Comissão de Ética em Pesquisa defende que testes com a CoronaVac podem continuar
novembro 10, 2020
SÃO PAULO – A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) defendeu que as pesquisas e testes da vacina CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, devem continuar mesmo com o efeito adverso grave registrado – a morte de um voluntário que, segundo apuração do InfoMoney e de outros jornais, foi causada por suicídio.
De acordo com a nota da Conep, órgão responsável pela análise dos protocolos de pesquisas relacionadas à Covid-19 no Brasil, o óbito não tem relação com qualquer evento colateral dos estudos.
“Entendemos que o óbito do voluntário não estava relacionado à aplicação da vacina, por isso optamos por não suspender os ensaios e recomendamos que os pesquisadores nos trouxessem apenas a avaliação final de seu comitê independente”, informou Jorge Venâncio, coordenador da comissão.
No entanto, a afirmação da Conep é contrária à decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que nesta segunda-feira (9) determinou a paralisação dos estudos. Nesta terça-feira (10), manteve sua decisão alegando que, em casos de efeito adverso grave inesperado, a medida protocolar é a interrupção dos testes.
A Conep, junto à Anvisa, tem a responsabilidade de emitir pareceres sobre os projetos de pesquisas clínicas no Brasil.
“A Comissão tem o intuito de garantir segurança plena a qualquer um dos participantes envolvidos voluntariamente. O Conselho Nacional de Saúde seguirá debatendo o assunto para encontrar formas de garantir que os estudos para a vacina da Covid-19 no Brasil avancem”, diz a nota da Conep.
Ao jornal O Globo, Venâncio ressaltou que “não tem sentido suspender a pesquisa”. Segundo Venâncio, o Instituto Butantan notificou a Conep na última sexta-feira (6) sobre um evento adverso grave com um voluntário e, no mesmo dia, a comissão realizou uma audiência com pesquisadores para coletar mais dados sobre a situação.
“A informação inicial realmente era insuficiente. Mas nós pedimos, com a agilidade necessária, mais dados. E não visualizamos nada que justificasse uma suspensão imediata das pesquisas”, disse Venâncio ao jornal.