“Cenário pode ser positivo, mas as probabilidades não estão do lado do investidor”, diz Howard Marks

“Cenário pode ser positivo, mas as probabilidades não estão do lado do investidor”, diz Howard Marks

julho 17, 2020 Off Por Today Newsroom

Howard Marks (Divulgação/Leo Albertino)

SÃO PAULO – Por mais que os ativos financeiros venham mostrando uma forte retomada após as mínimas de março, o momento é de ter maior cautela visto que o espaço para perdas ainda é grande. A avaliação é de Howard Marks, vice-presidente e um dos sócios-fundadores da Oaktree Capital, uma das maiores gestoras do mundo.

Durante painel da Expert 2020 nesta sexta-feira (17), Marks disse que os preços dos ativos financeiros nos Estados Unidos estão artificialmente elevados, principalmente por conta dos estímulos fiscais e monetários adotados pelo Federal Reserve (o banco central americano) e pelo Tesouro americano.

“Com o Fed e o Tesouro intervindo para artificialmente suportar o mercado e taxas de juros baixas, os preços estão maiores do que estariam naturalmente – por isso o mercado não é eficiente”, afirmou.

Segundo ele, o investidor está pagando um prêmio pelas medidas da autoridade monetária e pelos juros baixos, que devem continuar suportando preços elevados, mas que, em um cenário de decepção com a retomada da economia ou com o desenvolvimento de uma vacina, por exemplo, o espaço para perdas será maior do que para ganhos.

“O cenário pode ser positivo, mas as probabilidades não estão do lado do investidor”, disse.

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Marks conta que, antes da crise, a gestora fazia suas alocações com cautela. Com a queda dos preços, em março, viu oportunidades e aproveitou para comprar ativos baratos, de forma agressiva.

Agora, com a retomada dos mercados, o sócio da Oaktree acredita que não seja a melhor hora de investir agressivamente, mas de voltar a ter cautela.

“Não acho que seja possível colocar trilhões de dólares na economia sem afetar os preços. Vai ter um impacto na inflação em algum momento, então é uma fonte de incerteza”, avaliou.

Ouro: “nunca fui fã”

Um dos investimentos que mais se valorizou no primeiro semestre, diante da busca por ativos considerados seguros em meio à incerteza provocada pela pandemia, o ouro não é visto como um “ativo fundamental” para Marks.

“O ouro não tem valor intrínseco. Mas uma ação, um bond, isso pode produzir fluxo de caixa. Se o ativo não tem fluxo de caixa, ele só vale aquilo que pagam por ele”, afirmou, citando, além do metal precioso, petróleo e bitcoin.

Questionado se concorda com a afirmação de que “cash is trash” (dinheiro em caixa é lixo, em tradução aproximada), o executivo destacou que papel moeda parado não oferece retorno.

Por outro lado, para os americanos, o dólar é um ativo que tem valor. “Então, se você tiver medo, vai querer ter algum dinheiro vivo para proteção.”

Em países em que a moeda pode se deteriorar, caso do Brasil, não é uma boa ideia reter esse tipo de capital, afirmou, uma vez que faz com que a pessoa perca poder de compra ao longo do tempo.

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