As 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do Ibovespa em julho – e um grande destaque fora do índice
julho 31, 2020SÃO PAULO – Entre os estímulos de governos e Bancos Centrais para atenuar os efeitos do coronavírus e a esperança por vacina para a doença, o Ibovespa registrou mais um mês de ganhos, de 8,27%, apesar da forte queda do índice no último pregão do mês. Com isso, em julho, nove ações do Ibovespa tiveram alta superior a 20%, enquanto apenas uma teve queda superior a 20%.
As ações da Weg (WEGE3, R$ 67,35, +33,34%) apareceram como as maiores altas de julho após já terem registrado um desempenho bastante positivo nos meses anteriores. Neste mês, os ativos foram catapultados pelo resultado do segundo trimestre divulgado no último dia 22, em que a companhia apresentou lucro líquido de R$ 514,4 milhões, o que representa um crescimento de 16,9% sobre o primeiro trimestre do ano e de 32,2% em relação ao segundo trimestre do ano passado.
Após o resultado, o JPMorgan elevou a recomendação dos ativos WEGE3 de neutra para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), mesmo após a forte alta das ações. “A resiliência do mercado e a execução de primeira linha, na nossa visão, continuarão a justificar os múltiplos elevados de 50 vezes P/E [valor de mercado dividido pelo lucro] na estimativa para 2021”, explicaram os analistas.
Também foi citado como motivo para o otimismo em relação à empresa a sua capacidade de encontrar novos caminhos para crescer, o que ficou claro depois das aquisições recentes e dos investimentos na indústria 4.0. O JP Morgan ainda considera que a Weg está bem posicionada para se aproveitar de ondas recentes nos negócios como a eletrificação de automóveis.
Na sequência, as ações da CVC (CVCB3, R$ 20,80, +30,40%) destoaram no mês das demais ações do setor ligado a viagens – caso das aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) – e tiveram forte alta. No radar da companhia, foi anunciado na primeira quinzena do mês aumento do capital social em um valor entre R$ 200 milhões e R$ 301,740 milhões, com a emissão de até 23.500.000 ações ordinárias. O objetivo é fortalecer sua posição financeira em meio a pandemia.
Vale destacar que, desde março, os papéis têm forte volatilidade, registrando forte queda em dias de aversão ao risco, com maiores temores sobre uma segunda onda de coronavírus podendo comprometer o turismo por um período maior de tempo, e alta em meio às notícias sobre avanço nos estudos para combater a pandemia.
Os papéis da Via Varejo (VVAR3, R$ 19,52, +27,50%), que já figuraram entre as maiores altas nos meses anteriores, também tiveram fortes ganhos no período em meio ao avanço do e-commerce durante a pandemia. No final do mês, casas de análise como Bradesco BBI, XP Investimentos e Safra destacaram possuir recomendação de compra para a Via Varejo.
Segundo Pedro Fagundes, da XP, as preocupações dos investidores em relação à liquidez de curto prazo da Via Varejo foram endereçadas, com a empresa tendo levantado R$ 4,4 bilhões em uma recente oferta subsequente. Além disso, a empresa conseguiu manter suas vendas totais relativamente estáveis no segundo trimestre de 2020 em relação ao ano anterior, apesar do fechamento das lojas.
“Embora reconheçamos que ela ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar o mesmo nível de execução no canal digital apresentado pelos seus principais concorrentes, acreditamos que a Via Varejo tenha reduzido várias lacunas relacionadas a atributos como desenvolvimento de tecnologia, logística e infraestrutura multicanal”, avalia. Veja mais análises clicando aqui.
Ainda em destaque, a companhia lançou no final do mês o novo desenho da marca da Casas Bahia para ir atrás de um público novo: a alta renda. A nova marca, conforme explicou ao Estadão a diretora de marketing da Via Varejo, Ilca Sierra, mostra o aspecto “democrático” da Casas Bahia – ou seja, sua capacidade de atender a diversos públicos. Com o redesenho de sua imagem, a varejista pretende provar que também pode ser boa opção para o público de alta renda, e não apenas para quem compra eletrodomésticos em diversas prestações. Veja mais clicando aqui.
A Cosan (CSAN3, R$ 90,40, +27,47%) também subiu forte em meio ao noticiário positivo sobre a sua reestruturação societária, que pode destravar valor para a companhia (veja mais clicando aqui).
