Ministério da Defesa protocola representação na PGR contra Gilmar Mendes após fala sobre Exército

Ministério da Defesa protocola representação na PGR contra Gilmar Mendes após fala sobre Exército

julho 14, 2020 Off Por Today Newsroom

SÃO PAULO – O Ministério da Defesa protocolou, nesta terça-feira (14), uma representação junto à Procuradoria Geral da República (PGR) contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

O movimento ocorre após o magistrado afirmar, em transmissão pela internet promovida pela revista IstoÉ no último sábado, que o Exército se associou a um “genocídio”, em referência à participação de militares no Ministério da Saúde durante a pandemia do novo coronavírus.

Desde a saída do oncologista Nelson Teich, em maio, a pasta tem sido comandada pelo general Eduardo Pazuello, que também levou outros militares para posições estratégicas do ministério. Nos bastidores, o atual ministro é pressionado pelo núcleo militar a deixar a ativa e ir para a reserva no Exército.

“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”, disse Gilmar Mendes na ocasião.

A declaração provocou fortes reações na ala militar do governo. O vice-presidente, Hamilton Mourão, declarou que o ministro “forçou a barra”. O general também disse que, se Gilmar Mendes tiver “grandeza moral”, deveria se retratar.

Ontem (13), o ministro Fernando Azevedo (Defesa) já havia anunciado que enviaria uma representação contra o magistrado junto à PGR. Em nota assinada em conjunto com os comandantes das três Forças, afirmou que “o ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”.

“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana”, escreveram o ministro e os comandantes do Exército, general Edson Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior, e da Aeronáutica, brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez.

Na manhã desta terça-feria, Gilmar Mendes divulgou uma nota na qual disse que respeita as Forças Armadas e que as críticas teriam sido ao emprego de militares no Ministério da Saúde.

“Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”, disse.

A representação será analisada nos próximos dias. Caso sejam verificados indícios de irregularidade na postura do ministro, a PGR, comandada por Augusto Aras, poderá decidir pelo prosseguimento da investigação.

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