Os melhores fundos de ações e multimercados em março e em 12 meses

Os melhores fundos de ações e multimercados em março e em 12 meses

abril 9, 2020 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – Exposição ao dólar, ao ouro ou a robôs: eis algumas das estratégias que têm garantido os melhores retornos a uma parcela de fundos de ações e multimercados neste ambiente de incertezas, por conta da epidemia de coronavírus.

Ainda que a maioria das carteiras consiga superar a forte queda do Ibovespa, são poucos os que efetivamente têm registrado valorização. No grupo de ações, apenas três fundos tiveram ganho em março. Nos multimercados, a fatia cresce para 38 fundos, ou 20% da amostra.

Os dados fazem parte de levantamento elaborado pela XP com base na Economatica e mostram que, nos últimos 12 meses até março, quando o Ibovespa acumula queda de 23,5%, 113 de 142 fundos de ações (ou 80%) entregaram retornos aos cotistas acima do índice. Mas, no mês passado, quando o índice perdeu 30%, a fatia de fundos com desempenho melhor que o índice referencial da Bolsa cai para 57 (ou 40%).

Confira a seguir os dez melhores fundos de ações em 12 meses até março, observando ainda seu desempenho no mês e a variação acumulada em até 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Na categoria de multimercados, em março, 29 de 188 fundos (15%) tiveram valorização acima do CDI (0,34%), ainda que 177 tenham superado a forte queda do Ibovespa. Em 12 meses, 63 multimercados (ou 34% do total) ganham da variação de 5,44% do CDI e 182 superam o desempenho do principal índice da Bolsa.

Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de março. No caso dos fundos de ações, foram excluídos os setoriais, os indexados e os monoações e, dentre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado. Fundos espelho também foram eliminados do estudo.

Dólar a favor dos BDRs

Os fundos de BDR lideram os ganhos da categoria de ações em março e também nos últimos 12 meses. Os BDRs são certificados de depósitos de valores mobiliários de empresas estrangeiras negociados na Bolsa brasileira e são utilizados pelos investidores locais para se posicionar em ativos globais sem ter de mandar dinheiro para fora do país. São mais de 500 opções à disposição, com nomes como Netflix, Nike, Motorola, Visa, Disney, Starbucks e Toyota.

O produto de BDRs da Western Asset lidera o ranking do último ano, com valorização da ordem de 28% no período. Em março, o retorno ficou positivo em 2,4%, o que pode ser considerada uma grande vitória frente à queda de 29,90% do Ibovespa no período.

Ajuda de maneira importante o desempenho do fundo de BDRs, principalmente no momento de intensa volatilidade, a variação cambial ao qual está exposto. Em março, a divisa americana subiu quase 16% frente ao real e o índice americano S&P 500 caiu 12,5%, em dólar.

O setor de tecnologia da informação detém atualmente a maior exposição do fundo, o que, segundo Mauricio Lima, gestor da Western, contribui para proteger a carteira em meio à crise, dada a resiliência das companhias que sentiram um forte aumento por seus serviços durante o confinamento.

Entre os BDRs na carteira da gestora que tiveram desempenho positivo em março, destaque para Amazon (26,6%), Microsoft (17,5%), Apple (11,3%) e Facebook (4,4%). Vale lembrar que a performance decorre tanto da performance dos ativos nas bolsas americanas como também da variação cambial.

Outros segmentos relevantes dentro da carteira são os de saúde e farmacêuticas e de comunicação, com aproximadamente 13% e 16% do portfólio. Lima ressalta que a gestora não promoveu grandes alterações nas posições dentro do setor de saúde nas últimas semanas por conta da disseminação do coronavírus.

“Buscamos companhias que devem entregar bons resultados no longo prazo”, acrescenta o gestor da Western, que cita ainda a redução da exposição no mês passado ao setor de utilities, que além do coronavírus tem de lidar com a guerra nos preços do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita.

Aumento do caixa

Ainda entre os fundos de ações, o NCH Maracanã está entre os melhores dos últimos 12 meses, embora tenha perdido mais de 6% em março.

Segundo James Gulbrandsen, CIO da NCH Capital, entre as principais posições do fundo está a rede de farmácias Raia Drogasil, um dos poucos comércios que segue de portas abertas e com a demanda crescente – por isso, enquanto o Ibovespa caiu quase 30% em março, os papéis da companhia recuaram “somente” 15%.

“A Raia Drogasil nos parece uma empresa perfeita para o ambiente atual”, afirma o CIO da NCH. “Temos buscado nomes menos sensíveis a uma provável recessão.”

A expectativa de que os mercados desenvolvidos irão se recuperar antes dos emergentes, por terem entrado primeiro na crise e pelo poder de fogo substancialmente superior, também fez a gestora aumentar o posicionamento que já tinha na fabricante Weg. No último trimestre de 2019, aproximadamente 57% da receita da empresa partiu do mercado externo – em março, suas ações caíram 22%.

Por outro lado, Gulbrandsen optou por reduzir a exposição do fundo ao setor elétrico, que representava boa parte do portfólio antes da crise. “Passamos a enxergar um risco de possível liberação do pagamento das contas mensais por algum tempo”, diz.

Após ter ido às compras em março, o fundo Maracanã voltou a aumentar o caixa. A postura mais conservadora decorre da percepção do CIO de que as incertezas relacionadas à evolução do surto do Covid-19 ainda são excessivamente elevadas para adotar um viés mais arrojado.

O gestor demonstrou preocupação com a reação do governo brasileiro à pandemia, que, em sua avaliação, está abaixo do necessário frente à magnitude do problema. “Estou enxergando várias semelhanças entre a falta de resposta do governo americano em 2008 com a demora do governo brasileiro para agir agora.”

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