Nesta semana, a companhia informou que a sua controlada Compass Gás e Energia pretende apresentar, nos próximos dias, pedido de registro da oferta pública de distribuição primária de ações, a ser realizada no Brasil, em mercado de balcão não organizado, incluindo esforços de colocação das ações no exterior. O Conselho ainda vai definir volume da oferta e preço das ações após processo de bookbuilding.
Outro destaque de alta do índice, mas que perdeu o primeiro lugar no último pregão do mês em meio à turbulência estreia das ações de sua subsidiária Vasta, foi a ação da companhia de educação Cogna (COGN3, R$ 8,28, +25,26%), ex-Kroton.
A abertura de capital da companhia foi um dos grandes catalisadores, aliás, para o desempenho forte das ações COGN3 durante o mês, mas os ativos perderam força e caíram forte no último pregão de julho, justamente com a estreia da Vasta nos EUA. A companhia precificou as ações classe A a US$ 19 cada, levantando US$ 405,9 milhões.
A Vasta presta serviços educacionais, tanto de conteúdo pedagógico quanto de gestão administrativa, a outras escolas. Entre esses negócios estão, sistemas de ensino como Anglo e Pitágoras, além de quatro editoras de livros didáticos, escolas de idiomas e a plataforma digital Plurall, usada atualmente por mais de 1 milhão de alunos que estão tendo aulas online durante a pandemia. No primeiro trimestre, a Vasta foi o destaque da Cogna com alta de 24% na receita líquida. Entre as vantagens da Vasta, estão as suas ferramentas digitais.
Conforme destacou a Levante Ideias de Investimento, o dinheiro captado é importante para a companhia manter sua estratégia de seguir crescendo via aquisições destacando ainda que, em fevereiro, a Cogna já havia levantado outros R$ 2,6 bilhões com a realização de uma oferta de ações (follow-on) no começo do ano.
“O mundo pós-pandemia deve trazer mudanças nos sistemas de ensino 100% presenciais. Entendemos que o processo de hibridização do ensino que já vinha acontecendo no ensino superior será fortemente acelerado neste novo cenário e a Cogna está em uma boa posição para capturar valor com essa nova realidade”, avaliam os analistas.
Também com alta superior a 20%, estão os ativos da Eletrobras (ELET3, R$ 36,94, +24,19%;ELET6, R$ 38,45, +24,73%), em meio ao maior otimismo sobre privatização. Durante o mês, Paulo Guedes, ministro da Economia, declarou algumas vezes – inclusive na Expert XP – que, nos próximos três meses, espera acelerar os marcos regulatórios e aprovar pelo menos 3 ou 4 grandes privatizações.
Durante o período, as ações ordinárias e preferenciais da Eletrobras tiveram a cobertura iniciada com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) pelo JPMorgan. Segundo o analista Fernando Abdalla, o mercado não precifica completamente todos os ganhos operacionais e financeiros obtidos pela administração da companhia que assumiu em 2016.
O JPMorgan vê assimetria favorável para papel dado que upside por conta de potencial privatização ofusca os riscos negativos associados aos empréstimos compulsórios e Angra 3. Abdalla possui preço-alvo da ELET3 fixado em R$ 53 e da ELET6 a R$ 56, apontando preferir as ações preferenciais às ordinárias.
Entre as maiores altas do Ibovespa, também está a ação de outra empresa que divulgou resultados no final do mês. Trata-se da Localiza (RENT3, R$ 50,92, +24,47%), que viu seus papéis saltarem 10,85% apenas no pregão pós resultado, na última quinta-feira.
A companhia registrou lucro líquido no segundo trimestre de 2020 de R$ 89,9 milhões, queda de 52,7% na comparação com igual período de 2019. Segundo a empresa, o resultado foi comprometido pela pandemia de covid-19, custos extraordinários, além do aumento da depreciação.
Apesar da queda do lucro, a empresa apresentou números acima do esperado pelo mercado e um resultado bom considerando o desafiador cenário de pandemia para o setor de locação de veículos no Brasil, conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos.
