Banco Central vai liberar o uso do WhatsApp Pay no Brasil, diz Campos Neto à Bloomberg
setembro 2, 2020SÃO PAULO – O Banco Central deve aprovar o WhatsApp Pay no Brasil, serviço que permitirá a realização de pagamentos por meio da rede social de mensagens, que pertence ao Facebook.
Segundo informações da Bloomberg, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse que o recurso “será aprovado” durante participação no fórum Bloomberg Emerging + Frontier, nesta quarta-feira (02).
O presidente do BC afirmou que, inicialmente, a autoridade considerou a proposta do Facebook grande demais para ser acelerada.
“Foi um arranjo grande, com mais de 100 milhões de pessoas, então poderia influenciar o mercado. Pedimos a eles que seguissem a trilha normal de autorização como qualquer outro acordo”, afirmou à agência de notícias. “A principal preocupação que tínhamos era se isso iria promover a competição e proteger os dados das pessoas”, completou.
De acordo com a Bloomberg, o Facebook estaria buscando a liberação da parceria com a MasterCard e a Cielo, mesmo enquanto o BC discute alternativas com outros participantes.
Campos Neto disse ainda que conversou com a Alphabet sobre como disponibilizar o Google Pay no Brasil e também com o CEO do Paypal, Daniel Schulman.
Questionado se o WeChat – rede social chinesa e aplicativo de pagamento da Tencent – também poderia tentar entrar no país, ele disse que mesmo que todas as empresas sejam bem-vindas, o BC vai olhar para a “fragmentação do mercado”, porque quando “há aglomerados independentes, eles não estão conectados e torna-se muito difícil para o Banco Central monitorar”.
A notícia chega pouco mais de dois meses após a proibição do lançamento da função de pagamento do aplicativo de conversas.
O BC suspendeu o serviço que acabara de ser anunciado no fim de junho. Depois, no início de agosto, a entidade monetária divulgou uma nota liberando os testes, desde que não fossem executadas operações reais com usuários.
As bandeiras de cartões Visa e Mastercard já haviam pedido uma solicitação ao BC para atuar diretamente no app e têm prestado as informações solicitadas.
O InfoMoney entrou em contato com o Facebook. Em nota, a empresa afirmou que ainda não há previsão de liberação do serviço. “Apesar do diálogo constante com o BC, ainda não há previsão de liberação de pagamentos no WhatsApp”.
Contatada, a Cielo também informou que segue em “compasso de espera” e que não foi informada oficialmente sobre qualquer avanço no processo.
Como vai funcionar
No anúncio de lançamento do serviço, o Facebook havia informado que o recurso funcionaria, inicialmente, para clientes do Banco do Brasil, Nubank e da Sicredi que tivessem cartões das bandeiras Visa e Mastercard. O recurso funcionaria em parceria com a Cielo. Mas a rede social já tinha deixado claro que o modelo seria aberto e que novos parceiros poderiam surgir no futuro.
Se aprovado, o pagamento no WhatsApp será ativado pelo Facebook Pay. As transferências e pagamentos serão protegidos por várias camadas de segurança, como o PIN do Facebook Pay ou a biometria em dispositivos que possuem o recurso.
As transferências de pessoa para pessoa poderão ser feitas apenas com cartões de débito. Os usuários terão limite de R$ 1 mil por transação e 20 operações por dia, mas com um limite global de R$ 5 mil por mês.
Já o pagamento às empresas não terá limite de valor e poderá ser feito com cartões de débito e crédito, mas inicialmente o recurso também só estaria disponível para companhias que têm conta nas três instituições financeiras citadas acima.
Somente transações dentro do Brasil e em reais serão autorizadas e os consumidores serão isentos de taxas ao realizar transferências ou compras.
Ao vincular uma conta Cielo existente ou criar uma nova e habilitar o Facebook Pay, as pequenas e médias empresas que usam o aplicativo WhatsApp Business poderão solicitar e receber pagamentos ilimitados no crédito ou débito, oferecer reembolsos e obter suporte 24 horas por dia.
Os comerciantes pagam uma taxa fixa de 3,99% por transação. As taxas da Cielo variam entre 2,39% (débito) a 4,99% (crédito), segundo informações do site da adquirente.