Tesouro Direto: juros têm ligeira alta após fala de Campos Neto sobre regra fiscal; Tesouro IPCA+2045 vai a 6,30%
abril 5, 2023Diante do novo arcabouço fiscal e das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central, o mercado busca pistas para inferir sobre o andamento dos juros neste ano. E nesta quarta-feira (5), a curiosidade foi minimizada. Os olhares do mercado interno estão voltados para as falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que participa de dois eventos.
No primeiro, Campos Neto sinalizou otimismo com o arcabouço fiscal, que o governo federal anunciou que só apresentará ao Congresso na próxima semana. Ele reconheceu os esforços do governo federal e diz que avaliação do arcabouço fiscal é “superpositiva”.
“É preciso reconhecer o esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para reduzir os riscos fiscais do país com a apresentação do novo arcabouço para as contas públicas”, disse Campos Neto. Mas Campos Neto ponderou, no entanto, que não existe uma relação mecânica entre uma melhora fiscal e reduções nas taxas de juros, fala que vem em meio a forte pressão do governo por cortes na Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
Inicialmente prevista para chegar nesta semana ao Congresso Nacional, a proposta do novo arcabouço fiscal deverá estar na Câmara dos Deputados até terça-feira da próxima semana (11), disse a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Segundo a ministra, a equipe econômica aproveitará o recesso de Semana Santa para fazer os ajustes finais no texto.
Na primeira atualização do dia, às 09h26, os juros dos títulos públicos apresentavam ligeira alta. O retorno do Tesouro Prefixado 2033 era de 12,63% ao ano, maior do que os 12,58% desta terça-feira (4). O piso, detido pelo Tesouro Prefixado 2026, era de 11,97% ao ano, superior aos 11,92% da véspera.
Entre os títulos indexados à inflação, o destaque era o Tesouro IPCA+ 2045, com 6,30% ao ano, acima dos 6,27% da sessão anterior.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (05):
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Arcabouço fiscal
Inicialmente prevista para chegar nesta semana ao Congresso Nacional, a proposta do novo arcabouço fiscal deverá chegar à Câmara dos Deputados até terça-feira da próxima semana (11), disse ontem a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Segundo a ministra, a equipe econômica aproveitará o recesso de Semana Santa para fazer os ajustes finais no texto.
Tebet participa de audiência no grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que discute a reforma tributária. Ela disse que houve uma discussão dentro do governo para enviar o projeto de lei complementar que altera as regras fiscais até esta quinta-feira (6). No entanto, o esvaziamento do Congresso nesta semana deu ao governo mais tempo para fazer os retoques finais no texto, ressaltou a ministra.
Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu, nesta terça-feira (4), a correção do que chamou de “distorções” no sistema tributário brasileiro para equilibrar as contas públicas e atingir os objetivos de resultado primário estabelecidos no novo arcabouço fiscal, anunciado na semana passada.
Em evento com investidores, promovido pelo Bradesco BBI, o ministro voltou a apontar para medidas de recomposição da base arrecadatória do Estado para que o governo tenha condições de zerar o déficit primário já em 2024 e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa encerrar o mandato entregando superávit de 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
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Haddad já havia indicado três possíveis caminhos para aumentar em cerca de R$ 100 bilhões as receitas do governo. São elas: 1) Regulamentação de apostas eletrônicas (impacto de até R$ 15 bilhões); 2) Taxação de e-commerces com sede no exterior que burlam regras da Receita Federal (R$ 8 bilhões); e 3) Proibição para que empresas com incentivos fiscais concedidos por estados possam abater crédito da base de cálculo de impostos federais em atividades de custeio (R$ 90 bilhões).
Emissão de títulos no mercado internacional
O Tesouro Nacional concedeu mandato para emissão de títulos em dólares no mercado internacional. Será realizada a emissão de um novo benchmark de 10 anos, com vencimento em 2033. O foco é dar continuidade à estratégia do Tesouro Nacional de promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo, e antecipar financiamento de vencimentos em moeda estrangeira. A operação será liderada pelos bancos Bank of America, BNP Paribas e Morgan Stanley. Os títulos serão emitidos no mercado global e o resultado será divulgado ao fim do dia de hoje.
