Michel Temer diz que mudança do foro privilegiado requer diálogo com STF

Michel Temer diz que mudança do foro privilegiado requer diálogo com STF

agosto 12, 2025 Off Por Today Newsroom

O ex-presidente Michel Temer (MDB) avalia que o projeto de lei que acaba com o foro privilegiado, reivindicado pela oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), requer um diálogo entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. A prerrogativa estabelece que autoridades públicas, como presidentes, ministros e parlamentares, sejam julgadas por tribunais superiores, como o STF, por crimes cometidos no exercício do mandato e em razão do cargo.

Em declaração à CNN Brasil nesta segunda-feira, 11, Temer afirmou que “quando o Supremo resolveu essa matéria, certa e seguramente, decidiu a partir da interpretação de um texto constitucional. Entretanto, em face dos movimentos políticos havidos no Congresso, não é improvável que (o projeto) venha a ser examinado e aprovado”.

“Porém, se vier, por lei, alguém irá contestá-la perante o Supremo. Como reiteradamente digo, o melhor seria o entendimento entre o Legislativo e o Supremo. Acho que o povo já está cansado dessas disputas”, complementou.

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O projeto de lei que acaba com o foro privilegiado tramita há 11 anos no Congresso, e é apoiado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na última semana, parlamentares bolsonaristas ocuparam as Mesas Diretoras das duas Casas pressionado pela votação do texto.

O interesse da oposição em acabar com o foro privilegiado é evitar que os inquéritos que envolvem o ex-presidente, incluindo o da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, sejam julgados pelo STF.

As manifestações dos bolsonaristas se intensificaram após o ex-presidente ser preso por violar medidas cautelares determinadas pelo STF. A iniciativa de aprovar o fim do foro privilegiado foi anunciada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, que já se beneficiou da prerrogativa no processo das rachadinhas, em 2020.

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Pela regra, a decisão sobre quem tem direito ao foro privilegiado é definida pela Constituição Federal e por leis aprovadas pelo Congresso. No entanto, a interpretação sobre o alcance e os limites do foro privilegiado fica a cargo do STF.

O foro privilegiado já foi discutido na Justiça e sofreu alterações sobre seu alcance. Em 2018, o STF restringiu a medida para que inquéritos e processos criminais envolvendo autoridades como deputados e senadores só começassem e terminassem no Supremo se tivessem relação com o exercício do mandato.

Em março deste ano, o tribunal revisou o entendimento e definiu que, quando se tratar de crimes funcionais, o foro deve ser mantido, mesmo após a saída do cargo. Ou seja, autoridades não perdem automaticamente o direito ao foro privilegiado ao deixarem o cargo se o crime tiver relação direta com as funções exercidas.

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A ideia do foro privilegiado é garantir que ocupantes de cargos públicos de alta exposição possam exercer suas funções com menor vulnerabilidade a perseguições políticas. Como forma de segurança, a medida assegura julgamento por tribunais superiores, em razão da relevância do cargo e das complexidades do sistema judiciário brasileiro.

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