Inteligência artificial será melhor que ser humano na tomada de decisão, diz Nobel de Economia

Inteligência artificial será melhor que ser humano na tomada de decisão, diz Nobel de Economia

julho 1, 2023 Off Por Today Newsroom

Para Daniel Kahneman, psicológo ganhador do Prêmio Nobel de Economia, não tem como o ser humano competir com a inteligência artificial (AI) quando o assunto é tomada de decisão. Ele é amplamente conhecido no campo da economia comportamental pelos estudos sobre ruídos e vieses.

“Imagine uma situação de tomada de decisão: tem um ser humano com intuição e julgamento de um lado e tem o algoritmo do outro. E se eles não concordam? Quem tem a palavra final? É natural a gente dizer que é o ser humano, mas a decisão será ruim. Em última análise, é melhor optar pela decisão do robô”, afirmou durante sua apresentação na Febraban Tech 2023, nesta quinta-feira (29).

“A exceção é quando o humano tem uma informação que a máquina não possui. Aí, naturalmente, a decisão do ser humano será melhor”, acrescenta.

Na visão dele, pelo fato de o ser humano ser suscetível a vieses e ruídos, as nossas avaliações são prejudicadas por julgamentos e intuições.

O viés está associado à pré-conceitos, atalhos do cérebro e vícios das decisões intuitivas, como a discriminação de grupos ou o excesso de otimismo em momentos de bull market (mercado em alta). O viés prejudica o julgamento racional. Kahneman possui um livro que discute extensamente sobre o tema: “Rápido e Devagar”, publicado há dez anos.

O ruído, por sua vez, está associado à inconsistência e imprevisibilidade de um erro. Sobre este tema, Kahneman publicou o livro “Ruído: uma falha no julgamento humano”, em parceria com Olivirer Sibony, professor de estratégia na HEC Paris, e Cass Sustein, professor de direito em Harvard.

Um exemplo já conhecido é o da balança: se uma balança, ao pesar uma pessoa, sempre adiciona 5kg ao peso real do indivíduo, ela é enviesada; porém, se toda vez que alguém sobe na balança, ela apresenta variações de valores aleatórios, para cima ou para baixo, sem tendência definida, ela é um caso de ruído, conforme as teorias de Kahnemann.

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Em seu livro, o escritor explica que há ruídos em vários momentos do nosso dia a dia, como médicos dando diagnósticos diferentes para o mesmo problema, analistas financeiros com opiniões opostas sobre o mesmo caso, entre outros.

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Ainda, se uma balança sempre aumenta o peso real de quem sobe nela com valores diferentes, é enviesada e ruidosa. Ele afirma que viés e ruído combinados prejudicam muito o julgamento de situações — e ambos os fenômenos fazem parte do ser humano. Por isso, ele tem uma avaliação mais pessimista sobre a performance do ser humano na comparação com a inteligência artificial.

O tema é um dos assuntos do ano de 2023, depois da liberação do ChatGPT, da OpenAI, ao público no início do ano. A democratização em acesso foi o pontapé para uma série de discussões, além de um forte impulso para a corrida da AI generativa, com o Google e o lançamento do Bard, chatbot concorrente.

Kahneman acredita a interação com a inteligência artificial é um caminho sem volta e cada vez mais será aplicada em diferentes situações e para diversos usos, incluindo predições de problemas.

“Quando consideramos o diagnóstico de pacientes: o diagnóstico da inteligência artificial vai ser mais acurado que o do médico. A IA tem a capacidade de aprender de várias experiências com as quais tem interações, enquanto o ser humano aprende a partir da própria intuição e experiências que vive, tem sua própria perspectiva”.

Apesar disso, ele listou alguns tópicos que o ser humano ainda vai ter poder de decisão maior que o da IA pelo menos na próxima década:

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  •  Grandes investimentos;
  • Tratamentos de saúde;
  • Guerras (se vai acontecer ou não).

Tem solução?

Diante da velocidade que a IA está sendo desenvolvida e de sua capacidade, há um problema, segundo Kahneman: “como melhoramos o nosso poder de julgamento? Urgentemente precisamos melhorar nossa avaliação, o padrão tá alto com a IA”, diz.

“A solução é padronizar processos. Não é legal dizer isso, mas para melhorar o julgamento humano precisamos fazer algo mais perto do que o algoritmo faz do que seguir nossa intuição. Especialistas cometem erros. A IA vai ser melhor do que o melhor expert humano, vai jogar xadrez melhor que o campeão mundial. Acreditamos em mais experts do que realmente existem”, afirma Kanehmann. E continua: “as pessoas podem acreditar na intuição e faz parte da nossa vida, por exemplo, quando você ouve o tom de voz consegue interpretar a pessoa. Mas em muitos casos não dá pra acreditar na intuição”.

Ele diz que um exemplo onde o julgamento humano é muito presente e gera muitos erros é na hora de contratar um novo funcionário. “Muito comum nas decisões de contratações. As pessoas têm intuições fortes sobre os candidatos, que costumam ser inacuradas debilitando a contratação”.

Na visão dele, embora o caminho seja árduo, uma evolução são as empresas. “Companhias como bancos, clínicas, seguradoras, são um caminho. Empresas aprendem melhor que o ser humano porque possuem procedimentos que evitam vieses e ruídos. E precisamos dessa evolução enquanto há tempo”, afirma.

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