Ibovespa descola do exterior e sobe apesar de temores com questão fiscal e risco de nova onda da Covid; dólar sobe

Ibovespa descola do exterior e sobe apesar de temores com questão fiscal e risco de nova onda da Covid; dólar sobe

agosto 14, 2020 Off Por Today Newsroom

(Shutterstock)

SÃO PAULO – O Ibovespa se descola do exterior e opera em alta nesta sexta-feira (14) apesar das preocupação dos investidores internacionais com uma segunda nova onda de contágio pelo coronavírus, enquanto por aqui se mantém o temor com a questão fiscal.

Na quinta-feira à noite, o presidente Jair Bolsonaro admitiu discussões para furar o teto do gastos e ainda cobrou “patriotismo” do mercado financeiro, que costuma reagir mal às medidas de menor rigor fiscal.

E no âmbito da reforma tributária, as discussões para a criação de um imposto aos moldes da antiga CPMF indicam que o novo tributo pode incidir inclusive entre as transferências feitas em contas correntes da mesma titularidade.

Às 10h45 (horário de Brasília) o benchmark da bolsa brasileira registrava alta de 0,69%, aos 101.155 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial avança 0,57%, cotado a R$ 5,3970 na compra e R$ 5,3980 na venda. Já o futuro para setembro tem ganhos de 0,27%, a R$ 5,384.

Já os juros futuros perderam força após chegarem a subir forte mais cedo. O DI para janeiro de 2022 opera com perdas de dois pontos-base, a 2,76%, o DI para janeiro de 2023 recua um ponto, em 3,95% e o DI para janeiro de 2025 tem queda de três pontos, a 5,74%.

Já no exterior, a preocupação com uma segunda onda de contágio pelo novo coronavírus faz as Bolsas caírem na Europa e nos Estados Unidos.

Essa preocupação veio após o aumento de casos na Alemanha e França e à imposição de quarentena para viajantes da Holanda e França que queiram entrar no Reino Unido.

Os investidores também repercutem os dados econômicos na região. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do Euro registrou queda de 15% no segundo trimestre ante igual período de 2019. Na comparação com o trimestre anterior, o tombo foi de 12,1%.

Nos EUA, os investidores continuam aguardando novas medidas de estímulo por parte do governo, mas republicanos e democratas já sinalizaram que o acordo pode não estar próximo.

Na Ásia, os investidores repercutiram os dados da produção industrial na China, que mostrou uma alta de 4,8% em julho na comparação com igual mês do ano passado.

Agenda de indicadores

O destaque na agenda doméstica fica para o IBC-Br, índice considerado referência mensal para o PIB, que teve uma alta de 4,89% no mês de junho ante maio, em seu segundo mês de recuperação depois da forte retração da atividade por conta da pandemia do coronavírus. No acumulado do segundo trimestre, o indicador do BC registrou queda de 10,94%.

A recuperação ficou levemente abaixo do que o projetado pela mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para uma alta de 5,03% na comparação mensal, depois de subir 1,31% na medição anterior.

Nos Estados Unidos, às 10h15 sai a produção industrial do mês de julho, enquanto às 11h, será divulgado o índice de confiança da Universidade de Michigan.

Na agenda do InfoMoney, a série Por dentro dos resultados – que traz lives com os CEOs e principais executivos de companhias da Bolsa, em que eles comentam os números do ano, detalham as estratégias dos próximos meses e respondem as perguntas de quem estiver assistindo – recebe quatro empresas nesta sexta-feira. Para participar, basta se cadastrar, gratuitamente, na série.

Às 10h, Wilson Ferreira Júnior, CEO da Eletrobras participa da live; às 13h, é a vez de Roberto Fulcherberguer, CEO, e Orivaldo Padilha, CFO da Via Varejo. Às 16h, a Unidas falará dos resultados, com a participação de Luis Porto, CEO, Marco Tulio, CFO, Carlos Sarquis, head da divisão de aluguel de carros, e Rodrigo Faria, gerente de relações com investidores. Marcelo Bacci, diretor executivo de finanças e relações com investidores, fala sobre os números da companhia às 17h30.

Teto de gastos e aprovação de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro admitiu, em transmissão ao vivo em redes sociais, que há discussões no governo sobre furar o teto de gastos públicos, que é a regra que impedem que as despesas cresçam acima da inflação. Cobrou ainda “patriotismo” de agentes do mercado financeiro que reagem de forma negativa a esse tema.

