Índice de ADRs brasileiros cai 4,2% com resultados nos EUA e ameaça de Trump contra China; Petrobras recua 4,8%

SÃO PAULO – Em dia de feriado no Brasil, com a B3 fechada, o principal índice de ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) do Brasil fechou com forte queda seguindo o dia de mau humor nas bolsas americanas.

Pesou no mercado o desempenho de algumas gigantes de tecnologia após a divulgação de resultados, em especial a Amazon, que viu suas ações caírem mais de 7% nesta sexta-feira (1).

Além disso, mais cedo, investidores ficaram tensos com as acusações do presidente Donald Trump contra a China sobre o surgimento do coronavírus, ameaçando inclusive voltar a elevar as taxações contra produtos chineses, deixando para trás a fase um do acordo feito entre as duas nações.

O Dow Jones Brazil Titans 20 ADR fechou com queda de 4,23%, a 11.589 pontos. Nenhuma empresa que faz parte do índice registrou alta, sendo que 13 ADRs tiveram perdas superiores a 4%.

Já o ETF EWZ iShares MSCI Brazil Capped, que replica o Ibovespa em dólar, recuou 4,38%, a US$ 23,59.

Enquanto isso, os índices americanos registraram fortes perdas de mais de 2%. O Dow Jones encerrou com queda de 2,55%, a 23.723 pontos – após fechar abril com sua maior alta mensal em 33 anos -, enquanto o S&P 500 e Nasdaq caíram 2,81% e 3,20%, respectivamente.

Confira o desempenho dos ADRs no feriado:

Na noite de ontem, Trump voltou a afirmar que a pandemia do novo coronavírus, na verdade, teve início em um laboratório na China. Outras autoridades e grande parte dos especialistas, porém, dizem que a doença começou de animais na cidade de Wuhan.

O presidente americano disse ainda que descobrir a verdade sobre a questão do coronavírus na China é uma prioridade maior do que os esforços feitos pelo seu governo para alcançar um acordo comercial.

Segundo o jornal Washington Post, autoridades americanas estão começando a elaborar planos para “punir” ou exigir indenização da China pelo surto. A publicação diz que algumas autoridades do país chegaram a sugerir o cancelamento de parte de suas obrigações com os chineses.

De acordo com a Reuters, Trump disse a jornalistas que pode tomar atitudes, incluindo aplicar novas tarifas contra produtos chineses como forma de obter uma indenização pela pandemia.

No início da tarde, o conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou à CNBC que a fase 1 do acordo comercial com o país asiático está “seguindo em frente”. Ele reconheceu, contudo, que a decisão sobre medidas protecionistas são da alçada de Trump.

“A China tem problemas (com a questão do coronavírus), mas o presidente quer negociar com eles”, afirmou. O conselheiro econômico disse ainda que o G7, grupo do qual os EUA fazem parte, está preocupado também com a transparência de dados chineses sobre o combate à pandemia.

A temporada de resultados também pesou no mercado americano. A Apple reportou ganhos trimestrais que superaram as expectativas dos analistas, mas seu crescimento de receita permaneceu estável na base anual.

Além disso, a empresa não ofereceu orientações para o trimestre encerrado em junho, em meio à incerteza sobre o surto do coronavírus. Com isso, as ações da gigante da tecnologia são negociadas com leve queda.

Outra companhia que apresentou seu balanço foi a Amazon, que vê suas ações caírem mais de 6% após anunciar planos de gastar todos os seus lucros do segundo trimestre como resposta ao coronavírus. A gigante do comércio eletrônico também registrou um lucro no primeiro trimestre que ficou abaixo do esperado.

Tanto a Apple quanto a Amazon estão entre as empresas que lideraram o retorno do S&P 500 no mês passado. A Amazon subiu quase 27% em abril, enquanto a Apple saltou 15,3%.

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