Com juro baixo, minicontrato de dólar da B3 ganha espaço no portfólio do investidor pessoa física

Com juro baixo, minicontrato de dólar da B3 ganha espaço no portfólio do investidor pessoa física

setembro 11, 2020 Off Por Today Newsroom

(Getty Images)

(Bloomberg) — Os minicontratos de dólar futuro ganharam a preferência dos investidores com a queda da Selic à mínima histórica durante a pandemia do coronavírus. Tanto que a modalidade é apontada como um dos fatores para a volatilidade do real, a mais elevada entre as moedas globais.

A entrada de mais pessoas físicas no mercado cambial, em busca de maior rentabilidade em meio ao juro baixo, contribuiu para fazer o mini superar o volume financeiro do contrato padrão pela primeira vez em abril deste ano, no auge da crise do coronavírus — atualmente, movimenta mais do que o dobro, segundo dados da B3.

A participação das pessoas físicas no volume de negócios dos minis subiu para 34,5% em julho, de 27,4% um ano antes.

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O mini, entretanto, não atraiu apenas a pessoa física. Os investidores institucionais também passaram a adotá-lo, pela maior facilidade de fazer negócios durante a crise, especialmente quando a liquidez dos mercados minguou. O mini equivale a um quinto do contrato padrão de futuro de dólar.

“Todo mundo tem operado mais o mini, tanto de bolsa quanto dólar, porque está com mais liquidez. Nos EUA é assim também”, diz Luiz Eduardo Portella, sócio fundador da Novus Capital.

O mini hoje representa 72% do volume financeiro total dos dois contratos cambiais, ante 31% em janeiro de 2018, de acordo com a B3. A média diária de volume de negócios de janeiro a junho subiu para 2,2 milhões de contratos, ante a média diária de 1,37 milhão de contratos no ano passado, segundo a B3.

Os mini contratos podem funcionar como uma porta de entrada para os investidores conhecerem o funcionamento dos mercados, disse a B3 em nota enviada por email. Esse mesmo movimento aconteceu com o minicontrato de Ibovespa alguns anos atrás. “Uma parcela considerável desses investidores acaba migrando, posteriormente, para outros produtos da B3”, segundo a bolsa.

Volatilidade

O crescimento do uso de minicontratos é apontado como um dos fatores que contribuem para a volatilidade do câmbio, inclusive pelo próprio Banco Central. As oscilações do dólar também são agravadas pela queda dos juros e o risco fiscal, além das incertezas globais com o impacto econômico da pandemia.

Um estudo do BNP Paribas concluiu que aumento das negociações com minis têm impacto “considerável” no preço e na volatilidade do dólar. “Os players usam os contratos grandes apenas para rolar posições, mas fazem a maioria das operações nos minis”, disse Luca Maia, estrategista de câmbio e juros para América Latina do banco.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem dito publicamente que estuda todos os motivos da volatilidade do câmbio, como a queda dos juros, a questão fiscal e o crescimento de participantes e do número de negócios no mercado de contratos menores.

No Fórum Bloomberg Emerging + Frontier, realizado na semana passada, ele afirmou que não há um bom instrumento para intervir no mercado de forma a reduzir a volatilidade. O uso de opções ou as atuações por ‘corredor’ não tiveram tentativas bem sucedidas, segundo ele.

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