A confirmação das discussões sobre furar o teto da meta ocorreram um dia após o presidente pregar a responsabilidade fiscal ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Na transmissão, o presidente lembrou que a PEC da Guerra permitiu um gasto extraordinário de R$ 700 bilhões e que foi questionado por membros do governo a furar o teto em mais R$ 20 bilhões e assim ter recursos para completar obras.

O flerte de Bolsonaro com o menor rigor fiscal ocorre no momento emq ue ele está melhor avaliado. Segundo pesquisa Datafolha, 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho.Já a rejeição caiu dez pontos percentuais, para 34%.

Vale destacar que Paulo Guedes indicou o secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura da sua pasta, Diogo Mac Cord, para assumir a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, deixada na última terça pelo empresário Salim Mattar. A informação é do próprio Ministério, em nota à imprensa.

Já o indicado para substituir Paulo Uebel na Secretaria Especial de Desburocratização Gestão e Governo Digital é Caio Andrade, atual presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Nova CPMF

O novo tributo sobre transações financeiras que será proposto pelo governo está sendo desenhado para incidir sobre saques em dinheiro e pode ter um espectro de cobrança mais amplo do que a extinta CPMF, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.

Embora o foco seja alcançar operações digitais, a reportagem mostra que os saques também serão taxados.

O debate inclui a possibilidade de cobrar transações interbancárias, investimentos e até operações entre contas de mesma titularidade, algo que era isento enquanto vigorou a CPMF.

A análise feita no momento prevê incidência sobre o que vem sendo chamado de transações externas, como saques, compras em lojas e na internet, pagamentos de boletos ou contas e operações digitais.

Radar corporativo

A JBS registrou lucro líquido de R$ 3,38 bilhões no segundo trimestre de 2020, alta de 54,8% na comparação com igual período de 2019. A receita líquida, por sua vez, subiu 32,9% na mesma base de comparação, passando para R$ 67,58 bilhões.

O Ebitda ajustado mais do que dobrou, chegando a R$ 10,49 bilhões.

Já a operadora da bolsa brasileira B3 registrou lucro líquido de R$ 891,8 milhões no segundo trimestre, uma alta de 36,2% em relação ao segundo trimestred de 2019.

Entre abril e junho, o Ebitda da companhia avançou 42%, passando para R$ 1,42 bilhão, com a margem Ebitda também avançando de 70,3% para 74,4%.

A receita líquida da B3 fechou o período em R$ 1,91 bilhão, uma alta de 34,3%.

E a Suzano registrou um prejuízo líquido de R$ 2,05 bilhões no segundo trimestre de 2020, revertendo um lucro de R$ 700 milhões em igual período de 2019.

Esse resultado decorre do efeito da variação cambial sobre a dívida da empresa.

A receita líquida, por sua vez, subiu 20%, para R$ 8 bilhões. O Ebitda ajustado teve alta de 35%, indo de R$ 3,1 bilhões para R$ 4,18 bilhões.

A construtora Cyrela registrou lucro líquido de R$ 68 milhões no segundo trimestre de 2020, uma queda de 40,4% em relação a igual período de 2019.

A receita líquida da construtora no segundo trimestre foi de R$ 839 milhões, queda de 10,4% na comparação anual.

Já a CCR, que sofreu com a queda do tráfego em rodovias e aeroportos, registrou prejuízo comparável de R$ 164,7 milhões entre abril a junho, contra lucro de R$ 329,5 milhões um ano antes.

O tráfego consolidado no trimestre das rodovias sob concessão da CCR, incluindo o Sistema Anhanguera/Bandeirantes e a Via Dutra, caiu 22,1% na comparação anual, enquanto na mobilidade urbana o declínio foi de 73,6%, atingindo 95% em aeroportos.

Já o Ebitda ajustado pela mesma base encerrou o período em R$ 819,4 milhões, queda de 39,7% ano a ano.

A empresa de varejo de moda Cia. Hering teve uma forte alta de 212% em seu lucro líquido no segundo trimestre, que chegou a R$ 126,85 milhões. A empresa se beneficiou de ganhos financeiros no período.

Já a receita líquida da empresa, no entanto, caiu 67%, para R$ 118,8 milhões, com um recuo de 69,4% nas vendas mesmas lojas. Enquanto isso, o Ebitda fechou o período em R$ 73,36 milhões, crescimento de 59% em um ano.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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