O campeonato da indústria automotiva está de volta

O campeonato da indústria automotiva está de volta

setembro 2, 2020 Off Por Today Newsroom

Caros leitores, digníssimas leitoras: se agosto é o mês do desgosto, isso não ocorreu no setor automotivo.

Convenhamos, apesar de o mês de agosto dar a impressão de ser um mês com 189 dias, desta vez ele passou rápido e trouxe boas notícias.

O mês acabou com 173,6 mil carros vendidos no Brasil, um crescimento de 6,4% sobre julho, quando tivemos 163,1 mil veículos vendidos.

O lado positivo é que este foi o quarto mês consecutivo de crescimento, após o “quase fim” do lockdown no mês de abril.

Outro ponto positivo é que o resultado deste mês está – em média – 8% abaixo do resultado do primeiro bimestre do ano, quando o mundo era “menos esquisito” do que é agora.

O que devemos celebrar neste mês são as pequenas vitórias. Como o crédito.

Por incrível que pareça, o crédito continua firme e forte. Lógico que tivemos um solavanco naquele período de abril/maio. Mas a situação já se normalizou.

Em julho (é a última informação que o BC liberou), foram liberados R$ 14,10 bilhões em concessões para financiamento de veículos. Praticamente o mesmo volume que registramos em janeiro deste ano, quando tivemos R$ 14,16 bilhões em liberações.

A atual taxa Selic (que se encontra lá no calcanhar) continua impactando positivamente no setor. Em julho registramos as menores taxas práticas, assim como a dilatação gradual dos prazos.

Além disso, algumas coisas voltaram à normalidade: o T-Cross, que em julho arrasou nas vendas e fechou o mês como o carro mais vendido do país, acabou de tomar uma sapatada do GM/Onix, que voltou para a sua posição onipresente no Olimpo.

Mas o pessoal do chucrute joga pesado. O grande destaque de agosto foi novamente a Volkswagen, que cravou 34.125 carros vendidos. Foi seu melhor resultado neste ano.

O ponto é que, depois de longo e tenebroso inverno (20 anos), a VW entrou de vez na briga pela posição de marca mais vendida no mercado doméstico. A diferença para a GM (atual líder de mercado) é de menos de 1,5 mil carros.

E é aqui que o parquinho pega fogo. A briga será pela posição de encerrar o ano como a marca mais vendida do Brasil.

Esse título pelo qual as duas montadoras irão se digladiar, é igual ao Campeonato Paulista: se você perde, o torneio é o “paulistinha”; se você ganha, é o campeonato mais duro do Brasil. Ou seja: vale muito para quem ganha e quase nada para quem perde.

Mas seria um senhor troféu para a “nova VW”, depois de duas décadas de letargia.

Pela mesma ótica, a menção desonrosa do mês vai para o grupo FCA, que voltou a vender até as cuecas para as locadoras.

A Jeep, neste mês, também registrou o seu melhor resultado de vendas no ano (assim como a Fiat). Só que, dos quase 10,5 mil carros vendidos, cerca de 7,5 mil foram para “algumas empresas” lá de Belo Horizonte.

Mas entendo o pessoal da FCA… se eu tivesse os créditos tributários que ela tem, venderia até a mãe (?!)!

VENDA DE VEÍCULOS – MARCAS SELECIONADAS
MÊS GM PART. % VW PART. % FIAT PART. % JEEP PART. % MERCADO
Janeiro 35.076 19,05 29.482 16,01 25.906 14,07 8.668 4,71 184.129
Fevereiro 34.145 17,73 31.626 16,42 26.538 13,78 10.086 5,24 196.625
Março 25.451 16,34 25.200 16,18 23.701 15,22 7.577 4,86 155.760
Abril 10.008 19,49 7.270 14,15 7.517 14,64 2.262 4,40 51.362
Maio 9.964 17,61 8.773 15,50 8.772 15,50 2.577 4,55 56.593
Junho 19.749 16,10 21.867 17,82 16.640 13,56 7.368 6,01 122.696
Julho 28.044 17,20 31.481 19,31 24.803 15,21 9.570 5,87 163.062
Agosto 28.797 16,59 34.125 19,66 31.336 18,06 10.446 6,02 173.557
MÉDIA 23.904 17,39 23.728 17,26 20.652 15,02 7.319 5,32 137.473

Outra pequena vitória que o setor tem a comemorar vem da parte econômica, com a prorrogação dos contratos de trabalho, a continuidade “mais suave” do auxílio emergencial e o crédito ainda aquecido.

Assim, o cenário que se desenha para o setor automotivo é de um final de ano menos tenebroso.

No acumulado do ano, temos uma queda de 35,8%. São 1,10 milhão de carros vendidos, contra 1,71 milhão no mesmo período do ano passado. Não teremos uma retração de -40% como pregado pela maioria, mas ela oscilará entre -28% e -32%.

Ou, como diria o mineirinho: “Tá ruim, mas tá bom!”

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