Aliado de Trump, Brasil se diz pronto para lidar com Biden

Aliado de Trump, Brasil se diz pronto para lidar com Biden

julho 28, 2020 Off Por Today Newsroom

Joe Biden (Foto: Drew Angerer/Getty Images)

(Bloomberg) — O Brasil alcançou proximidade inédita com os EUA sob o governo do presidente Donald Trump, mas não teria problema em lidar com Joe Biden caso o candidato democrata à Casa Branca seja eleito este ano, disse o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Araújo, que implementou uma guinada pró-EUA na política externa desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu em 2019, disse que o Brasil está preparado para qualquer resultado em novembro, apesar das crescentes críticas dos democratas, rivais de Trump, à política ambiental e de direitos humanos no Brasil.

“Tenho certeza que, em um eventual governo democrata, com certos ajustes a gente conseguiria manter uma agenda muito positiva”, disse ele, em entrevista por vídeo. “Os presidentes Bolsonaro e Trump têm uma relação muito próxima, que tem trazido avanços muito importantes, mas esses avanços são entre Brasil e EUA, não entre os dois presidentes.”

A cooperação em áreas que incluem negócios, defesa e segurança provavelmente continuará sob Biden, disse Araújo, acrescentando que há muitas oportunidades pela frente para os dois países que, segundo ele, compartilham os mesmos valores de democracia e liberdade.

Trump e Bolsonaro se admiram mutuamente e ambos foram eleitos apelando para o sentimento nacionalista de seus eleitores. O relacionamento próximo entre eles trouxe alguns benefícios para o Brasil. Trump suspendeu a proibição de importação de carne bovina fresca do Brasil que vigorava desde 2017, anunciou que apoiaria a candidatura brasileira para ingressar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e se absteve de aplicar tarifas sobre o aço brasileiro. Os dois países também assinaram acordos de defesa e cooperação espacial e discussões estão em andamento para um acordo comercial.

O progresso na agenda bilateral foi possível porque Bolsonaro acabou com “a má vontade” que governos anteriores do Brasil tinham em relação aos EUA, disse Araújo.

Liderança do BID

No entanto, o Brasil perdeu a chance de assumir a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quando o governo Trump anunciou que lançaria seu próprio candidato ao banco de desenvolvimento com sede em Washington, que está ganhando importância em meio a planos de emprestar bilhões de dólares para ajudar os países da América Latina a se recuperarem da pandemia de coronavírus.

A decisão de Trump quebra uma tradição não escrita pela qual o BID é sempre liderado por um país latino-americano, mas Araujo minimizou a iniciativa, dizendo que o Brasil estava de acordo e que o anúncio da candidatura dos EUA não era uma surpresa.

“Para nós, o que importa é ter um programa de trabalho comum e não necessariamente a nacionalidade de quem será o presidente do banco”, disse ele. “Tínhamos um plano para lançar nosso candidato, mas convergimos para o candidato dos EUA; isso é um sinal desse novo relacionamento que temos com os EUA.”

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