Governo de Alagoas alerta para “risco de colapso” em mina da Braskem em Maceió
novembro 30, 2023O governo de Alagoas emitiu um fato relevante onde alerta o mercado e as instituições nacionais sobre o agravamento dos desastres ambientais “causados pela Braskem” em bairros do munícipio de Maceió. Segundo a autoridade, há “previsão de crateras em bairros centrais a qualquer momento”. O documento é publicado na esteira de um posicionamento da Defesa Civil, que alertou na última quinta-feira (29) para o “risco iminente de colapso” em uma das minas usadas para a extração de sal-gema na região. A pressão do governo pega a Braskem em meio a tratativas sobre a venda de parte da empresa para o fundo árabe ADNOC.
A Braskem começou a explorar a extração de sal-gema na região em 1997, mas teve de desativar a operação em meados de 2018, quando cinco bairros de Maceió começaram a afundar devido ao colapso do solo pela operação da companhia. A ação da empresa deixou ao menos 50 mil desabrigados e resultou na desocupação de 17 mil imóveis. Em junho, a Braskem disse ter firmado um acordo de indenização com a prefeitura de Maceió no valor de R$ 1,7 bilhão. As tratativas, no entanto, não envolveram o governo de Alagoas, que pede sua suspensão no Tribunal de Contas da União. Depois disso, o Tribunal de Justiça determinou que a petroquímica indenize o Estado por prejuízos causados pela erupção do solo. Um estudo recente constatou um passivo em torno de R$ 30 bilhões por parte da petroquímica.
“O Estado reitera a sua posição irredutível em defesa dos interesses de Alagoas, dos municípios da região metropolitana de Maceió e de cerca de 150 mil vítimas do maior crime ambiental urbano do mundo, provocado pela petroquímica, que vem sendo acompanhado pelo Grupo de Trabalho de Combate ao Crime da Braskem”, afirmou o governo de Alagoas no documento enviado ao mercado financeiro. “As consequências deste megadesastre estão longe de uma solução, como se vê com o colapso das minas de sal-gema. O Governo de Alagoas já demonstrou a existência de um passivo em torno de R$ 30 bilhões da petroquímica, conforme estudo recém-concluído.”
O fato relevante é concluído com a afirmação de que o governo alagoano não se opõe à venda da empresa, mas que “é preciso que antes o seu passivo em Alagoas seja equacionado”. No documento, a autoridade diz estar aberta à negociação, mas com ressalvas: “É preciso estabelecer um modelo de acordo adequado diante do tamanho da realidade do desastre, e não como tem sido a recorrente postura da Braskem de ofertar valores vis.”
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