Nova lei de falências e início da venda de ativos renova otimismo dos analistas para as ações da Oi
novembro 26, 2020
SÃO PAULO – A sessão é movimentada para as ações da Oi (OIBR3;OIBR4), em recuperação judicial. Após a alta da véspera, os papéis seguem com ganhos, com duas notícias no radar da companhia telefônica. Às 12h20 (horário de Brasília), os ativos OIBR3 subiam 7,07%, a R$ 2,12, enquanto os papéis OIBR4 avançavam 3,72%, a R$ 3,07. No ano, os papéis ON sobem 130% e os PN avançam 140%.
Em destaque, está a aprovação pelo Senado na noite da véspera (25) da nova Lei de Falências para agilizar os processos de recuperação judicial no País. A proposta prevê novas regras para a renegociação de dívidas a fim de evitar que empresas fechem as portas e decretem falência. Como já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, o texto segue agora para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o Credit Suisse, a notícia é muito positiva para a Oi, uma vez que aumenta o haircut, ou o desconto dado nas dívidas problemáticas, da dívida com a Anatel de 50% para 70% e estende o prazo, reduzindo o valor presente líquido do passivo em cerca de R$ 4 bilhões, nas contas do banco.
Além disso, os créditos fiscais (R$ 16 bilhões) podem ser usados de uma só vez para pagar a Anatel, compensando o potencial imposto de renda da venda de ativos realizada pela companhia.
Em meados de novembro, logo após a divulgação do resultado da empresa do terceiro trimestre, Rodrigo Abreu, CEO da Oi, havia afirmado que esperava fechar ainda este ano a negociação com a dívida com a Anatel e a Advocacia-Geral da União (AGU). Na assembleia geral de credores (AGC) em setembro, foi decidido que o montante de R$ 13,9 bilhões com a agência seria equacionado na forma da Lei nº 13.988/2020, que ofereceu melhores condições para a Oi.
Contudo, havia a possibilidade de nova melhora de condições com a atualização da Lei das Falências, o que se efetivou na última quarta-feira. “Com a nova condição, se for possível, vamos aumentar o desconto para 70% do valor total, e aumentar o prazo de pagamento para 124 meses”, disse Abreu na ocasião.
O Bradesco BBI, por sua vez, projeta um valor de pagamento da dívida com a Anatel R$ 2,2 bilhões abaixo do inicialmente previsto, destacando que a dívida menor representa um aumento de R$ 0,40 por ação do preço-alvo em relação aos R$ 3,10 projetados pelos analistas do banco para o papel ON da companhia. “Reforçamos a Oi como a top pick entre as teles da América Latina, com recomendação outperform [desempenho acima da média do mercado]”, para os papéis.
Para os analistas, apesar da valorização de 6,45% dos papéis OIBR3 na véspera, ainda há mais espaço para a alta dos papéis da companhia. Vale ressaltar que, em relatório na semana passada, os analistas do BBI reiteraram visão positiva após conversa com o CEO e com a CFO Camille Faria, com base no plano da companhia de redução do endividamento, foco em fibra ótica e venda de ativos (veja mais clicando aqui).
Por sinal, esta quinta-feira marca o início da série de leilões para a venda de ativos e a reorganização da empresa. O objetivo é levantar, no total, mais de R$ 20 bilhões para pagar credores e investir no que passará a ser uma operadora focada em fibra ótica para banda larga e serviços de telecomunicações para empresas.
Os leilões das torres e dos data centers acontecerão nesta quinta-feira e o das redes móveis será no dia 14 de dezembro.
Nesta quinta, em virtude da pandemia, os leilões ocorrerão através de audiências virtuais presididas pelo juízo da recuperação judicial, a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
O primeiro deles será às 14h30 com a oferta do conjunto de cinco data centers da operadora. Esse ativo recebeu o lance de R$ 325 milhões da Piemonte Holding, gestora sediada no Rio de Janeiro e dona de uma carteira de mais de R$ 120 milhões em investimentos focados no ramo de data centers.
O segundo leilão será às 15 horas e se refere ao conjunto de 637 torres móveis e 222 antenas indoor (usadas em prédios comerciais, como shoppings e hotéis). Já está na mesa a oferta de R$ 1,067 bilhão da Highline do Brasil, provedora de infraestrutura de telecomunicações pertencente ao fundo norte-americano Digital Colony.
(Com Agência Estado)