Brasil bate recorde histórico de abertura de empresas, diz Serasa
julho 10, 2020SÃO PAULO – Mesmo com a crise econômica causada pela chegada da pandemia de coronavírus no início de março, 889.003 novas empresas foram criadas nos primeiros meses de 2020, segundo dados da Serasa Experian. O número é o maior da série histórica, que teve início em 2010.
O estudo, intitulado “Indicador de Nascimento de Empresas”, mostra que o volume de abertura de empresas no primeiro trimestre deste ano é 17,1% superior ao mesmo período de 2019, quando 759.257 novas empresas foram abertas.
Na avaliação de Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, a necessidade de gerar renda em meio ao desemprego tem sido um dos principais motivadores do aumento da atividade empreendedora no país.
“O custo de abrir o negócio é um fator que pesa na decisão dos novos empreendedores. Despontam aquelas empresas que exigem pouco investimento para equipamentos, não precisam de ponto comercial para funcionar e que dependem, basicamente, da mão de obra do empreendedor”, analisa Rabi.
Na contramão das expectativas, considerando apenas o mês de março, quando a pandemia teve início, o surgimento de novas empresas aumentou em 24%, representando a maior expansão do ano. Já na passagem de fevereiro para março, sem ajuste sazonal, houve uma alta de 10,4%.
Em cada dez empresas criadas entre janeiro e março deste ano, sete (69,6%) atuam no segmento de serviços. O comércio responde por uma fatia de 21,8% dos novos empreendimentos, ao passo que as indústrias representam 7,4% do total de empresas abertas em 2019.
Veja:
Por região
Dos cinco estados que lideram o ranking de abertura de novas empresas do último trimestre, três estão localizados na região Norte: Amazonas (46,9%), Pará (35,2%) e Roraima (31,9%).
A lista ainda conta com o Sergipe em terceiro lugar (32,1%) e o Maranhão em quinto (31,7%). O estado que apresentou o avanço mais modesto no nascimento de empresas foi a Bahia, com alta de 7,8%.
Embora a região Sudeste tenha registrado o menor crescimento de novas empresas no primeiro trimestre deste ano (14,7%), ela detém, em números absolutos, a maior quantidade de novos negócios: 462.555.
O primeiro estado do Sudeste a aparecer na lista é o Rio de Janeiro em 19° lugar, com 16,3%, seguido por São Paulo, com 14,8% de representatividade.
O Norte, com 45.248 empresas criadas no período, desponta na liderança do crescimento, com uma alta de 30,7%. Depois aparecem o Sul (20,2%), Centro-Oeste (20,0%) e Nordeste (16,2%).
Veja o top 10 e os destaques do Sudeste:
MEIs são destaques
Dentre as modalidades de novas empresas no primeiro trimestre, os microempreendedores individuais (MEIs) representam a maior parcela.
Com um crescimento de 11,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, os MEIs representam 79,3% das aberturas, ou seja, 707.022 novos CNPJs que se encaixam nesta natureza jurídica.
Para Rabi, o cenário de crise e aumento das demissões sugere que a criação de MEIs será impulsionada, já que é a modalidade mais comum entre pessoas que recorrem ao empreendedorismo por necessidade.
“Pessoas que perderam o emprego neste momento de incertezas econômicas buscam no empreendedorismo e no trabalho por conta própria, geralmente feito de casa, uma saída para voltar ao mercado”, analisa.
Além disso, as empresas classificadas como Sociedades Limitadas também tiveram um crescimento robusto no último trimestre, com um avanço de 60,4%, mas representam apenas 8,5% do universo de novos negócios, o que significa 75.939 empresas criadas no período.
Já as Empresas Individuais perderam espaço no último trimestre, com uma queda de 13,2% – respondendo por uma fatia de 4,1% total de empresas abertas no último trimestre (36.058 novos empreendimentos no período).