“Longo prazo no Brasil está estranho, mas temos uma grande oportunidade à frente”, diz estrategista da Safari

“Longo prazo no Brasil está estranho, mas temos uma grande oportunidade à frente”, diz estrategista da Safari

junho 2, 2020 Off Por Today Newsroom

No Coffee & Stocks dessa terça-feira, Thiago Salomão conversou com Elsom Yassuda, economista e estrategista da Safari Capital, gestora fundamentalista focada em ações e que carrega uma inteligência macro do ambiente econômico e político brasileiro na gestão dos fundos.

O fato de ser uma gestora de ações com DNA macro permite à Safari fazer uma leitura atenta dos ciclos econômicos e políticos do Brasil. Foi justamente essa leitura completa e mais estratégica de Brasil que buscamos extrair no papo de hoje.

A Safari carrega até 17% do fundo em ETFs internacionais (Exchange-traded fund ou Fundos passivos de índices) dos setores de tecnologia, indústria e financeiro. Essa posição tem um viés mais micro e de longo prazo: enquanto o setor de tecnologia – mais caro e com menos oportunidades – se beneficia dos juros baixos nos EUA, os setores da indústria e financeiro ganham com a volta do “ciclo” por terem sofrido mais com a paralisação da economia.

Além disso, outros 15% do fundo estão em exportadoras de commodities, por serem empresas que se beneficiam do modo “compro qualquer coisa” dos Bancos Centrais globais. Para Yassuda, os BCs estão preocupados com a dinâmica deflacionária do mundo intensificada agora pelo choque causado pela pandemia e não medirão esforços para gerar mais inflação e mais liquidez na economia por um período longo.

Ao mesmo tempo a recuperação da China é um grande estímulo para todos os setores de commodities – frigoríficos, Vale, Petrobras e siderurgia. Além de se beneficiarem dessa dinâmica global, são posições absorvem bem a alta do dólar caso o ambiente doméstico piore.

Apesar de cerca de 30% do portfólio ter essa diversificação internacional, 70% da carteira do fundo estão investidos em empresas brasileiras voltadas ao ambiente doméstico mesmo com o país oferecendo mais riscos e parecendo estranho no longo prazo. E por que isso? O fundo está posicionado para a “volta do ciclo”.

Com alguns Estados brasileiros iniciando o ciclo forçado de volta à normalidade – São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina – o pior momento para a economia doméstica parece ter ficado para atrás. Para Yassuda, as empresas não têm outra escolha a não ser voltarem aos trabalhos por mais que os riscos de uma segunda onda da doença existam. “Mais um mês parado pode gerar uma nova onda de desempregos, falência de empresas e forte impacto no PIB”, disse o gestor.

Como a gestora protege a posição de Brasil?

Na carta de gestão de junho, a Safari destacou que “os riscos [para o Brasil] não são triviais e o longo prazo ficou estranho”. Como 70% do fundo está comprado em ações que respondem à economia doméstica, Thiago Salomão perguntou a Yassuda como eles fazem para proteger essa posição. Eis a resposta:

“Primeiramente, fazendo stock picking: a Safari está posicionada principalmente em empresas de tecnologia, setor financeiro, concessionárias de rodovias, shoppings centers e varejo, como a Natura e Lojas Renner. Carregamos também uma posição comprada em calls [opções de compra] de dólar com strike próximo de R$ 6,00, justamente para proteção não só do ambiente político e fiscal no Brasil, como também de uma segunda onda do vírus. Se o dólar subir, esse hedge pode virar até 60% da carteira do fundo.

“Apesar do longo prazo no Brasil estar “estranho”, temos uma grande oportunidade a frente.”

A entrevista completa, em vídeo, está abaixo:

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