
Tesouro Direto: taxa mínima de prefixados cai para 12,14% ao ano em movimento oposto aos juros globais
agosto 31, 2022Novas declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) podem dar o tom aos mercados nesta quarta-feira (31), juntamente com dados de emprego privado da Automatic Data Processing (ADP). O documento antecede o relatório mais aguardado do mercado de trabalho dos Estados Unidos, o chamado payroll, que será apresentado na sexta-feira (2).
A leitura de que o Fed adotará uma postura mais agressiva no encontro de setembro ajuda a pressionar os rendimentos oferecidos por títulos americanos (treasuries), que avançam nesta manhã, com destaque para os vencimentos a partir de sete anos.
Novos dados sobre a escalada de preços na Europa reforçam temores sobre a permanência das pressões inflacionárias no continente. Hoje, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro atingiu novo recorde ao avançar 9,1% em agosto na base anual, levemente acima do esperado pelo consenso Refinitiv.
Após forte recuo na véspera, investidores monitoram a continuidade do movimento de queda nos contratos futuros de petróleo, com preocupações com a manutenção da demanda no radar.
Enquanto isso, na cena local, novas pesquisas eleitorais e dados de desemprego dividem as atenções dos investidores.
No Tesouro Direto, os retornos oferecidos por títulos públicos operam de forma mista nesta manhã. Taxas reais de papéis atrelados à inflação – sem cupom semestral – são negociadas em alta, enquanto os juros reais oferecidos por títulos com cupom pago semestralmente apresentam estabilidade.
Entre os títulos que registravam avanço nas taxas reais, às 9h30, estão o Tesouro 2035 e o 2045, que ofereciam retorno real de 5,92% ao ano, acima dos 5,89% vistos um dia antes.
O Tesouro IPCA+ 2055, por sua vez, está entre os que apresentavam estabilidade nos juros. No mesmo horário, o título oferecia uma remuneração real de 5,98% ao ano, em linha com os 5,99% registrados ontem.
Por outro lado, na primeira atualização do dia, as remunerações entregues por papéis prefixados registravam recuo. Destaque para o Tesouro Prefixado 2025, que via o juro passar de 12,20% ao ano para 12,14% ao ano.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (31):

China e EUA
Na cena externa, a atividade industrial da China seguiu em contração em agosto. Pesou na conta a política de Covid-19 zero adotada pelo país, juntamente com a pior onda de calor em décadas e a crise no setor imobiliário chinês.
Segundo a Agência Nacional de Estatísticas, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial para a indústria da China subiu para 49,4 em agosto, de 49,0 em julho.
O resultado superou ligeiramente as expectativas de 49,2 em pesquisa da Reuters, porém mostrou contração ao permanecer abaixo da marca de 50, que separa o recuo da expansão na atividade econômica.
Já nos Estados Unidos, o destaque está nos números da ADP. Segundo o documento, o País criou 132 mil vagas de emprego no setor privado em julho. O número veio muito abaixo da estimativa do mercado, que previa a abertura de 300 mil vagas, segundo a Dow Jones.
A divulgação do relatório estava suspensa desde o resultado de maio, para reformulação da metodologia.
“Nossos dados sugerem uma recente mudança em direção a um ritmo mais conservador de contratações, possivelmente à medida que as empresas tentam decifrar os sinais conflitantes da economia”, afirmou Nela Richardson, economista-chefe da ADP. “Podemos estar em um ponto de inflexão”.
Pnad
Na agenda local, o destaque está nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que foram divulgados hoje.
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 9,1% no trimestre encerrado em julho, uma queda de 1,4 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior terminado em abril. Esse é o menor patamar registrado desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015, conforme trouxe hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio dentro da expectativa do mercado, pois o consenso Refinitiv previa que a taxa ficaria exatamente em 9,1%.
Já o contingente de pessoas ocupadas terminou julho em 98,7 milhões, um recorde da série histórica iniciada em 2012. Além disso, o rendimento real habitual voltou a crescer após dois anos e chegou a R$ 2.693 no trimestre.
Novas pesquisas eleitorais e aumento de CSLL
Na seara política, investidores repercutem a divulgação de nova pesquisa eleitoral, desta vez da Genial/Quaest. Segundo o levantamento de hoje, a disputa pelo Palácio do Planalto segue estável.
Ambos os líderes na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), aparecem com variação percentual negativa de 1 ponto percentual, na pesquisa estimulada (aquela em que o entrevistador oferece opções para a escolha do entrevistado).
Lula tem 44% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro soma 32%. Na pesquisa divulgada em 17 de agosto, o petista tinha 45% e o atual presidente registrava 33%. O placar da nova sondagem repete o resultado do levantamento divulgado em 3 de agosto.
Em terceiro lugar, aparece Ciro Gomes (PDT), com 8% (ante 6% na sondagem anterior), seguindo da senadora Simone Tebet (MDB), repetindo os mesmos 3% anteriores.
Também nesta manhã, foi apresentada a pesquisa Ipespe, encomendada pela XP Investimentos. Segundo o levantamento, realizado entre os dias 26 e 29 de agosto, Lula tem 43% das intenções de voto – oscilação negativa de 1 ponto percentual em relação ao último levantamento, feito em julho.
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tem os mesmos 35% da pesquisa anterior.
Destaque também para a aprovação ontem (30) pelo Senado Federal da Medida Provisória (MP), que eleva em 1 ponto porcentual a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições bancárias e não bancárias até 31 de dezembro de 2022.
Com isso, a CSLL dos bancos passou de 20% para 21%. Para instituições como corretoras e companhias de seguro, a alíquota foi elevada de 15% para 16%. O texto vai à sanção presidencial.
A MP foi editada no final de abril deste ano para compensar a renúncia do Refis (programa de parcelamento de débitos tributários) para microempreendedores individuais (Meis), e microempresas.
O aumento da alíquota, no entanto, entrou em vigor em agosto porque seria preciso obedecer o princípio da noventena (90 dias) para começar a valer. O governo estima um aumento de arrecadação de R$ 244,1 milhões neste ano com a medida.