S&P 500 supera projeções de estrategistas com diferença recorde
junho 8, 2020(Bloomberg) — Para outro exemplo do poder do rali das bolsas nos Estados Unidos, basta observar o nível atual do mercado acionário em relação às previsões das melhores e mais brilhantes mentes de Wall Street.
Após três semanas de ganhos que estão prestes a apagar as perdas no ano, o S&P 500 está perto de 3.200 pontos, ou 9% acima da projeção de 2.933, o nível médio em que estrategistas esperam que o índice termine 2020. Essa é a maior diferença registrada em dados da Bloomberg desde 1999.
Assim como uma série de analistas buy-side, estrategistas foram muito cautelosos ao estimar a velocidade da recuperação. O S&P 500 acumula alta de mais de 40% em relação à mínima de março em meio a estímulos do banco central e dados econômicos melhores do que o esperado, desafiando alertas sobre valuations elevados e colapso dos lucros. Na semana passada, o Nasdaq 100 subiu para máxima histórica, recuperando totalmente as perdas do mercado baixista deste ano.
Todos esses ganhos colocam pressão sobre analistas profissionais, que começaram o ano com uma visão cautelosa e se tornaram ainda mais pessimistas durante a paralisação da atividade causada pelo coronavírus. Alguns como Tobias Levkovich, estrategista-chefe de renda variável do Citigroup nos EUA, dizem que o ceticismo ainda é necessário.
O S&P 500 é negociado a 21 vezes o lucro projetado de US$ 150 por ação no próximo ano, um múltiplo que Levkovich considera alto. Ele mantém o preço-alvo de 2.700, dizendo que investidores ignoram riscos como uma segunda onda da Covid-19 e as próximas eleições presidenciais nos EUA.
No fechamento de sexta-feira, aos 3.193,93, o S&P 500 superou as metas para o fim do ano de todos estrategistas, com exceção de quatro, com base em pesquisa realizada com 18 analistas de Wall Street no mês passado. O mais pessimista, Maneesh Deshpande, do Barclays, espera que o S&P 500 encerre dezembro em 2.500 pontos, uma baixa de 22%.
“As expectativas de consenso são de uma recuperação dos lucros em forma de V, que achamos otimista demais”, disse Deshpande. “Além do crescente risco geopolítico em torno das tensões EUA-China, observamos que a atividade social ainda precisa aumentar e esperamos que o investimento seja reduzido, pois os riscos de uma segunda onda de infecções são altos.”
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