O sinal de alerta ligado nas bolsas americanas, apesar do recorde de alta nos últimos dias

O sinal de alerta ligado nas bolsas americanas, apesar do recorde de alta nos últimos dias

agosto 21, 2020 Off Por Today Newsroom

Wall Street
(Shutterstock)

Os mercados continuam subindo independentemente dos sinais. Ontem, dia 20, mais um sinal amarelo se acendeu, com o S&P 500 subindo e fechando no azul, enquanto mais de 70% dos seus componentes fecharam no vermelho.

O breadth do mercado, relação entre o número de ações que estão subindo e o número de ações que estão caindo, está bastante estreito (narrow), no jargão de mercado, o que indica que poucas ações são responsáveis pela maior parte dos ganhos do índice. Isso é bem arriscado, já que uma pequena mudança de humor com relação ao “grupo de campeões”, leia-se tecnologia e farmacêuticas, pode trazer uma forte realização de lucros.

Começando pelo exemplo mais notório do momento, o da Apple. A empresa foi a primeira a atingir US$1 trilhão de valor de mercado em 2018. Essa semana ela atingiu a marca de US$2 trilhões, ou seja, dobrou de valor em apenas 2 anos.

Para se ter uma ideia da magnitude disso, a capitalização bursátil da Apple hoje é maior que o PIB brasileiro e com esse valor seria possível comprar todas as empresas listadas na B3, 2 vezes, e ainda sobraria dinheiro para comprar a Berkshire Hathaway, do lendário Warren Buffett.

E a que devemos essa alta estratosférica nas ações da Apple? Nesse período, suas vendas subiram 3% e seu lucro caiu 1,5%. Definitivamente não foi o desempenho operacional da empresa que influenciou decisivamente o comportamento das suas ações.

E para justificar isso, existem várias explicações, como o fato de a empresa ter bastante caixa (porto seguro), de as distribuições de dividendos não terem sido comprometidas (o que a faz funcionar como um bond) e de haver uma expectativa de crescimento futuro (sempre ele). Enfim, não faltam justificativas para racionalizar acontecimentos e ignorar o óbvio.

O mesmo aconteceu na década de 20, 70, 90, em 2008 e há poucos meses, mas ninguém parece se lembrar mais. A “put” do Fed parece não ter data de vencimento e o strike é cada vez mais alto. Isso causa complacência do mercado e a tomada excessiva de risco para obtenção de um pequeno retorno. Apesar de o VIX, o índice que mede a volatilidade, estar em patamares baixos, enxergamos a tomada de posições em ações nesse momento como arriscada.

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