Ibovespa cai com correção e fala de Guedes sobre hiperinflação; dólar sobe a R$ 5,43

Ibovespa cai com correção e fala de Guedes sobre hiperinflação; dólar sobe a R$ 5,43

novembro 11, 2020 Off Por Today Newsroom

Broker or investor analyzing chart in office

SÃO PAULO – O Ibovespa cai nesta quarta-feira (11) com uma correção após seis altas consecutivas. Outro fator de instabilidade são as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, na véspera, de que o Brasil pode voltar a ter um quadro de hiperinflação caso não consiga rolar a dívida satisfatoriamente.

“Estou bastante frustrado com o fato de estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido ainda vender nenhuma estatal”, afirmou, destacando que sem a venda de ativos públicos o governo carrega empresas “ineficientes” enquanto a dívida cresce “como uma bola de neve”.

Lá fora, as bolsas internacionais ainda  repercutem positivamente o sucesso dos testes da vacina contra o coronavírus desenvolvida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech.

Mantendo o rali que começou com o resultado de 90% de eficácia da profilaxia, o petróleo sobe mais uma vez hoje. O barril do Brent – usado como referência pela Petrobras – tem alta de 2,61% a US$ 44,75 e o barril do WTI avança 2,61% a US$ 42,44.

Por aqui, o presidente Jair Bolsonaro volta a tumultuar o ambiente após declarações sobre a vacina chinesa coronavac e sobre o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.

Bolsonaro, um dos poucos líderes que ainda não parabenizou Biden, disse que quando acaba a diplomacia é preciso usar “pólvora”, em alusão à ameaça do democrata de impor barreiras comerciais ao Brasil caso não cessem os incêndios na Amazônia.

Já sobre o coronavírus, Bolsonaro afirmou que o Brasil “não pode ser um País de maricas” ao comentar a morte de 160 mil pessoas por conta da doença. Ontem, o presidente foi às redes sociais dizer que estava com razão após morte de paciente no grupo de testes da vacina chinesa coronavac.

Entre os indicadores, as vendas no varejo brasileiro cresceram 0,6% em setembro na comparação com agosto, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa, segundo o consenso Bloomberg, era de que as vendas no varejo tivessem subido 1,4% na base de comparação mensal após alta anterior de 3,4% e 8,4% no comparativo anual.

Às 10h42 (horário de Brasília), o Ibovespa tem queda 0,84%, aos 104.187 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial tem alta de 0,65% a R$ 5,427 na compra e a R$ 5,428 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava ganhos de 0,38%, a R$ 5,44.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe cinco pontos-base a 3,37%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de cinco pontos-base a 4,92%, o DI para janeiro de 2025 avança cinco pontos-base a 6,63% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de quatro pontos-base a 7,40%.

Voltando ao cenário doméstico, em outra confusão, sobre a vacina em teste Coronavac, o Supremo Tribunal Federal (STF) pede informações sobre suspensão dos testes pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e comissão da Câmara dos Deputados pode votar pedido de esclarecimentos.

Política e vacinas

O noticiário ainda é marcado pela politização em torno de uma das principais apostas para a vacinação no país.

Na segunda-feira, mesmo dia em que Pfizer e BioNTech anunciaram os bons resultados com sua vacina, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que 120 mil doses da Coronavac, a vacina produzida pela chinesa Sinovac, chegariam ao Instituto Butantan até 20 de novembro.

Outras 6 milhões deveriam chegar até o dia 20 de dezembro. O estado só deve ter autonomia para produzir o produto de forma completamente autônoma em 2022.

Para que seja aplicada sobre a população, a Anvisa ainda precisaria, no entanto, aprovar a Coronavac, que passa por testes clínicos de fase 3 no estado.

Na segunda-feira, a Anvisa anunciou que determinou a paralisação do estudo clínico da Coronavac após o registro de um “evento adverso grave”. Na terça, diversos veículos reportaram que o evento se tratava da morte de um participante de 32 anos que, no entanto, havia cometido suicídio.

Autoridades de saúde do estado de São Paulo criticaram a Anvisa, afirmando que o caso não poderia ter relação com a vacina. Ainda não está claro se o participante tomava placebo ou a vacina.

O caso voltou a levantar temores de que o governo Bolsonaro esteja politizando a vacinação no Brasil, em detrimento de questões técnicas.

As disputas em torno da Coronavac têm se acentuado desde outubro. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, anunciou que o governo federal tinha a intenção de comprar 46 milhões de doses da Coronavac. Logo em seguida, foi desautorizado por Bolsonaro.

Na terça, Bolsonaro publicou em sua conta no Twitter uma reportagem sobre a suspensão dos testes da vacina e escreveu “esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, alegou que os documentos relatando a morte, enviados pelo Instituto Butantan, estariam “incompletos” e “insuficientes”.

“Diante de informações incompletas, a área técnica só tem uma decisão a tomar [de suspender a pesquisa]. Nos desenvolvimentos tem eventos adversos, como dor ou vermelhidão. E tem graves, que vão desde internação com risco, sequela e até mesmo ao óbito”, afirmou.

A pressão em torno do caso vem de diversas frentes. O Conselho Internacional Independente que avalia testes da vacina pelo mundo recomendou à Anvisa que autorize a retomada dos testes. A agência deve analisar o pedido.

Além disso, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, determinou que a Anvisa forneça, em 48 horas, explicações sobre os “critérios utilizados para proceder aos estudos e experimentos concernentes à vacina acima referida, bem como sobre o estágio de aprovação desta e demais vacinas contra a covid-19”.

E os deputados Orlando Silva (PCdoB-SP), Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e Marcelo Ramos (PL-AM), assinam um requerimento que pede que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, expliquem na Câmara dos Deputados por que os testes da Coronavac foram suspensos.

Radar corporativo

O Carrefour Brasil anunciou na terça lucro líquido ajustado de R$ 757 milhões no terceiro trimestre de 2020, alta de 73,1% ante o mesmo período de 2019, com forte crescimento de vendas e controle de custos.

No período, o resultado operacional medido pelo Ebitda consolidado ajustado cresceu 18,6%, para R$ 1,34 bilhão, enquanto a margem cedeu para 7,7%, frente 8,2% um ano antes, em razão de provisões excepcionais adicionadas no banco do grupo.

A BR Distribuidora registrou lucro líquido de R$ 335 milhões no terceiro trimestre, queda de 74,9% ante o mesmo período do ano anterior, com vendas afetadas pela pandemia. Na comparação com o segundo trimestre, houve recuperação.

A operadora de concessões de infraestrutura CCR anunciou nesta terça-feira que a fabricante de equipamentos de energia solar Amerisolar se instalou no aeroporto industrial, que fica nas imediações do terminal de Confins (MG).

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