BNP vê investidor mais seletivo para títulos de risco da América Latina

BNP vê investidor mais seletivo para títulos de risco da América Latina

julho 17, 2020 Off Por Today Newsroom

Gráfico de ações (Crédito: Shutterstock)

(Bloomberg) — Empresas latino-americanas de maior risco terão mais dificuldade em acessar mercados de dívida internacionais no segundo semestre, pois o ritmo de emissão de títulos deve diminuir após a onda de ofertas nos últimos meses, segundo o diretor de mercado de capitais de dívida para a região do BNP Paribas.

Governos e corporações venderam US$ 84 bilhões em dívida no mercado externo no primeiro semestre, um aumento de 55% em relação aos primeiros seis meses de 2019, disse André Silva, que coordena emissões de dívida da América Latina para o banco francês. Embora ainda haja muito apetite por novas emissões, Silva acredita que os investidores se tornarão mais seletivos no segundo semestre, criando obstáculos para a venda de títulos de créditos mais arriscados.

Segundo ele, para nomes corporativos puros de alto rendimento que acessam o mercado, o custo será maior e as ofertas serão mais difíceis de executar.

A Braskem vai testar o piso do mercado para empresas classificadas como junk com sua próxima emissão de títulos. A Fitch disse que a petroquímica planeja uma emissão de títulos híbridos.

O estímulo injetado por bancos centrais ajudou a normalizar os mercados depois do congelamento para emissores latino-americanos em março. Ao mesmo tempo, governos abandonaram metas fiscais e empresas suspenderam os planos para reduzir índices de alavancagem, levando a um aumento das ofertas de dívida, mesmo depois que a região se tornou epicentro global da Covid-19.

Silva disse que houve um cabo de guerra entre o vírus e os bancos centrais. Ele acha difícil fazer uma previsão, mas, em sua opinião, por enquanto os bancos centrais “estão vencendo”.

O BNP participou de várias ofertas, incluindo a emissão de US$ 3,25 bilhões em títulos da Petrobras em maio, a oferta de US$ 800 milhões da mineradora Codelco em abril e a venda de US$ 500 milhões da Colombia Telecomunicaciones no início deste mês. O banco também participou de emissões soberanas do México, Chile e República Dominicana, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Silva disse que, embora a maioria dos governos da região já tenha acessado os mercados para financiar custos relacionados à pandemia, pode haver uma nova rodada de vendas de títulos soberanos no segundo semestre, pois a Covid-19 continua avançando.

Países como Brasil, Colômbia, República Dominicana e Bolívia avaliam levantar mais capital, disse Silva.

Mesmo países considerados muito bem financiados consideram acessar os mercados, afirmou.

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