STJ alcança quórum para manter Wilson Witzel afastado do governo do Rio de Janeiro

STJ alcança quórum para manter Wilson Witzel afastado do governo do Rio de Janeiro

setembro 2, 2020 Off Por Today Newsroom

(Antonio Cruz/Agência Brasil)

SÃO PAULO – A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) já tem maioria necessária para manter a decisão liminar tomada pelo ministro Benedito Gonçalves que afastou Wilson Witzel (PSC) por 180 dias do comando do governo do Rio de Janeiro. Até a última atualização desta matéria, 13 dos 15 membros do colegiado haviam se manifestado a favor da determinação e um contra.

Os ministros que acompanharam o relator foram: Francisco Falcão, Nancy Andrighi, Laurita Vaz, Maria Thereza Assis Moura, Og Fernandes, Luís Felipe Salomão, Mauro Campbel, Raul Araújo, Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi. O ministro Napoleão Nunes Maia foi voto vencido ao se posicionar contra o afastamento do governador.

A Corte Especial do STJ é formada pelos 15 ministros mais antigos do tribunal. Para a manutenção da decisão que afastou Witzel, era necessário quórum qualificado de 2/3 dos magistrados.

Minutos após o colegiado atingir o quórum para manter o afastamento, o governador disse, em sua conta no Twitter, respeitar a decisão, mas negou o cometimento de crimes.

Entenda o caso

Wilson Witzel é acusado de fraudar contratação de hospitais de campanha, respiradores e medicamentos durante o combate à pandemia do novo coronavírus. Os investigadores dizem ter provas de que colocam o governador “no vértice da pirâmide” das ilegalidades. Eles apontam que o ex-juiz estaria no comando de uma “sofisticada organização criminosa, composta por pelo menos três grupos de poder”.

Segundo o Ministério Público Federal, Witzel teria recebido, através do escritório de advocacia de sua esposa, Helena Witzel, ao menos R$ 554,2 mil em propina. Os procuradores identificaram “vínculo bastante estreito e suspeito” entre a primeira-dama e empresas de Mário Peixoto, preso em junho, no âmbito da operação Favorito.

De acordo com os investigadores, Witzel teria “participação ativa no conhecimento e comando das contratações com as empresas investigadas”, posição reforçada por trocas de e-mails. A quebra de sigilo mostrou que o governador enviou e-mails à esposa com a minuta de um contrato de prestação de serviço de advocacia relativo ao escritório dela.

Na denúncia apresentada ao relator Benedito Gonçalves, do STJ, a Procuradoria Geral da República (PGR) diz que o governador recebeu vantagem indevida de R$ 274.236,50 de Peixoto e R$ 280 mil pagos pelo Hospital Jardim Amália (Hinja), de Volta Redonda, pertencente à família do ex-prefeito Gothardo Lopes Netto. Os investigadores chegaram a pedir a prisão de Witzel – pleito recusado pelo relator.

“Entendi que a prisão preventiva era mais gravosa, entendi por optar por medida menos gravosa, que era afastamento”, disse o ministro Benedito Gonçalves em breve leitura de seu voto na sessão.

Witzel foi afastado do cargo na última sexta-feira (28), durante a deflagração da operação batizada de Tris in Idem – uma referência dos investigadores ao fato de ser o terceiro governador do estado a lançar mão de esquemas ilícitos parecidos para a obtenção de vantagens indevidas, sucedendo os casos de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

O governador nega qualquer irregularidade e alega sofrer perseguição por parte do governo federal. Ele foi eleito em meio à onda bolsonarista e com forte retórica anticorrupção, mas se tornou um adversário político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quando passou a sinalizar interesse em participar da corrida presidencial em 2022.

Julgamento

A decisão de afastar Witzel foi tomada monocraticamente pelo ministro Benedito Gonçalves, baseada em informações apresentadas pelas investigações Favorito e Placebo. O fato de a determinação ser liminar gerou críticas entre políticos e magistrados e foi discutida pelos ministros do STJ nesta sessão.

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