Dólar caminha para o pior julho em uma década no mercado internacional
julho 27, 2020(Bloomberg) – A trajetória de queda do dólar no mercado internacional, que levou a moeda ao menor nível desde o início de 2019, ainda pode ter mais espaço para prosseguir.
Dados da Commodity Futures Trading Commission mostram que os gestores de ativos ampliaram as posições compradas líquidas de iene, euro, dólar canadense e franco suíço, colocando mais combustível à onda de vendas que fez o índice de dólar à vista da Bloomberg cair mais de 3% neste mês. A moeda caminha para o seu pior julho desde 2010.
As razões para apostar contra o dólar são muitas – a disputa cada vez maior com a China, preocupações de que os EUA estejam com dificuldades para conter a pandemia, a incerteza das eleições presidenciais de novembro e as crescentes expectativas de que o Federal Reserve terá que aliviar ainda mais a política monetária.
“A força do dólar está realmente acabada por enquanto”, disse George Boubouras, chefe de pesquisa do fundo de hedge K2 Asset Management, que está vendendo o dólar contra o australiano. “Mais estímulos do Fed estão surgindo à medida que os EUA enfrentam o vírus, e também há incerteza nas eleições – tudo isso provavelmente será negativo para o dólar.”
Uma compilação da Bloomberg de dados sobre posições futuras não comerciais líquidas do dólar em relação a oito pares mostra as maiores posições vendidas no dólar desde abril de 2018.
Portos seguros
A pressão sobre o dólar levou os investidores a procurarem refúgios fora dos EUA, o que fez o preço à vista do ouro disparar para o recorde perto de US $ 2.000 a onça. A prata saltou para o valor mais alto em quase sete anos.
O euro é outro candidato para gestores de recursos que buscam segurança. A alta da moeda além de US$ 1,17, a níveis não vistos desde setembro de 2018, pode ser o estágio inicial de uma mudança em direção ao zona euro depois que o bloco se uniu para aprovar um acordo histórico de recuperação.
Expectativas do Fed
Traders esperam que o Fed sinalize mais acomodações na reunião desta semana, já que existe a estimativa de que o PIB dos EUA registre queda anual de 35% no segundo trimestre.
“O dólar deve continuar fazendo novas mínimas”, diz Win Thin, chefe global de estratégia cambial da Brown Brothers Harriman, que vê o euro testando as máximas de setembro de 2018. “O baixo desempenho econômico dos EUA provavelmente contribuirá para o baixo desempenho do dólar.”