Ibovespa fecha em alta e retoma os 97 mil pontos com exterior positivo e alívio fiscal; dólar e DIs caem forte
setembro 24, 2020SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (24) puxado pelo alívio fiscal e pela recuperação das bolsas internacionais.
Lá fora, os papéis de empresas de alta tecnologia (principais responsáveis pela queda da véspera) subiram e garantiram leves ganhos para os benchmarks do mercado americano. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram entre 0,2% e 0,37%.
Já o Ibovespa teve alta de 1,33%, aos 97.012 pontos com volume financeiro negociado de R$ 24,627 bilhões. O índice foi puxado por bancos e indicações de menor risco fiscal.
Enquanto isso, o dólar comercial recuou 1,38% a R$ 5,509 na compra e a R$ 5,51 na venda. Já o dólar futuro para outubro registra baixa de 1,59%, a R$ 5,502 no after-market.
O câmbio refletiu a repercussão positiva do leilão de títulos públicos realizado pelo Tesouro Nacional hoje. O Tesouro reduziu a oferta de LFT (Tesouro Selic) de 500 mil para 100 mil papéis e aumentou a disponibilidade das NTN-F (Tesouro prefixado com pagamento de juros semestrais), que sempre atraem a demanda de investidores estrangeiros.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destaca que a venda de menos LFTs é sinal de que o governo não está tão desesperado para se financiar. Além disso, as NTN-F tiveram boa demanda de estrangeiros, que compraram mais reais para investir nos títulos e ajudaram a moeda a se apreciar.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 17 pontos-base a 2,82%, o DI para janeiro de 2023 recuou 26 pontos-base a 4,22%, o DI para janeiro de 2025 teve queda de 30 pontos-base a 6,18% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de 28 pontos-base a 7,16%.
Os investidores repercutiram o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado hoje. O Banco Central reforçou a mensagem de que, apesar de uma assimetria em seu balanço de riscos para a inflação para o lado altista, não pretende subir a Selic a menos que o quadro para o avanço de preços na economia ou o regime fiscal sejam modificados.
Também no radar, continuou forte a preocupação dos investidores com a segunda onda do coronavírus. O número de novos casos diários no Reino Unido subiu 25% de um dia para outro, segundo a BBC. O país reportou ontem 6.178 infecções, alta de 1.252 desde terça-feira.
Dois ministros alemães, Heiko Maas and Peter Altmaier, estão em quarentena depois de terem tido contato com pessoas infectadas pelo vírus.
Hoje, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, testemunharam perante o Senado. Dirigentes de Fed Dallas, Robert Kaplan; Fed St. Louis, James Bullard; Fed Chicago, Charles Evans; Fed Richmond, Thomas Barkin; Fed de NY, John Williams também fizeram discursos.
Powell e Mnuchin disseram que as centenas de bilhões de dólares em fundos não utilizados de um pacote de auxílio do coronavírus de US$ 2,3 trilhões poderiam ser realocados para ajudar famílias e empresas dos EUA. Cerca de US$ 200 bilhões alocados ao Tesouro norte-americano seguem sem destino, disseram Powell e Mnuchin.
Powell afirmou ainda que o programa de financiamento Main Street pode emprestar até US$ 30 bilhões até o fim do ano.
Dos dirigentes, o primeiro a falar, Kaplan disse que os Estados Unidos ainda não estão fora de perigo, embora estejam se recuperando do choque da pandemia de novo coronavírus. Além disso, ele previu que o desemprego nos EUA não deverá voltar a níveis anteriores à crise da covid-19 antes de 2023.
O presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, e o diretor de política econômica do BC, Fábio Kanczuk, falaram às 11h em coletiva de imprensa.
Campos Neto disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou claro que não está disposto a correr riscos ao condicionar o compromisso de não elevar juros à manutenção do ajuste fiscal. “O que nós queremos dizer é que nós não estamos dispostos a correr riscos inflacionários oriundos de questões fiscais, essa é a mensagem principal”, afirmou.
De acordo com o presidente do BC, a inclinação da curva de juros decorre de preocupações com a sustentabilidade fiscal e com o que o governo fará quando o prazo para os programas sociais emergenciais criados durante a pandemia acabar.
