Coronavírus: dentistas só atendem urgência e alertam para a prevenção
abril 16, 2020Os dentistas, em obediência às recomendações do Conselho Federal de Odontologia (CFO), suspenderam os procedimentos eletivos nas clínicas e estão atendendo apenas a casos de urgência e emergência, mas atentos quanto aos cuidados que os pacientes devem ter diante da pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) frente à proliferação do coronavírus, responsável pela infecção classificada como COVID-19, que já matou duas pessoas em Sergipe e outros milhares de pacientes no mundo.
Os profissionais da odontologia alertam que as pessoas devem ter cuidados especiais com a higiene bucal, especialmente nesse momento em que a COVID-19 se espalha, evitando, principalmente, os contatos mais próximos com outras pessoas. “As pessoas devem evitar aglomerações, também os cumprimentos próximos, como a troca de beijinhos entre amigos e respeitar o isolamento social”, alerta a professora Virgínia Kelma, do curso de odontologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
A professora explica que o contato com a saliva das pessoas pode ser uma fonte de propagação da doença. Conforme observa Virgínia Kelma, as pessoas podem estar infectadas sem apresentar sintomas, aumentando ainda mais os riscos de proliferação do coronavírus. “Portanto, o indicado é evitar o contato próximo, inclusive o beijo”, alerta. “O paciente assintomático, até ao conversar próximo a outra pessoa, pode transmitir [o coronavírus] porque a gotícula da saliva é um meio de transmissão”, alerta Virgínia Kelma.
A cirurgiã-dentista Maria Juliana Fausto destaca a necessidade da população ter uma consciência maior voltada para a higiene bucal, principalmente em um momento tão crítico com a disseminação de uma doença de fácil proliferação. “A boca é a porta de entrada do nosso corpo. Desequilíbrios na microbiota oral, presença de cáries, infecção da gengiva, processos inflamatórios, doença periodontal atrapalham o sistema de defesa do nosso organismo e estão associados à perda de saúde sistêmica”, observa Juliana Fausto.
A dentista destaca estudos que correlacionam infecções na gengiva com outras doenças, inclusive os problemas respiratórios. “Há diversos estudos atuais que correlacionam infecções na gengiva com doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, problemas intestinais, doenças degenerativas”, diz Juliana. “O aumento da inflamação e da permeabilidade do tecido oral favorece uma via direta de toxicidade com a corrente sanguínea, atingindo outros órgãos, como os pulmões, por exemplo, que é um órgão bastante atingido pelo COVID-19”, explica.
E, meio à pandemia do coronavírus, os cuidados com a higiene bucal devem ser redobrados, conforme alertam ambas profissionais. “A escova e o fio dental são os principais aliados para garantir uma boa saúde bucal”, observa Virgínia Kelma. “Em tempos de pandemia, os cuidados com a saúde em geral devem ser redobrados, embora essa questão seja um dever primordial de todas as pessoas em qualquer época”, comenta Juliana Fausto.
Na ótica de Juliana Fausto, todas as medidas protetivas são importantes para restaurar as barreiras biológicas. “Não somente em épocas atípicas como a que vivenciamos atualmente, mas também no controle e prevenção permanente de diversas enfermidades”, observa.
Cuidados
– Desenvolver uma boa técnica de escovação dos dentes e dos tecidos moles como a língua
– Uso do fio dental, mantendo a cavidade oral saudável
– Manter o distanciamento social
– Evitar beijos e contatos mais próximos
– Cuidados com a higienização das mãos
– Manter uma alimentação saudável, sem excesso de açúcares
– Prática de exercícios físicos
– Manter a mente limpa de energias negativas
por Cassia Santana