Câmara aprova prorrogação da desoneração da folha para 17 setores até dezembro de 2023

Câmara aprova prorrogação da desoneração da folha para 17 setores até dezembro de 2023

novembro 17, 2021 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (17), projeto de lei que prorroga até 2023 a desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores da economia (PL 2541/2021).

O texto, de autoria dos deputados Efraim Filho (DEM-PB) e Dagoberto Nogueira (PDT-MS) e sob a relatoria do deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), já havia sido aprovado em setembro pela Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e foi analisado pela CCJC em caráter conclusivo. Como não houve recurso para deliberação em plenário, ele deve seguir para o Senado Federal.

A pedido do governo federal, Marcelo Freitas mudou o texto original e reduziu em três anos a extensão do benefício que na prática reduz os encargos cobrados sobre salários de colaboradores de empresas dos setores contemplados. O modelo está em vigor desde 2011 e chega ao fim em 31 de dezembro deste ano caso o projeto não seja sancionado.

Entre os 17 setores contemplados pelo benefício estão segmentos da indústria (couro, calçados, confecções, têxtil, aves, suínos e derivados, etc.), serviços (TI & TIC, call center, hotéis, comunicação, design houses, etc), transportes (rodoviário de carga, aéreo, metroferróviario, etc.) e construção civil. Juntos, eles empregam mais de 6 milhões de pessoas.

A desoneração da folha permite às empresas atendidas substituir a contribuição previdenciária, de 20% sobre salários dos empregados, por uma alíquota sobre o faturamento, que varia de 1% a 4,5%.

“O Brasil terá todo incentivo para crescer, ampliar as oportunidades de emprego e melhorar a renda dos trabalhadores”, observou o deputado Marcelo Freitas.

O relator também apontou para o impacto negativo que o fim da medida poderia ter no preço dos produtos, com o repasse do aumento de custo da produção para o consumidor. “As mudanças propostas levam à alteração na estrutura de custos das empresas, o que certamente irá impactar nos preços das mercadorias e serviços, ajudando a arrefecer a inflação”, escreveu Freitas no parecer.

Técnicos estimam que a medida tenha impacto fiscal anual negativo de cerca de R$ 8 bilhões. Os setores atendidos alegam que o instrumento deve ajudar na manutenção de empregos em um momento especialmente delicado para a economia brasileira – argumento contestado por estudiosos que dizem que a desoneração não tem sido instrumento efetivo na geração de empregos no país.

Em troca pela redução do prazo de 2026 para 2023, o Palácio do Planalto se comprometeu a não vetar a proposta. O relator também acatou sugestão do deputado Orlando Silva (PCdoB) para induzir o Poder Executivo a fixar instrumentos de monitoramento e avaliação do impacto regulatório da medida – em especial sob a ótica da manutenção dos empregos.

A desoneração ganhou impulso após a aprovação pela Câmara dos Deputados da Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios (PEC 23/2021), que adia o pagamento das dívidas que o governo é obrigado judicialmente a fazer e muda o cálculo do teto de gastos. A PEC foi criada para permitir o pagamento do Auxílio Brasil no valor mínimo de R$ 400 a 17 milhões de famílias até dezembro de 2022, mas governistas também citaram a medida como condição para abrir espaço para a prorrogação da desoneração da folha.

Com a aprovação da proposta que abre espaço fiscal, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou publicamente favorável à prorrogação por mais dois anos. O deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) sugeriu durante a sessão que o parecer fosse mudado para mudar o prazo sugerido pelo governo.

“Com isso, a gente constrói o consenso e não corre o risco do governo vetar. Até porque a informação que nós temos, é que não haverá veto com dois anos”, declarou.

A sugestão foi acatada pelo relator, que apresentou uma complementação de voto para mudar o prazo. Autor do projeto, que originalmente previa uma prorrogação para até 2026, Efraim manifestou concordância com a alteração. “O prazo é questão secundária, periférica. O importante é o conceito da proposta”, disse.

Na terça-feira (16), o líder do governo no Senado Federal, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), avaliou que a medida tem aceitação na casa legislativa. “Tenho a impressão que o clima do Senado, pelo que ouço dos senadores e do próprio presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) é que é um instrumento valiosíssimo para a manutenção dos empregos”, declarou.

“Precisamos valorizar a geração de novos empregos e sobretudo manter os empregos, sobretudo do setor de serviços”, completou.

(com Agência Estado)

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