UBS e Credit Suisse
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O braço executivo da União Europeia (UE) livrou UBS e Credit Suisse da obrigação de não seguirem adiante com sua proposta de fusão antes de sua notificação ou autorização.
A Comissão Europeia, autoridade antitruste da UE, concedeu aos bancos uma isenção da chamada obrigação de “paralisação”, a pedido do UBS e do Credit Suisse, segundo informou uma porta-voz do bloco nesta quarta-feira, dia 5.
Regras da UE exigem que as empresas aguardem para implementar uma fusão que possa afetar a concorrência até que ela seja notificada ou tenha sido considerada compatível com o mercado da UE.
Bancos brasileiros
Os bancos brasileiros estão aumentando as taxas de juros para empréstimos corporativos. O J.P.Morgan acredita que a aversão ao risco e o mercado de capitais restritivo estão permitindo que os bancos tenham taxas mais fortes para empréstimos. Embora os spreads estejam subindo, não se tem certeza quanto tempo isso vai durar – o J.P.Morgan crê que vai depender do impacto nas tendências de custo do risco e qualidade dos ativos.
Nomes para Banco Central
Os dois nomes para ocupar cargo na diretoria do Banco Central serão encaminhados ao Senado após viagem de Lula à China. “Ele (Lula) deu as diretrizes para resolver depois China, para gente encaminhar os nomes ao Senado”, disse Fernando Haddad, ministro da Fazenda. O presidente viaja para China no dia 11 de abril, retornando em 15 de abril.
Empregos EUA
Os Estados Unidos criaram 145 mil vagas no setor privado em março, de acordo com o Relatório Nacional de Emprego ADP, produzido pela ADP Research Institute e divulgado nesta quarta-feira (5).
O número foi abaixo do esperado, uma vez que o consenso Refinitiv previa a criação de 200 mil vagas. Os dados de fevereiro foram revisados para cima, passando de 242 mil para 261 mil vagas.
A desaceleração da criação de empregos é outro sinal potencial de que o crescimento econômico dos EUA está caminhando para uma desaceleração ou recessão, destacou o ADP.
PMI
No Reino Unido, o PMI caiu a 52,9 em março, mas superou prévia. Já o PMI composto britânico, que engloba serviços e indústria, recuou de 53,1 para 52,2 no mesmo período, confirmando a estimativa inicial.
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O PMI composto da zona do euro e de serviços da Alemanha subiram em março, mas ficaram abaixo da prévia. O PMI composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, subiu de 52 em fevereiro para 53,7 em março.
Bolsas mundiais
Os índices futuros dos EUA recuam nesta manhã de quarta-feira, dando continuidade ao movimento de baixa registrado na véspera, com preocupações sobre a saúde da economia americana pesando sobre o mercado de ações. Agentes do mercado digeriram o último relatório de vagas de emprego JOLTS que sugeria que os esforços do Fed para esfriar o mercado de trabalho poderiam finalmente estar surtindo efeito.
Os mercados asiáticos fecharam sem direção única, repercutindo dados de emprego nos EUA que mostraram que as vagas caíram para o nível mais baixo em quase dois anos em fevereiro. Os mercados da China continental e de Hong Kong estão fechados por causa do feriado.
O banco central da Nova Zelândia elevou sua taxa básica de juros em 50 pontos base para 5,25%. Já a inflação nominal da Tailândia de março ficou em 2,83%, abaixo das expectativas de 3,3% e abaixo dos 3,8% de fevereiro. Enquanto a inflação geral nas Filipinas em março caiu ligeiramente para 7,6%, abaixo da leitura do mês anterior de 8,6%.
Os mercados europeus operam com baixa em sua maioria, com incerteza acerca das perspectivas econômicas pesando sobre os negócios.
Entre os indicadores econômicos, as encomendas à indústria alemã em fevereiro ficaram acima do esperado, mas os investidores também digerem a leitura final de março dos PMIs de serviços. Os dados mostraram expansão acima de 50 pontos, mas ficaram abaixo da prévia na Alemanha (53,7 pontos) e na zona do euro (53,7). No Reino Unido (52,9), houve recuo maior do que o esperado.