O cenário político nesta quinta foi dominado pelos movimentos do governo para criar um novo imposto. Para reduzir as resistências, o governo está negociando na Câmara a possibilidade de aprovar a reforma tributária em troca da criação da uma nova CPMF com a desoneração da folha de pagamento.
Além disso, o governo já definiu um novo programa social para substituir o Bolsa Família, que deve ser chamado de Renda Cidadã. Outro destaque foi a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de enviar para o plenário virtual da Corte a decisão sobre como deve ser o depoimento de Jair Bolsonaro – se pessoalmente ou por escrito.
Nos EUA, o presidente Donald Trump recusou-se a se comprometer com uma transferência pacífica de poder caso seja derrotado pelo candidato democrata Joe Biden nas eleições de novembro. “Teremos que ver o que acontece”, disse Trump, em resposta à pergunta de um repórter em coletiva na Casa Branca.
Trump foi vaiado no velório da juíza da Suprema Corte americana Ruth Bader Ginsburg, considerada um símbolo da defesa de pautas progressistas no tribunal.
Entre os indicadores, os Estados Unidos tiveram 870 mil novos pedidos por seguro-desemprego na semana passada, mostrou o Departamento de Trabalho do país. Este número foi maior do que a mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para 840 mil requisições do benefício no período.
Bolsonaro tem popularidade recorde
A avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro subiu e atingiu o maior patamar desde que ele tomou posse em janeiro de 2019, alcançando 40%, ante os 29% registrados em dezembro do ano passado, mostrou pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira.
De acordo com o levantamento, a avaliação negativa do governo ficou em 29% ante os 38% do levantamento do final do ano passado, e 29% apontam o governo como regular, contra 31%.
Evento de FIIs
Esta quinta-feira marca o terceiro dia do maior evento de fundos imobiliários do país. Online e gratuito, o FII Summit – Fórum de Fundos Imobiliários, realizado pelo InfoMoney, reúne executivos de algumas das maiores construtoras e incorporadoras do país, além de economistas, analistas e gestores de FIIs, que vão discutir as tendências desse mercado nos seus diversos segmentos (comercial, hoteleiro, logístico e residencial).
Para participar do FII Summit, que conta com apoio da XP Investimentos, basta se cadastrar gratuitamente no site do evento. Confira a programação completa clicando aqui.
Nova CPMF
O mercado acompanha os movimentos do governo para criar um novo imposto. Para reduzir as resistências, o governo está negociando na Câmara a possibilidade de aprovar a reforma tributária em troca da criação da uma nova CPMF, com a desoneração da folha de pagamento.
Segundo O Estado de S.Paulo, a estratégia pretende “pegar carona” na votação da reforma. Neste acordo, a CPMF seria incluída na proposta de reforma tributária que está tramitando na Câmara, a PEC 45.
Com isso, a ideia é conquistar a aprovação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é contrário à CPMF, mas pode mudar sua posição em troca do apoio do governo para a propostas de reforma tributária que está na Câmara, segundo o jornal.
Ontem, o ministro da Economia Paulo Guedes anunciou a ofensiva para a criação do imposto. Ele citou a criação de “tributos alternativos” para garantir a desoneração da folha de pagamentos e ligou o imposto ao financiamento do novo programa de renda mínima que será criado na PEC do Pacto Federativo, de acordo com a Folha de S.Paulo.
“Queremos desonerar, queremos ajudar a buscar emprego, facilitar a criação de empregos, então vamos fazer um programa de substituição tributária”, disse Guedes.
O ministro pretende desonerar totalmente o salário mínimo em todos os setores. Para contratos com remuneração maior, a contribuição cairia de 20% para 15%, de acordo com O Globo. O imposto sobre transações compensaria a perda.
Ontem, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha salarial deve ser derrubado pelo Congresso Nacional. Se o cenário se concretizar, empresas de 17 setores da economia terão o benefício garantido até o fim de 2021.
Ainda sobre questões tributárias, ontem foi sancionado o projeto de lei que altera a atual cobrança do ISS pelos municípios brasileiros. A iniciativa transfere a competência de cobrança do imposto para o município onde o serviço é prestado ao usuário final.
Também foi sancionada a lei que permite a prorrogação por mais um ano de incentivos fiscais a empresas exportadoras, suspendendo temporariamente o pagamento de tributos federais como o Imposto de Importação, o IPI e o Cofins por concessões de drawback, segundo a CNN Brasil.
