Tesouro Direto: prefixados avançam e pagam até 12% ao ano; título de inflação para 2055 tem juro recorde de 5,57%
outubro 26, 2021SÃO PAULO – O radar dos investidores nesta terça-feira (26) está focado na divulgação da prévia da inflação oficial, o IPCA-15, que ficou em 1,20% em outubro, na comparação com setembro. Nos últimos 12 meses, o índice avança 10,34%.
Os números vieram acima do esperado pelos agentes financeiros e reforçam a necessidade de uma postura mais dura do Banco Central em termos de aperto monetário pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que começa a se reunir hoje.
Destaque também para a PEC dos precatórios, que pode ser votada hoje pelo plenário da Câmara, e assim abrir um espaço no teto para viabilizar o Auxílio Brasil. Nesse contexto, o mercado de títulos públicos apresenta alta nas taxas na abertura das negociações desta terça-feira.
Na primeira atualização do dia, o avanço era maior nos papéis de prazo mais curto. O juro pago pelo Tesouro Prefixado com vencimento em 2024, por exemplo, era de 12% ao ano, no começo da manhã, o que representa um aumento de 31 pontos-base em relação ao valor oferecido ontem (25). O retorno é o maior já pago por esse papel desde fevereiro deste ano, quando passou a ser negociado.
Da mesma forma, o retorno real oferecido pelo título atrelado à inflação com vencimento em 2026 avançava de 5,18% para 5,42% ao ano nesta manhã – ou seja, um avanço de 24 pontos-base (0,24 ponto percentual). Esse também é o maior valor já oferecido por esse título, que passou a ser negociado em fevereiro de 2020.
Outro destaque está no juro real pago pelo Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2055 e pagamento de juros semestrais que era de 5,57% no começo da manhã, frente aos 5,41% ao ano pagos na sessão anterior. A taxa é a mais alta já entregue pelo título, disponível no Tesouro Direto desde fevereiro de 2020.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidas na manhã desta terça-feira (26):
IPCA-15 e Caged
Dentro da agenda econômica, o destaque está na divulgação da prévia da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Dados apresentados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que o índice ficou em 1,20% em outubro frente setembro, acima dos 1,14% registrados no mês imediatamente anterior.
Essa é a maior variação para um mês de outubro desde 1995 e a maior variação mensal desde fevereiro de 2016. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, de 10,34%, acima dos 10,05% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a taxa foi de 0,94%.
O número foi acima do esperado. A projeção de consenso de economistas consultados pela Refinitiv era de alta de 0,97% em outubro frente setembro e alta de 10,09% na comparação anual.
Além dos dados de inflação, os investidores monitoram os números da criação de vagas formais pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apresentados hoje.
Conforme trouxe o Ministério do Trabalho e Previdência, a economia brasileira gerou 313.902 empregos com carteira assinada em setembro.
Dados do ministério apontam que o país registrou em setembro 1.780.161 contratações e 1.466.259 demissões. As estimativas dos analistas consultados pela Refinitiv, no entanto, eram de que o país criaria 367.409 no mês passado.
Também na agenda econômica, a Receita Federal apresenta os dados da arrecadação em setembro, às 15h30.
PEC dos precatórios e preço dos combustíveis
No cenário político, as atenções estão na possível votação da PEC dos precatórios pelo plenário da Câmara. A proposta abriria espaço fiscal para elevar para R$ 400 por mês o Auxílio Brasil, novo programa de transferência de renda do governo.
Na segunda-feira, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, defendeu a aprovação da PEC dos Precatórios como forma de viabilizar o Auxílio Brasil e criticou o Senado por não ter votado ainda a reforma do Imposto de Renda, o que levará, em sua avaliação, a se adotar um programa social de forma provisória.
Outro tema de destaque está no preço dos combustíveis. A Petrobras anunciou ontem (25) mais reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias.
Segundo a petroleira, o litro da gasolina pura subirá R$ 0,21 e chegará a R$ 3,19, em média. Já o óleo diesel puro (antes da mistura com biodiesel) terá aumento médio de R$ 0,28 por litro e passará a custar R$ 3,34. Os reajustes valem a partir de hoje.
Cena externa
No campo internacional, o mercado monitora mais um dia de balanços nos Estados Unidos. Investidores aguardam a divulgação de resultados do setor de tecnologia.
Na sessão anterior, o Dow Jones e o S&P fecharam em patamares recordes. Esse último foi impulsionado por uma alta de 12% nos papéis da Tesla, que atingiu pela primeira vez a marca de US$ 1 trilhão de capitalização.