Estudo confirma primeira reinfecção pelo coronavírus do mundo e 20 casos são investigados em SP
agosto 25, 2020SÃO PAULO – Na última segunda-feira (24), pesquisadores da Universidade de Hong Kong confirmaram o primeiro caso de reinfecção com o novo coronavírus no mundo. A equipe anunciou que um homem de 33 anos contraiu o vírus pela segunda vez neste mês, depois de ter tido uma primeira infecção em março.
A equipe e as autoridades relataram que o homem passou duas semanas no hospital depois que a sua primeira infecção foi confirmada. Depois, os resultados dos testes deram negativo e ele foi liberado.
A segunda infecção foi confirmada em um aeroporto, quando ele voltava a Hong Kong depois de uma viagem à Espanha. Dessa vez, entretanto, o homem teve alta mais rapidamente e foi liberado na última sexta-feira (21).
Vale dizer que a segunda infecção do homem foi assintomática. Isso sugere que, apesar de a exposição prévia não ter impedido a nova infecção, o sistema imunológico pode ter preservado algum tipo de memória do vírus. Essa hipótese, porém, ainda precisa ser testada.
Casos de reinfecção no Brasil
O estudo de Hong Kong acendeu o alerta no mundo todo e possíveis casos de reinfecção no Brasil estão sendo acompanhados de perto pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Fiocruz. A universidade e o laboratório suspeitam da existência de cerca de 21 casos de reinfecção em território nacional, sendo 17 deles em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro.
O Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, está realizando o acompanhamento de sete pessoas, para saber se elas se reinfectaram com o novo coronavírus. O HC montou um laboratório específico para se dedicar aos estudos desses casos.
Já a unidade do HC em Ribeirão Preto, no interior do estado, investiga outros oito pacientes com suspeita de reinfecção na cidade. A Fiocruz acompanha ainda mais quatro casos suspeitos no Rio de Janeiro.
Casos de reinfecção na Europa
Apenas um dia após a divulgação do estudo de Hong Kong, casos semelhantes começaram a aparecer em outros países, preocupando autoridades de saúde do mundo todo.
Nesta terça-feira (25), o canal NOS, rede de TV holandesa, confirmou que um paciente na Holanda e outro na Bélgica tiveram a confirmação de reinfecção pela Covid-19. Segundo os infectologistas entrevistados pela emissora, uma reinfecção não é necessariamente uma surpresa, mas temos que entender se casos como estes se tornarão uma constante.
“Eu não fico assustada por alguém aparecer com uma reinfecção. O que precisamos observar é com que frequência isso acontece”, disse a virologista Marion Koopmans à emissora holandesa.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) optou por não comentar especificamente os dois casos europeus, mas indicou que os estudos realizados são “importantes” para elucidar a questão da imunidade criada pelo vírus.
“Até agora, não estava claro se esses casos de reinfecção eram problema de testes ou algo parecido. Por isso, tais estudos são importantes”, disse a porta-voz da entidade, Margaret Harris.
A agência, porém, tenta colocar tais casos num contexto mais amplo. Segundo Maria Van Kerkhove, diretora da organização, mesmo se confirmados, esses dados representam um “número pequeno” de pacientes diante dos 23 milhões de infectados.
“É importante documentar e fazer o sequenciamento do genoma dos vírus, mas ainda não podemos tirar conclusões precipitadas. Sabemos que as pessoas produzem resposta imunológica, mas não sabemos ainda quanto tempo ela dura e nem quão forte ela é. Precisamos de estudos para entender como essa resposta funciona”, complementou a diretora.
(Com Agências Internacionais)