Fundos com US$ 3,7 trilhões alertam Brasil sobre desmatamento

Fundos com US$ 3,7 trilhões alertam Brasil sobre desmatamento

junho 23, 2020 Off Por Today Newsroom

Imagem aérea de sessão da floresta amazônica próxima de Porto Velho (RO) dizimada por incêndios em 25 de agosto de 2019. (Victor Moriyama / Getty Images)

(Bloomberg) — Investidores institucionais que administram cerca de US$ 3,7 trilhões em ativos querem que o Brasil desista de uma proposta que, segundo eles, vai aumentar o desmatamento e violar direitos de grupos indígenas na Amazônia.

Liderados pela Storebrand, da Noruega, 29 fundos do mundo inteiro solicitaram videochamadas com autoridades no Brasil para discutir o assunto, de acordo com carta aberta. Os gestores de ativos disseram que o fracasso do governo brasileiro em proteger as florestas pode obrigá-los a reconsiderar seus investimentos.

É mais um sinal de que grandes fundos institucionais não pretendem tolerar condutas que atentam contra os chamados padrões ambientais, sociais e de governança, ou ESG, na sigla em inglês. Além disso, o investimento ético começa a colher maiores recompensas financeiras, à medida que empresas que prejudicam o meio ambiente assumem o status de párias.

Os fundos destacaram a proposta do governo para legalizar a ocupação privada de terras públicas, principalmente concentradas na Amazônia. Os investidores alertam que tal medida levaria a mais desmatamento, o que “comprometeria a sobrevivência da Amazônia”.

O desmatamento e suas consequências “têm potencial de impactar negativamente os retornos de longo prazo”, disse Jan Erik Saugestad, diretor-presidente da Storebrand Asset Management, em comunicado. “O risco inerente de operar em um país politicamente instável ou em um país que negligencia o clima e o meio ambiente faz parte de nossa análise ESG.”

Se o Brasil prosseguir com a proposta, empresas associadas à política poderão perder acesso ao mercado internacional de capitais; os títulos soberanos brasileiros “também devem ser considerados de alto risco”, disseram os fundos na carta.

“Queremos continuar investindo no Brasil e ajudar a mostrar que o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente não precisam ser mutuamente exclusivos”, disseram os fundos. “Portanto, instamos o governo do Brasil a demonstrar um compromisso claro com a eliminação do desmatamento e com a proteção dos direitos dos povos indígenas.”

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