Especialista dá dicas de como lidar com as emoções neste fim de ano

Especialista dá dicas de como lidar com as emoções neste fim de ano

dezembro 25, 2021 Off Por Today Newsroom

(Foto: Freepik)

O final do ano é um momento reflexivo para algumas pessoas. Enquanto parte delas vive momentos de euforia, outra é tomada por sentimentos melancólicos. Essas sensações são comuns nesta época e têm relação direta com o estresse, cobranças idealizações e também com fatores como a pandemia, vida financeira, entre outros.

O Portal Infonet conversou com o psicólogo Ricardo Azevedo Barreto, mestre e doutor pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), que falou sobre os fatores que levam a esses vivências emocionais e sobre como evitar pensamentos negativos e depreciativos.

Ricardo Azevedo Barreto fala sobre como lidar com as vivências emocionais neste fim de ano (Foto: Reprodução instagram)

– Portal Infonet: Do ponto de vista emocional, como as pessoas costumam ficar no fim do ano? 

Ricardo Azevedo Barreto: Existem pessoas que ficam melancólicas e outras eufóricas. Há quem se encontre com tristeza, pessimismo, raiva, culpa ou tenha outras vivências em decorrência de perdas, frustrações ou daquilo que não foi realizado. A alegria pode estar presente nesse período que tem um simbolismo muito forte. É um momento de olhar para o que transcorreu e de relacionar desejo e futuro, tendo múltiplos significados a depender da pessoa e dos rituais de uma determinada cultura. Como a pandemia da covid-19 vem inscrevendo suas marcas na história da humanidade nos dois últimos anos, a virada do ano pode ser um período de reflexão aprofundada sobre o caminho que cada indivíduo, as famílias e a humanidade têm construído, promovendo conexões com os sentidos, esperança consciente e ação transformadora.

– Infonet: Por que parte da população fica melancólica?

Ricardo: É uma forma de enfrentar os ideais almejados que não se realizaram, as frustrações e as perdas. A tristeza, o desânimo e a autodepreciação, entre outras características, podem expressar o modo de lidar com expectativas não alcançadas e adversidades. Ter resiliência é importante. Por mais que as situações sejam difíceis, existem possibilidade de construção. Não se pode esquecer da importância dos profissionais da saúde mental, quando a pessoa apresenta alterações emocionais e comportamentais significativas e persistentes.

-Infonet: Há fatores externos que agravam os quadros emocionais de fim de ano?

Ricardo: Os fatores externos interagem com os internos. O fim de ano é um ritual de passagem com muitos significados para as pessoas, sobretudo para alguns grupos populacionais e culturas. Se os indivíduos enfrentam doenças graves, desemprego ou problemas econômico-financeiros, estresse familiar significativo, desilusões amorosas, vivências de perda intensa, crises sociais ou planetárias, como a da pandemia da covid-19, entre outros aspectos, esses fatores vão trazer impacto emocional, cuja intensidade pode variar. Cada pessoa responde de um modo com base em sua estrutura psíquica. É importante que haja atenção a quadros depressivos, de ansiedade, entre muitos outros, que podem aparecer. Pessimismo constante, falta de ânimo para se relacionar e ter ocupações, alterações no sono ou no apetite, desinteresse pela vida, entre outros aspectos, por exemplo, são diferentes de uma vivência de tristeza pontual. Cuidar da saúde mental sempre é importante e, em alguns momentos, emergencial!

-Infonet: Como evitar vivências emocionais negativas e pensamentos depreciativos?

Ricardo: Uma multiplicidade de vivências emocionais e pensamentos faz parte do humano. Isso significa lidar com o negativo, mas também com o positivo. Quando a pessoa funciona de modo extremista, tende a interpretar uma experiência só como negativa ou positiva, não integrando elementos. O funcionamento “tudo ou nada” é um exemplo disso. Olhar para si, os outros e o mundo de forma mais ampla é encontrar esperança e possibilidades de recriação de caminhos, fortalecendo a resiliência. Entretanto, o ser humano tem motivações inconscientes em seu modo de funcionar e repete padrões psíquicos que limitam a sua criatividade. Estilos de vida individual e coletivo de qualidade, priorizando a educação, a saúde mental e o exercício pleno da cidadania, entre outras dimensões do existir humano, podem contribuir muito para sentir, pensar e agir em prol da qualidade de vida. O fim de ano em nossa cultura é um ritual de passagem ou um recomeço. As práticas do cuidado integral são muito importantes. Pedir ajuda é fundamental e precisa ser uma habilidade social experienciada desde cedo para o bem da humanidade que precisa também desenvolver, cada vez mais, o altruísmo e a generosidade.

Por Luana Maria e Verlane Estácio

 

 

 

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