Economista-chefe do Banco Mundial vê risco de crise financeira por pandemia
outubro 16, 2020
(Bloomberg) — A economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, disse que a pandemia de coronavírus está se transformando em uma grande crise econômica e alertou para a possibilidade de uma crise financeira emergente.
“Isso não começou como uma crise financeira, mas está se transformando em uma grande crise econômica, com consequências financeiras muito sérias”, disse Reinhart em entrevista à Bloomberg Television. “Há um longo caminho pela frente.”
Reinhart, que assumiu o cargo em junho, é mais conhecida por seu trabalho com o então colega Kenneth Rogoff, da Universidade Harvard, sobre a última crise financeira no livro de 2009 “This Time Is Different: Eight Centuries of Financial Folly”.
A dupla então se tornou referência no histórico de defaults de governos, recessões, corridas aos bancos, ondas vendedoras no mercado de câmbio e picos inflacionários.
Questionada se os bancos centrais compram títulos para manter os rendimentos baixos, em última análise, é um jogo de soma zero quando todos fazem isso, disse Reinhart: “Esta é uma guerra. Durante as guerras, os governos financiam seus gastos de guerra da maneira que podem e agora existem necessidades terríveis.”
“O cenário em que nos encontramos não é sustentável”, acrescentou.
Reinhart falou depois que as nações mais ricas do mundo concordaram em renovar uma iniciativa de alívio da dívida para os países mais pobres até pelo menos o primeiro semestre de 2021, aquém do pedido do Banco Mundial para uma extensão de um ano.
A China deveria receber quase 60% dos pagamentos de dívida dos países mais pobres do mundo previstos para este ano, segundo dados do Banco Mundial. O governo chinês concedeu muitos empréstimos a países em desenvolvimento sob condições não transparentes e com taxas de juros mais altas do que as nações podem pagar, disse o presidente do banco em agosto.
Questionada sobre a não participação da China no alívio da suspensão da dívida, Reinhart disse que o país estava de fato envolvido, apenas “menos do que totalmente”.
O Banco de Desenvolvimento da China, um grande credor, não aderiu à iniciativa, nem credores do setor privado, disse. “A participação total é algo que devemos buscar, mas que infelizmente ainda não vimos.”