Brasil tem maior taxa de transmissão de Covid-19 desde maio, aponta Imperial College

Brasil tem maior taxa de transmissão de Covid-19 desde maio, aponta Imperial College

novembro 24, 2020 Off Por Today Newsroom

mask for prevention of respiratory diseases, with the American flag painted. US pandemic concept. North america corona virus, risk of epidemic.
(RHJ/Getty Images)

SÃO PAULO – O Brasil está com a maior taxa de transmissão (RT) do Sars-CoV-2 (vírus que causa a Covid-19) desde maio, segundo a atualização mais recente do Imperial College de Londres. De acordo com relatório da universidade londrina, o índice da RT está em 1,30. Isso significa que cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 130 pessoas – o que sugere que a epidemia está avançando nacionalmente.

Depois de ficar abaixo de 1,0 por cinco semanas seguidas – entre o final de setembro e o final de outubro – , a taxa no Brasil voltou a ficar acima de 1 novamente no início de novembro, sinalizando a alta de casos que o país vive no momento.

Pela margem de erro das estatísticas, essa taxa pode ser maior (RT de até 1,45) ou menor (RT de 0,86). Nesses cenários, cada 100 pessoas com o vírus infectariam outras 145 ou 86, respectivamente.

Ainda segundo os dados da Imperial College, a última vez que a margem de erro considerou um índice tão alto de transmissão foi durante a segunda quinzena de maio. A universidade ressalta que a notificação de mortes no Brasil tem mudado bastante no últimos dias e que os “resultados devem ser interpretados com cautela.”

Vale lembrar que, há duas semanas, a RT do Brasil ficou em 0,68, menor valor desde abril. Porém, o índice baixo ocorreu na mesma semana em que houve o apagão de dados na base do Ministério da Saúde, o que atrasou a atualização de casos e mortes.

Outras estimativas

Além da estimativa do Imperial College, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) calcularam, para esta semana, uma RT de 1,64 para o estado de São Paulo.

Os cientistas brasileiros, com base na alta da RT da Covid-19 em São Paulo, preveem um provável aumento no número de infectados no estado.

Dados da Secretaria de Saúde do estado mostram que as internações por Covid-19 voltaram a crescer na última semana – com um aumento de 17% nas internações entre os dias 15 e 21 de novembro. O crescimento veio mesmo após aumento de 18% na semana anterior, de 8 a 14 de novembro.

Mesmo com a alta recente das internações no estudo, Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde, disse que descarta a possibilidade de submeter o estado a um lockdown para frear os contágios, afirmando que os “países que tomaram essa decisão lá atrás se arrependeram”, citando países da Europa e Israel.

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“O governo descarta totalmente um novo lockdown. Isso não foi feito nem no começo da pandemia. Hoje, temos leitos disponíveis, respiradores e índices da saúde que não nos revelam qualquer necessidade de retroceder para medidas mais drásticas”, explicou Gorinchteyn.

Na mesma linha do secretário, Bruno Covas (PSDB), prefeito da capital paulista e candidato à reeleição, também descartou um lockdown na cidade de São Paulo, dizendo que vê “estabilidade de evolução na pandemia.”

Segunda onda no Brasil?

O novo aumento no número de casos de contaminação, internações e óbitos pela pandemia de coronavírus em diversas regiões do país gerou um refluxo na tendência otimista observada na percepção dos brasileiros sobre a situação da crise sanitária. É o que mostra a rodada de novembro da pesquisa XP/Ipespe.

Segundo o levantamento, realizado entre os dias 18 e 20, 77% dos entrevistados acreditam que o Brasil enfrentará uma segunda onda de covid-19.

As últimas checagens sobre casos, internações e óbitos endossam a visão de que podemos estar em uma segunda onda. Um dos levantamentos indica as maiores tendências de alta em contágios e mortes desde o mês de maio, por exemplo. Outras notificações mostram o aumento nas internações por conta da Covid-19.

Em reportagem recente, o InfoMoney conversou com especialistas para entender o que motiva esta possível segunda onda no Brasil — e como devemos encarar casos, óbitos e internações.

Médicos pedem lockdown em São Paulo

No dia 17 de novembro, São Paulo prorrogou a quarentena até 16 de dezembro, acompanhando um aumento nas internações. Segundo a Folha de S.Paulo, os hospitais municipais tinham 693 internados em decorrência da Covid-19 no dia 13 de novembro. As internações cresceram ao longo dos dias e chegaram a 814 no dia 17 de novembro.

O Governo de São Paulo afirmou, também no dia 17, que as taxas de ocupação dos leitos de UTI eram de 48,2% na Grande São Paulo e 42,7% no Estado. No balanço mais atual, de 23 de novembro, as taxas de ocupação dos leitos de UTI eram de 55,2% na Grande São Paulo e 47,4% no Estado.

Ainda de acordo com a Folha de S.Paulo, um grupo de infectologistas de São Paulo enviou uma carta a amigos para alertá-los de um “aumento expressivo de casos de Covid-19 nos hospitais de São Paulo” na semana passada. As instituições de saúde estariam completamente lotadas por conta de aumento de “100%” em alguns serviços.

Na carta, os médicos recomendam novamente praticar o isolamento domiciliar. “Não ir a bares, restaurantes e festas. Não organizem encontros ou eventos sociais. Acreditamos que vocês estejam cansados de tudo isso, mas lembrem-se que nós estamos MUITO mais…. e ainda estamos vendo pessoas morrerem, famílias inteiras contaminadas, e os casos aumentando progressivamente sem nenhuma medida sendo tomada por parte dos governos”, escrevem.

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