Os impactos da redução de IPI no setor automotivo

Os impactos da redução de IPI no setor automotivo

março 2, 2022 Off Por Today Newsroom

Cálculo de taxas
(Pexels)

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Eis que em plena sexta-feira de carnaval, naquele momento em que todos estão esquentando os tamborins, limpando a serpentina da chopeira ou ficando nas congestionadas estradas rumo ao litoral, o “não tão” glorioso governo federal decidiu reduzir na canetada as alíquotas do IPI.

E, nesta seara, o setor automotivo foi agraciado!

A redução que o Paulinho editou seria um corte linear de 25%. Mas, para veículos, esse percentual caiu para 18,5%.

E, no frigir dos ovos, de quanto será essa redução para os consumidores?

Grosso modo, ela vai gerar uma redução nos preços dos carros na ordem de 1,08% até 3,64%.

Na real, os carros “populares” com motorização até 1.0l, que tinham IPI de 7%, passaram a ter um IPI de 5,7%. Isso vai implicar numa redução do valor do veículo na ordem de 1,08%. Então, se você, caro leitor, decidir comprar um veículo “popular” que custava, antes do decreto, R$ 100 mil, você pagará nele apenas R$ 99 mil.

Para os veículos com motorização entre 1.0l até 2.0l, que em geral possuíam IPI de 11%, terão agora um IPI de quase 9%, representando um desconto de 1,6% no preço do carro. No mesmo exemplo, se você comprasse um carro de R$ 100 mil, agora pagaria R$ 98,4 mil.

E aquele desconto de 3,6% que eu mencionei lá em cima?

São para carros com motorização acima de 2.0l, como a Toyota SW4. Mas aí estamos falando de um mercado de nicho…

E por que o governo decidiu intervir no setor?

O mercado de veículos travou! Travou geral!

Apesar de grande parte das montadoras, consultorias “especializadas”, jornalistas e associações projetarem crescimento de até 10% para o mercado de veículos novos neste primeiro bimestre do ano, ele deverá encerrar o período com retração de 26,5% ou 85 mil carros a menos.

E o pior de tudo é que o mercado de veículos usados travou mais ainda!

A retração dos veículos usados neste primeiro bimestre do ano deverá ser superior a 30%.

A situação do setor é crítica, beirando um cenário caótico!

Os carros subiram demais de preço no último ano. O descompasso do câmbio, a pressão inflacionária, dissídios coletivos e a falta de matéria prima foram os grandes vetores desse aumento. Ou seja, estamos com um problema estrutural na nossa economia. Essa “esmola” que o Paulinho deu não vai salvar o pessoal, apenas foi um sopro de ar.

O setor ainda é muito onerado. Por exemplo: um veículo na faixa de R$ 170 mil paga R$ 34 mil só de IPI e ICMS. Agora pagará R$ 31,3 mil.

Mas, em política, sempre quando vem um carinho, vem logo na sequência a bordoada!

E qual é a bordoada? A desvalorização imediata do carro usado. Geralmente, a cada redução de 1 ponto percentual no preço do carro novo, o usado acaba caindo 4%. Aí, é só fazer a conta!

O carro usado é a principal moeda na hora da compra do veículo. Se o novo ficou 1% mais barato, no curto prazo, o usado vai desvalorizar uns 4%. Ou seja, o desembolso para a compra do carro novo será ligeiramente maior!

Fora isso, imaginem os milhares de lojistas de carros usados, que irão ver o seu estoque perder de 4% a 6% de valor com uma canetada. Vislumbramos quebradeiras de várias lojas no curto prazo!

É…. aguardemos as cenas dos próximos capítulos!

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