BC não alterou sua forma de atuação no câmbio, diz Fernanda Guardado

BC não alterou sua forma de atuação no câmbio, diz Fernanda Guardado

outubro 15, 2021 Off Por Today Newsroom

(Getty Images)

SÃO PAULO – Após o anúncio de leilões de swap cambial extra nos últimos dois dias, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, afirmou nesta quinta-feira, 14, que o BC não alterou sua forma de atuação no câmbio e que não pretende alterar o nível do dólar ante o real.

“Não há nenhuma mudança em como o BC atua, o BC nunca almeja mexer no nível que o mercado determina. Mas vamos agir quando vermos fluxos grandes ou o mercado muito irracional, ou pressões que acreditamos que requerem ação do BC.”

Segundo Guardado, o BC foi muito claro na comunicação sobre os leilões relativos ao overhedge. “Fizemos no ano passado e só estamos fazendo antes. Estamos tentando diminuir a incerteza.”

A diretora do BC reconheceu, contudo, que os ativos brasileiros têm sofrido com más notícias recentemente. “Estamos no meio de uma recuperação não usual no mundo, ainda há muitas incertezas. Mas o BC está fazendo o trabalho. Estamos em um ciclo de aperto monetário e pretendemos levar inflação de volta à meta. As reformas estruturais certamente vão ajudar no longo prazo, com a âncora fiscal no lugar”, disse, sobre a “receita” para convergência do real.

Guardado ainda disse que o cenário básico do BC para o fiscal considera o que está escrito no Orçamento e que não é o trabalho do BC fazer projeções fiscais. Mas admitiu que o balanço de riscos considera riscos fiscais e também incertezas na economia global, como sobre o processo de aperto monetário nos países desenvolvidos.

Guardado participou de evento online da XP Investimentos, no âmbito do ciclo de reuniões às margens da Reunião Anual do FMI e do Banco Mundial.

Inflação na meta

A diretora reforçou ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) está focado na convergência da inflação à meta em 2022 e que há conforto e confiança que o ritmo atual de alta de juros, de um ponto porcentual, deve levar a inflação “perto da meta” no ano que vem.

Mas, assim como o diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk, não descartou uma mudança no ritmo, considerando que o cenário atual é muito volátil e cheio de incertezas.

“Nós estamos muito confortáveis com o passo que escolhemos. Esse passo, nossas projeções e modelos mostram que chegaremos lá. Vamos levar a inflação para perto da meta no ano que vem. Mas claro que estamos em um cenário ainda de volatilidade e incerteza. Há um trade-off em fazer mais e criar mais volatilidade na economia. Não está fora da mesa. Mas estamos muito confortáveis agora com o passo que escolhemos. Temos muita confiança que nosso passo, nossa ação e nosso ciclo será suficiente”, disse.

Guardado também reforçou que o horizonte relevante de política monetária é móvel e, hoje, abarca 2022 e 2023, mas considerou que isso está sendo interpretado por alguns agentes de mercado como uma “desculpa” para abandonar a meta de 2022.

“O fato de 2023 estar no nosso horizonte relevante não significa que abandonamos 2022. Nem um pouco. Estamos muito focados em 2022, queremos trazer a inflação na meta em 2022”, completou, explicando que uma eventual perda de confiança na ação do BC em trazer a inflação para meta teria custos maiores no longo prazo.

A diretora do BC ainda esclareceu que o BC não vê aumento do grau de inércia, mas avalia que a inércia em 2022 será maior devido à inflação alta em 2021.

Ontem, Kanczuk indicou que os efeitos da pandemia poderiam levar a um aumento da inércia dos preços de serviços. Segundo Guardado, parte da projeção de 3,7% do BC para inflação oficial em 2022, acima do centro da meta de 3,5%, reflete a inércia vinda de 2021, que sofre com choques de alimentos, energia e bens.

Ela também disse que o BC espera que o pico da inflação em 12 meses seja setembro (10,25%) ou outubro e depois comece a acomodar. Segundo Guardado, a inflação tem sido bastante persistente, vindo de itens voláteis, e o BC espera um realinhamento da inflação de serviços e bens em algum momento. “Inflação de serviços deve subir mais rumo a 2022, mas é esperado.”

A diretora do BC ainda considerou que há incerteza sobre a normalização dos problemas na cadeia de suprimentos globais e sobre choques em alimentos e energia, mas que o BC atua para retirar a acomodação da política monetária e evitar efeitos de segunda ordem.

Curso inédito “Os 7 Segredos da Prosperidade” reúne ensinamentos de qualidade de vida e saúde financeira. Faça sua pré-inscrição gratuita.

waiting...