoneração da folha de pagamentos por dois anos. Com isso, empresas podem substituir a contribuição de 20% à Previdência sobre os salários dos funcionários por uma alíquota sobre a receita bruta, que pode variar entre 1% e 4,5%.

Entre os setores beneficiados estão as indústria têxtil e de calçados, construção civil, transporte rodoviário, entre outros – são setores que costumam ser intensivos em mão de obra.

Outro tema que segue em voga são as emendas de relator. Reportagem de capa do jornal Folha de S. Paulo mostra que circula entre deputados uma proposta de resolução capitaneada por Arthur Lira, presidente da Câmara, visando ampliar a transparência na distribuição de verbas no Orçamento.

A proposta vem sendo discutida após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir a favor da liminar da ministra Rosa Weber que suspendeu o pagamento das emendas de relator, instrumento de distribuição de recursos que tem sido chamado de “Orçamento Secreto”.

O objetivo, segundo a Folha, é aprovar a proposta de resolução nas próximas semanas em sessão do Congresso Nacional, de forma que ela sirva na negociação para que o STF libere a execução das emendas.

Também ontem o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que permite ao governo utilizar o saldo do Bolsa Família, extinto em novembro, para financiar o novo programa de transferência de renda de seu governo, Auxílio Brasil. A mudança abre espaço de R$ 9,36 bilhões no Orçamento para uso pelo Ministério da Cidadania. O presidente também sancionou na quinta a lei que altera o Plano Plurianual (PPA) de 2020 a 2023 de forma a incluir o Auxílio Brasil.

Cena internacional

No radar externo, o destaque está na apresentação do Índice de Sentimento do Consumidor Preliminar de novembro nos Estados Unidos, divulgado pela Universidade de Michigan, às 12h. Na sequência, à tarde, John Williams, presidente do Federal Reserve (banco central americano) de NY, discursa em evento da instituição.

Na zona do euro, uma pesquisa entre economistas divulgada ontem pela agência internacional de notícias Reuters indicou riscos de que a inflação na zona do euro supere a meta do banco central para 2022. A inflação na região superou a marca de 4% em outubro, mas o Banco Central Europeu (BCE) vem evitando implementar aperto monetário.

Também na zona do euro, a produção industrial de setembro teve queda de 0,2 % na base mensal, ante estimativa de queda de 0,5%.

waiting...