Em meio às discussões sobre a reforma administrativa, enviada ao Congresso no início deste mês, chama atenção a informação de que a Advocacia-Geral da União (AGU) promoveu 607 procuradores federais. Desse total, 606 foram promovidos para o topo da carreira e irão receber R$ 27,3 mil,, segundo O Globo.
Renda Cidadã
A criação do Renda Brasil foi derrubada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas o governo já definiu um novo programa social para substituir o Bolsa Família, que deve ser chamado de Renda Cidadã. A informação foi dada ontem pelo relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do chamado Pacto Federativo, senador Márcio Bittar (MDB-AC).
De acordo com O Estado de S.Paulo, o presidente deu aval para Bittar negociar o tema no Congresso. O relator fará um parecer com um conjunto de medidas para cortar despesas, enquanto os senadores incluirão propostas impopulares para abrir espaço no Orçamento, garantindo a criação do novo programa.
Segundo o jornal, o projeto terá medidas que atingem servidores, propostas de retirar a obrigatoriedade de dar reajustes e desvinculação do Orçamento. Além disso, deve ocorrer a eliminação do piso para a saúde e educação.
No noticiário nacional, outro destaque foi a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de enviar para o plenário virtual da Corte a decisão sobre como deve ser o depoimento de Jair Bolsonaro – se pessoalmente ou por escrito. A decisão ocorre no contexto das investigações que apuram se o presidente tentou interferir na Polícia Federal.
O início do julgamento foi marcado para 2 de outubro. Segundo o Estado de S.Paulo, neste modelo os magistrados apenas depositam no sistema eletrônico seus votos escritos, sem debates, sem exposição à opinião pública ou transmissões ao vivo da TV Justiça.
Além disso, o presidente editou uma medida provisória que disponibiliza um montante de R$ 10 bilhões para empréstimos a micro e pequenas empresas cuja venda de produtos seja feita por meio de máquinas de cartões de crédito e débito, segundo a Folha de S.Paulo.
Segundo o governo, o programa tem como objetivo de diminuir os efeitos econômicos negativos causados pela pandemia da Covid-19.
Ainda sobre meios de pagamento, o presidente Jair Bolsonaro editou o decreto que institui a plataforma de pagamentos de valores à Conta Única do Tesouro Nacional, o chamado PagTesouro. Segundo a CNN Brasil, será possível pagar por serviços públicos sem precisar preencher boleto ou se deslocar para alguma instituição financeira.
Em meio à crise ambiental e à fuga de capital estrangeiro do Brasil, o Ministério Público Federal cobrou à Justiça que avalie o afastamento imediato do ministro Ricardo Salles do cargo. Segundo o Estado de S.Paulo, o pedido foi anexado nos autos da ação de improbidade apresentada em julho que pede a saída do ministro do governo por ‘desestruturação dolosa’ das políticas ambientais.
Radar corporativo
No noticiário corporativo, o aumento da volatilidade do mercado fez com que o banco de investimento BR Partners decidisse cancelar sua listagem, segundo o Valor Econômico. Ao mesmo tempo, a Hidrovias do Brasil emplacou sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) com preço no piso da faixa indicativa.
Maiores altas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
IRBR3 | 12.38095 | 7.08 |
B3SA3 | 5.51082 | 58.97 |
QUAL3 | 4.96159 | 32.79 |
PRIO3 | 4.73458 | 36.5 |
CVCB3 | 4.64548 | 17.12 |
Maiores baixas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
CSNA3 | -1.80012 | 15.82 |
RENT3 | -1.66186 | 57.99 |
BEEF3 | -1.54096 | 12.14 |
SUZB3 | -1.35106 | 46 |
USIM5 | -1.04662 | 10.4 |
Além disso, a CVC informou que está avaliando alternativas de captação ou rolagem de dívida com os credores. De um endividamento total na ordem de R$2 bilhões, R$600 milhões vencem em novembro de 2020. A empresa disse que tem caixa de R$ 1,5 bilhão e está preparada para a retomada integral de suas operações.
Outro destaque é o pedido de convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária na JBS, feita pelo BNDESPar, que quer discutir as consequências dos atos ilícitos de ex-administradores sobre os negócios da empresa.
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