Dentre os números, os analistas destacam o Ebitda recorrente, melhor que o esperado em função de receitas (20%acima do consenso de mercado) e também devido ao melhor controle de custos por parte da empresa. “As atenções do mercado estarão voltadas para a tendência de recuperação de seus volumes e diárias médias. Além disso, a Localiza deve apresentar um novo produto de aluguel de longo prazo em breve, o que deve impulsionar suas ações”, apontam.
Também destacando o resultado como positivo, os analistas do Bradesco BBI apontam que a recuperação está ocorrendo mais rápido do que o esperado e o ajuste do tamanho da frota, combinado com preços diários de aluguel mais saudáveis e redução de custos, deve ajudar a Localiza a expandir suas margens nos próximos trimestres. A recomendação do BBI para as ações do banco é outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 53.
Por fim, estão as ações da Cyrela (CYRE3, R$ 27,42, +21,20%), que avançaram também em meio a um noticiário positivo sobre abertura de capital de subsidiárias. No final do mês, a Cyrela informou que a Cury Construtora e Incorporadora retomou o pedido de registro de oferta pública primária e secundária na B3 – a companhia listada na B3 detém atualmente participação correspondente a 48,25% da Cury.
O pedido ocorre após a solicitação do IPO da Lavvi Empreendimentos Imobiliários; a Cyrela tem uma fatia de 45% da companhia, que atua no segmento de médio e alto padrão. Também está em análise a abertura de capital da Plano & Plano Desenvolvimento Imobiliário, que tem como foco incorporação e construção de empreendimentos residenciais do Programa Minha Casa Minha Vida, no segmento de baixa renda, principalmente na região metropolitana de São Paulo. A Cyrela possui 50% do capital social da companhia. Esse movimento é visto pelos investidores como uma forma de capitalizar a Cyrela.
As 5 maiores altas do Ibovespa em julho:
Empresa | Ticker | Cotação | Variação |
Weg | WEGE3 | R$ 67,35 | +33,34% |
CVC | CVCB3 | R$ 20,80 | +30,40% |
Via Varejo | VVAR3 | R$ 19,52 | +27,50% |
Cosan | CSAN3 | R$ 90,40 | +27,47% |
Cogna | COGN3 | R$ 8,28 | +25,26% |
Maiores quedas: IRB é mais uma vez destaque
Por outro lado, poucas ações registraram baixa expressiva no mês, sendo o destaque negativo, mais uma vez, o IRB (IRBR3, R$ 7,97, -21,58%), o único com queda superior a 20%, sendo que as demais ações com pior desempenho do índice tiveram baixa menor do que 10%.
O IRB divulgou resultado no último pregão do mês passado e, apesar da maior transparência da administração depois das diversas polêmicas pelas quais a companhia passou, o cenário seguiu sendo considerado como bastante desafiador, ainda mais com os analistas passaram a revisar os seus números e avaliando a rentabilidade como bem mais baixa. No começo do mês, o IRB fez o anúncio de que seu aumento de capital de, no mínimo, R$ 2,1 bilhões e, no máximo, R$ 2,3 bilhões, feito por meio da emissão de ações, ajudando a pressionar os ativos.
Em meados do mês, o Santander reduziu a recomendação das ações de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 11. “Acreditamos que o IRB está no processo de reconstrução da confiança que perdeu com o mercado – algo que normalmente leva anos, não trimestres. Embora acreditemos que o preço atual das ações já esteja incorporando a maioria dos fatores negativos (por exemplo, o ROE sustentável implícito no preço atual das ações é de apenas 16%), acreditamos que a visibilidade do ROE de longo prazo está turva agora, o que nos impede de ter uma visão mais construtiva”, avaliaram os analistas.
Na sequência entre as perdas, estão as ações da Embraer (EMBR3, R$ 7,61, -5,93%) e da Gol (GOLL4, R$ 17,91, -3,45%), que tiveram queda forte no último pregão do mês, ainda em meio ao cenário ainda turbulento por conta da pandemia do novo coronavírus.
No radar da Embraer, a empresa está em conversas com os sindicatos para colocar em prática mais um plano de demissão voluntária. A companhia afirma que por conta da crise gerada pela pandemia de covid-19, com impactos fortes na indústria aeronáutica, vem tomando uma série de medidas para garantir a saúde das pessoas e a continuidade dos negócios.
