Índice de ADRs brasileiros cai 3% em meio à queda sem precedentes do petróleo; Petrobras tem baixa de 4%

Índice de ADRs brasileiros cai 3% em meio à queda sem precedentes do petróleo; Petrobras tem baixa de 4%

abril 21, 2020 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – Em dia de feriado de Tiradentes no Brasil, em que a B3 não terá negociação, o principal índice de ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) do Brasil opera em forte queda na Bolsa de Valores Nova York (NYSE), acompanhando o mau humor visto nos índices americanos e europeus em meio à baixa sem precedentes do preço do petróleo.

O Dow Jones Brazil Titans 20 ADR tinha queda de 3,03% às 11h13 no horário de Brasília, para 11.770 pontos, voltando a registrar perdas mais fortes após amenizar na abertura. Já o ETF EWZ iShares MSCI Brazil Capped, que replica o Ibovespa em dólar, perdia 3,41%, a US$ 24,07.

O contrato do petróleo WTI com vencimento em junho registrava durante a manhã forte derrocada de 27,56%, a US$ 14,80 o barril, enquanto o brent tinha perda de 22,41%, a US$ 19,84. O brent, referência para a Petrobras e os negócios no Brasil, registrou seu nível mais baixo desde dezembro de 2001. Isso leva a uma baixa expressiva dos ADRs da Petrobras negociados na NYSE: os ativos PBR e PBR-A, equivalentes respectivamente aos papéis ON e PN, caem cerca de 4%.

Na véspera, o contrato do barril de petróleo americano WTI para maio, que registra vencimento nesta terça-feira (21), encerrou a última segunda-feira (20) cotado a um preço negativo pela primeira vez na história.

O contrato WTI para maio fechou na véspera a US$ 13,10 negativos, sendo negociado durante esta manhã a US$ 6,25 negativos por barril, o que significa que os produtores efetivamente pagariam aos comerciantes que tirassem o petróleo de suas mãos. No entanto, à medida que os contratos se aproximam da expiração, o volume de negociação é geralmente reduzido. Portanto, os contratos de longo prazo podem ser mais indicativos de como Wall Street vê o preço do petróleo.

O movimento de forte baixa da commodity reflete a percepção do mercado de que o corte de 9,7 milhões de barris diários anunciados semana passada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não será suficiente para fazer frente à queda na demanda global por conta dos impactos econômicos do coronavírus, de cerca de 30%.

Donald Trump, presidente dos EUA, disse pelo Twitter que o governo está trabalhando em um plano para disponibilizar capital para a indústria de petróleo do país, de forma a evitar a perda de empregos após os preços mergulharem abaixo de zero.

Em meio à forte queda do petróleo, a sessão caminha para ser mais uma vez negativa para as bolsas mundiais: o S&P 500 tinha queda de 2,04%, o Nasdaq caía 1,79%, enquanto o Dow Jones registrava baixa de 1,85%. Vale destacar que o presidente dos Estados Unidos anunciou que vai assinar uma ordem executiva para suspender temporariamente a imigração ao país em meio à pandemia de Covid-19.

Ainda no radar americano, o plano de reabertura dos EUA, divulgado pelo presidente, requer testes em massa da população, no entanto, os governadores estão alegando que não possuem estrutura para fazê-los. A capacidade dos EUA de testar o coronavírus “não chega” a um nível adequado que permita facilitar as medidas de distanciamento social, apontou Leana Wen, professora de saúde pública na Universidade George Washington.

Na agenda de indicadores, a venda de imóveis residenciais usados no país caiu 8,5% em março na comparação mensal e ficou em 5,27 milhões, ante estimativa de 5,25 milhões, segundo Associação Nacional de Corretores dos EUA. As estimativas variavam de 4,00 milhões a 5,89 milhões, segundo consenso Bloomberg.

As bolsas de valores europeias também registram um dia com perdas superiores de cerca de 2%: o Dax tinha baixa de 3,21%, o FTSE caía 2,45%, enquanto o CAC e FTSE MIB tinham quedas respectivas de 2,94% e 2,51%.

Na Ásia, o japonês Nikkei tem baixa de 1,97%, Shangai teve queda de 0,90%, enquanto o Hang Seng teve perdas de 2,20%. Na China, mesmo com o país começando a retomar a atividade, analistas ainda estão cautelosos sobre esse processo e o Nomura projetou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês recue 0,5% no segundo trimestre, com recuperação mais lenta do que o previsto.

Enquanto isso, as ações na Austrália tiveram baixa, com o ASX fechando em baixa de 2,46%. A ata do Banco Central da Austrália para a reunião de abril, divulgada na terça-feira, mostrou que “o Conselho permaneceu comprometido em apoiar empregos, rendas e empresas”, enquanto o país responde ao surto de coronavírus. Na ata, os integrantes também apontaram que “os bancos australianos estão em uma posição forte para suportar o grande choque econômico” do surto de Covid-19 e da volatilidade do mercado financeiro.

Atenção ainda para os ativos da Coreia do Sul: a moeda won teve queda de 0,74% frente o dólar, enquanto o índice Kospi caiu 1%. Desde a noite da véspera, ganharam forças na imprensa americana os rumores de que o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, estaria em estado grave após uma cirurgia cardiovascular.

Nesta manhã, um comunicado oficial o governo da Coreia do Sul, desmentiu os rumores de que o líder norte-coreano estaria em estado crítico de saúde. De acordo com a declaração, divulgada nesta terça o serviço de inteligência sul-coreano não detecta “nenhuma atividade diferente” em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, e não há nenhum relato sobre a saúde do ditador. Kim está “governando normalmente”, destacou.

Já no radar corporativo brasileiro, atenção para as mudanças em Conselhos de Administração. Michael Klein deixará a presidência do conselho de administração da Via Varejo (VVAR3), informou a companhia na noite de segunda. O ressegurador IRB Brasil Re (IRBR3) também anunciou mudanças. A partir da renúncia de executivos indicados por acionistas da companhia como Bradesco e Itaú Unibanco, selecionou, com o auxílio da consultoria Korn Ferry, novos membros que incluem a ex-S&P Regina Nunes, além de especialistas nas áreas de seguros, contabilidade e governança corporativa.

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