PF prende auditor flagrado pela Operação Triuno jogando notebooks no lixo

PF prende auditor flagrado pela Operação Triuno jogando notebooks no lixo

outubro 26, 2020 Off Por Today Newsroom

Polícia Federal
(Polícia Federal)

A Polícia Federal prendeu preventivamente nesta segunda, 26, o auditor da Receita Federal Willians Gonçalves Nogueira, alvo da Operação Triuno que no último dia 22 jogou notebooks e um HD na lixeira do andar de baixo do seu apartamento durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua casa.

Afastado da Receita por decisão judicial, Willians é investigado, junto com os fiscais aposentados Roberto Augusto Ribeiro e Eli Guedes da Silva, pelo suposto recebimento de R$ 4 milhões em propinas das empresas Qualicorp (QUAL3) e Rimo.

O mandado de prisão preventiva contra o fiscal foi expedido em razão de representação feita pela PF após Willians se desfazer de provas dos fatos criminosos em investigação. Além de expedir a ordem de prisão, a Justiça Federal autorizou dois novos mandados de busca e apreensão em imóveis a ele relacionados, um em São Paulo e outro em Santos.

Aberta no último dia 22, a Operação Triuno concentrou três novas fases da Operação Descarte, que descobriu escritório de advocacia dos Claro, especializado em operações simuladas de prestação de serviços e fornecimentos de produtos – contando até com uma produtora musical. A partir da análise de documentos apreendidos em tal escritório, a PF identificou três grupos empresariais que usaram tais serviços para obter recursos em espécie para pagar de propina a três fiscais federais e a um fiscal estadual.

Segundo documentos do inquérito, a Allied, controlada pelos empresários Ricardo Radomysler, Marcelo Radomysler e José Milstom Carman Mello, teria repassado R$ 996 mil aos Claro. Por sua vez, a Rimo Entertainment, controlada por José Radomysler, pai de Ricardo e Marcelo, transferiu R$ 1,5 milhão. Do Grupo Qualicorp, que foi dirigido por José Seripieri Filho, os advogados teriam lavado R$ 2,5 milhões.

Os três auditores fiscais federais investigados teriam apresentado relações com a Qualicorp e a Rimo Entertainment, segundo os investigadores.

No caso da Sonopress Rimo, a vantagem indevida teria sido acertada para que fosse reduzida autuação fiscal. Já no caso da operadora de planos de saúde, a propina foi negociada a fim de que não fossem lançados todos os tributos devidos pela empresa em procedimento de fiscalização.

Em razão dos ‘fortes indícios’ de que as transferências ao escritório dos Claro seriam o pagamento de propina aos três servidores da Receita, a juíza federal Michelle Camini Mickelberg, da 2ª Vara Criminal de São Paulo, decretou o bloqueio de mais de R$ 7 milhões dos três – R$ 3.610.083,39 no caso da Sonopress e de R$ 3.488.131,50 no da Qualicorp (valores das propinas atualizados).

Na decisão que abriu a Triuno, Michelle aponta ainda que os fiscais federais supostamente atuariam ‘em conluio e com unidade de desígnios’. Segundo os despachos Willians era o supervisor da equipe composta por Eli e Roberto.

COM A PALAVRA, OS AUDITORES

Até a publicação desta matéira, a reportagem buscou contato com os auditores, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

COM A PALAVRA, A QUALICORP

Quando a Operação Triuno foi deflagrada, a Qualicorp divulgou a seguinte nota:

Qualicorp Consultoria e Corretora de Seguros S.A., (B3: QUAL3) (“Companhia” ou “Qualicorp”), vem, nos termos da Instrução CVM n° 358/2002 e da legislação em vigor, comunicar aos seus acionistas e ao mercado em geral que, na manhã de hoje, por determinação da 2a Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo, especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores, foi realizada, pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Triuno, busca e apreensão de documentos, na sede da Companhia e em outros locais. A nova administração da Companhia informa que adotará as medidas necessárias para apuração completa dos fatos, bem como colaborará com as autoridades públicas competentes.

COM A PALAVRA, A ALLIED

Quando a Operação Triuno foi deflagrada, a Allied divulgou a seguinte nota:

A Allied comunica que os fatos mencionados na reportagem são relacionados a contratações de prestadores de serviços realizadas entre 2011 e 2015, com os quais a companhia não mantém mais relacionamento desde 2015. Em meados de 2019, a companhia iniciou uma investigação interna sobre tais fatos com auxílio de assessores especializados e desde então, de forma proativa, se colocou e tem se colocado à disposição do Ministério Público Federal com o propósito de colaborar com as investigações.

COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com os demais citados, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

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