Em matéria recente, o Estadão também destacou que, após sofrer um revés na compra pela Boeing e em meio à maior crise da história da indústria da aviação, a Embraer está se reestruturando para tentar sobreviver aos dois golpes que levou no primeiro semestre, o que levou à substituição de quatro vice-presidentes e um diretor (veja mais clicando aqui).
Na sequência, a Gol foi mais uma companhia a reportar resultados do segundo trimestre no final do mês. Com uma queda de mais de 90% no número de passageiros transportados por conta da pandemia, a Gol registrou um prejuízo líquido de R$ 1,994 bilhão no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 99,2 milhões em igual período do ano passado. No acumulado do semestre, a companhia aérea tem um prejuízo de R$ 4,212 bilhões, ante lucro de R$ 5,9 milhões entre janeiro e junho de 2019.
Conforme destaca Bruna Pezzin, analista da XP Investimentos, a Gol reportou números fracos, conforme o esperado, com números que refletem diretamente o impacto da pandemia sobre a demanda e sobre o câmbio. “Acreditamos que o foco a partir de agora estará no gerenciamento da liquidez por parte da companhia, em conjunto com notícias relacionadas à linha de crédito do BNDES para o setor, bem como o monitoramento das tendências da retomada da demanda no Brasil”, aponta a analista, que mantém recomendação neutra para as ações da Gol, com preço-alvo de R$ 17 por ação.
Com quedas menos expressivas, mas também em destaque no mês, estão os ativos da Qualicorp (QUAL3, R$ 28,00, -3,45%) – a empresa foi alvo de buscas em sua sede administrativa em uma das fases da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo e informou que está colaborando com as autoridades públicas competentes – e da BRF (BRFS3, R$ 20,70, -2,63%).
As 5 maiores quedas do Ibovespa no mês de julho:
Empresa | Ticker | Cotação | Desempenho |
IRB Brasil | IRBR3 | R$ 7,97 | -21,58% |
Embraer | EMBR3 | R$ 7,61 | -5,93% |
Gol | GOLL4 | R$ 17,91 | -3,45% |
Qualicorp | QUAL3 | R$ 28,00 | -3,45% |
BRF | BRFS3 | R$ 20,70 | –2,63% |
Fora do Ibovespa, Oi se destaca
Fora do Ibovespa, vale fazer menção para as ações da Oi (OIBR3, R$ 1,75, +45,83%;OIBR4, R$ 2,98, +98,67%), que se destacaram no noticiário corporativo no mês em meio à batalha pelos ativos da operação móvel. A batalha de propostas começou, oficialmente, no dia 18 de julho, quando as empresas de telecomunicações TIM Participações (TIMP3), a Vivo (VIVT4) e a Claro informaram que iriam apresentar uma oferta conjunta para comprar o negócio de telefonia móvel da Oi.
Contudo, dias depois, mais precisamente no dia 23, a empresa informou ter assinado exclusividade com a Highline, controlada da americana Digital Colony, para negociar a venda de sua área de telefonia móvel. A Highline apresentou a melhor oferta, acima do preço mínimo de R$ 15 bilhões para a aquisição da unidade móvel da operadora, mostrando que a disputa seria mais acirrada do que inicialmente poderia parecer.
Já na noite do dia 27, TIM/Vivo/Claro informaram uma nova proposta pela unidade móvel, desta vez por um valor de R$ 16,5 bilhões. O trio de operadoras informou que a nova proposta conjunta considera também a possibilidade de assinarem com a Oi contratos de longo prazo para uso de infraestrutura, o que representa um atrativo importante para a companhia.
O novo modelo de negócios da Oi, apresentado ao mercado no primeiro semestre, tem como foco a comercialização de sua capacidade de rede de fibra ótica, que permite a implementação de novos pontos de banda larga fixa, assim como a conexão de antenas de internet móvel – essencial para a cobertura futura do 5G. Isso significa que ter um contrato firme com as três maiores teles do País significaria um bom começo para a “nova Oi”.
Posteriormente, o jornal O Globo informou que a Highline já estudaria uma nova proposta pela companhia, o que ainda não foi confirmado, além de notícias de que outros consórcios estariam pensando em fazer propostas pela operação, o que tem levado à forte volatilidade para os ativos da companhia.
Veja também: o que fazer com as ações da Oi após a disparada?
(Com Agência Estado e Bloomberg)
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