Pacote de estímulo nos EUA está em risco por objetivos divergentes

Pacote de estímulo nos EUA está em risco por objetivos divergentes

outubro 15, 2020 Off Por Today Newsroom

(Bloomberg) — Mesmo com os Estados Unidos ainda em recuperação da pandemia de coronavírus, o governo não conseguiu aprovar mais estímulos antes das eleições, com as negociações prejudicadas pelo presidente Donald Trump e pelas agendas divergentes de republicanos e democratas no Congresso. Agora, os eleitores ajudarão a decidir os próximos passos.

A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, entrou nas negociações em julho com uma reputação de perspicácia legislativa aprimorada ao longo de anos de batalhas orçamentárias e em confrontos anteriores com Trump. Pelosi apresentou uma proposta para um plano de resgate da pandemia ainda maior do que o pacote de US$ 2 trilhões aprovado em março.

Ao contrário de março, quando ambas as partes se uniram em torno da Lei Cares devido às paralisações no país por causa do coronavírus, o governo Trump não poderia ficar do lado de Pelosi, mesmo que quisesse. O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e muitos de seus colegas republicanos resistiram a qualquer estímulo muito acima de US$ 1 trilhão, especialmente à enorme ajuda estadual e local buscada pelos democratas. Para alguns membros do Partido Republicano, a economia não precisava de mais ajuda.

Também havia falta de confiança na equipe de negociação da Casa Branca. Os republicanos do Senado culpam o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, por gastar muito no plano de US$ 2 trilhões aprovado em março. E os democratas não confiavam no chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, que entrou no governo em março após construir uma reputação durante mais de sete anos na Câmara como um partidário intransigente.

Agora faltam menos de três semanas para as eleições de 3 de novembro, e Mnuchin disse que a “realidade” atrapalha. O secretário do Tesouro disse na quinta-feira que o governo “não vai desistir” de um acordo, embora tenha planos de ir ao Oriente Médio na próxima semana.

Os próximos passos dependerão de Trump ser reeleito e de o Partido Republicano manter a maioria no Senado, ou da vitória de Joe Biden e de democratas assumirem o controle de ambas as casas do Congresso.

“O problema fundamental para chegar a um acordo é que nenhuma das partes parece sentir que será responsabilizada pelos eleitores pelo impasse”, disse Sarah Binder, professora de ciências políticas na Universidade George Washington, que também é pesquisadora da Brookings Institution.

Para Trump, a ideia de abraçar o plano dos democratas da Câmara – que começou em US$ 3,4 trilhões em maio antes de ser reduzido para US$ 2,2 trilhões no início de outubro – estava em desacordo com sua narrativa de que a economia se recuperava maravilhosamente bem. Em agosto, ele afirmou em reunião na Casa Branca que os EUA estavam liderando a recuperação global.

Os movimentos erráticos do presidente desde que se contagiou com a Covid-19 também prejudicaram sua equipe. Trump suspendeu as negociações em 6 de outubro, mas depois decidiu retomá-las na mesma semana ao pedir um pacote ainda maior do que os US$ 1,6 trilhão que haviam tentado vender para Pelosi.

Ainda assim, Mnuchin disse na quinta-feira que Trump continua determinado a obter um pacote de estímulo maior.

“Precisamos levar dinheiro ao povo americano agora, às pessoas que estão sofrendo mais”, disse na quinta-feira em entrevista à CNBC, depois que os dados semanais de pedidos de seguro-desemprego mostraram deterioração inesperada.

“É difícil saber exatamente o que está precificado” para os mercados financeiros, disse Aaron Clark, gestor de ativos da GW&K Investment Management. Ele disse que seu melhor palpite é que “não há muitas expectativas de que um pacote se concretize até o final do ano”.

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