Gestores apostam em ações da Vale para navegar em meio ao cenário turbulento

Gestores apostam em ações da Vale para navegar em meio ao cenário turbulento

abril 2, 2020 Off Por Today Newsroom

(Bloomberg) — Investidores têm aumentado suas posições em Vale (VALE3), apostando na mineradora como uma das principais oportunidades em meio à sangria na bolsa brasileira.

Em março, as ações da Vale despencaram para o menor nível em três anos diante da disrupção nas cadeias de produção globais e dos cortes das estimativas de crescimento provocados pela pandemia de coronavírus. O papel subiu mais de 20% na última semana, mas ainda é negociado no nível mais baixo desde 2019, após o rompimento da barragem de Brumadinho, que matou 270 pessoas.

“A Vale é uma oportunidade como as que acontecem a cada 10, 15 anos”, disse Paolo Di Sora, diretor de investimentos da RPS Capital, durante videoconferência realizada pelo Banco BTG Pactual.

Uma das razões por trás do otimismo é o fato de a mineradora se beneficiar da alta do dólar em relação ao real, pois a maior parte da receita da empresa é atrelada à moeda estrangeira. O real acumula baixa superior a 23% neste ano, um dos piores desempenhos no mundo. Di Sora disse que o valuation da ação chegou a implicar dólar em cerca de R$ 3,50, muito abaixo do câmbio atual de R$ 5,26.

A Adam Capital também está entre os otimistas. De acordo com Márcio Appel, que fundou a gestora de ativos em 2016 com André Salgado, a ação da Vale parece atraente mesmo em cenários adversos para os preços do minério de ferro.

“Se eu tivesse que escolher uma ação brasileira que está particularmente barata, seria a Vale”, disse Appel em videoconferência realizada na terça-feira pelo Itaú Unibanco.

De acordo com o Goldman Sachs, que elevou a recomendação para o ADR da Vale para equivalente à compra, o preço atual da ação não implica crescimento de volume e assume preços de minério de ferro a US$ 65 a tonelada por um longo período, o que o banco considera improvável. O minério de ferro acumula baixa de 11% neste ano, negociado em cerca de US$ 80 a tonelada, uma queda menos drástica do que a vista em outras commodities em meio a expectativas de aumento dos estímulos na China.

Caio Ribeiro, do Credit Suisse, também avalia o desconto atual como exagerado, especialmente considerando “fortes perspectivas de geração de caixa”, segundo relatório.

No balanço do quarto trimestre, a Vale disse que a geração de caixa permitiu reduzir a dívida líquida para cerca de US$ 4,9 bilhões, o menor nível desde 2008. A empresa também acessou US$ 5 bilhões em linhas de crédito para reforçar o caixa em meio à recente turbulência.

“Hoje a nossa principal métrica é se uma determinada empresa é capaz de sobreviver a cenários de estresse”, disse Felipe Campos, sócio-fundador da Navi Capital, em entrevista. “A Vale tem caixa sólido, custos menores e certamente entra nessa lista.”

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