Ecom Energia: faturamento bilionário na onda do mercado livre de energia
janeiro 3, 2024O setor elétrico vai passar por um processo divisor de águas em 2024: entra em vigor, neste mês, uma nova regra para o mercado livre de energia. Com ela, mais de 100 mil pequenas e médias empresas ligadas à alta tensão, como padarias, restaurantes e pequenas indústrias, com faturas mensais superiores a R$ 10 mil já estarão elegíveis para migrar para o formato de mercado livre. Até dezembro de 2023, apenas empresas com custos mensais superiores a R$ 50 mil podiam aderir.
Com a mudança, que segue normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), empresas que atuam no setor de comercialização de energia terão a oportunidade de multiplicar a carteira de clientes. Este é o caso da Ecom Energia, fundada em 2002 por dois amigos, Marcio Sant’Anna e Paulo Toledo, com um capital inicial de R$ 200 mil, emprestados por parentes. A companhia fechou 2023 com um faturamento superior a R$ 700 milhões, mas esse número já passou a barreira do bilhão algumas vezes. “Esse número depende muito do preço da energia no momento. Mas o importante é que a empresa é lucrativa, saudável e tem capacidade de investimento para continuarmos crescendo”, explica Sant’Anna, em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo.
Hoje, a Ecom é uma S/A de capital fechado e tem negócios distintos, mas, quando começou, funcionava como uma consultoria para os clientes migrarem para o mercado livre de energia. “A gente não fazia reunião de prospecção de cliente, fazia reunião de catequização, para explicar o que era o mercado livre de energia”, afirma. Agora, com a entrada de novos clientes potenciais, a companhia terá que fazer o mesmo processo de explicar o que é o mercado livre. “A diferença é que agora temos 20 anos de experiência falando sobre isso”, afirma o cofundador.
Além do braço de gestão de contratos e consultoria para entrada na modalidade, a empresa possui outros quatro negócios: uma comercializadora de gás natural; um negócio de geração renovável que já conta com duas usinas solares em funcionamento; a comercializadora de atacado; e a comercializadora varejista. Para o futuro, a empresa também iniciará uma operação de comércio de créditos de carbono.
“Quando começamos a Ecom, nunca chamamos só de comercializadora, porque sempre tivemos a visão que o mercado de energia é muito maior que a elétrica e inclui muitas outras oportunidades”, diz. Dentro dessa linha de pensamento, em 2019, os sócios compraram um campo de óleo e gás de um processo de desinvestimento da Petrobras. “Já produzimos três vezes mais do que era produzido quando adquirimos e vamos multiplicar por 10 até meados do ano que vem”, afirma.
Interligados
Sant’Anna conheceu seu sócio quase por acaso: ao entrar – atrasado – na sala de uma pós-graduação no primeiro dia de aula, só havia um lugar para sentar: ao lado de Toledo. “Conheci ele ali e ficamos amigos. Pensamos que um dia a gente teria um negócio juntos”, diz.
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O convite surgiu em 2000, quando Toledo chamou Sant’Anna para trabalhar com ele na CPFL. “Passei o racionamento de energia de 2001 lá e começamos a estudar o setor. Na época, o governo foi muito hábil e criou um mecanismo de negociações que nunca tinha existido: direitos de uso de crédito de energia. Assim, foi criado o primeiro mercado de negociação de energia no Brasil”, diz Sant’Anna.
No ano seguinte, o Brasil saiu de um racionamento para uma sobra de 25% no sistema. “Era um ‘caminhão’ de energia a mais, porque o mercado consumidor caiu 20 a 25% depois que todos fizeram o seu trabalho de eficiência energética, inclusive os consumidores residenciais, que trocaram geladeira, lâmpadas, etc”, relembra. Com essa “sobra”, as distribuidoras queriam devolver a energia contratada para as geradoras, que não sabiam muito bem o que fazer com aquilo. “Foi aí que entraram as comercializadoras de energia, do mercado livre”, afirma Sant’Anna. A dupla começou o negócio em 2002 e, desde então, precisou correr riscos e se adaptar a mudanças de legislação.
A história da Ecom Energia e seus planos para o futuro são o tema do episódio desta quarta-feira (3) do do Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube e em sua versão de podcast nas principais plataformas de streaming como ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e Amazon Music.
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo entra no seu quinto ano de vida e traz, a cada episódio, um empreendedor(a) ou empresário(a) de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.
O programa já recebeu nomes como o Fernando Simões, do Grupo Simpar; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; o empresário Abílio Diniz; Rodrigo Galindo, chairman da Cogna; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link.