Covid-19: como informações de pacientes são passadas aos familiares
julho 4, 2020Os hospitais que estão tratando pacientes vítimas da Covid-19 estão recorrendo a tecnologia para manter os familiares informados sobre o estado de saúde do parente. Esta nova forma de informação acontece devido a interrupção das visitas em decorrência do alto risco de contágio da doença. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), cada instituição adota seu protocolo específico para enviar informações aos parentes e estabelece sua própria rotina.
Buscando obter informações, a reportagem do Portal Infonet entrou em contato com alguns hospitais da capital para saber de que forma os familiares estão recebendo informações dos parentes internados com Covid-19.
No maior hospital público do Estado, o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), os pacientes que estão nas UTI’s Covid-19, uma vez por semana o médico diarista liga e passa o quadro do paciente para o familiar. Diariamente, o boletim médico é passado pela equipe de humanização do hospital, algumas vezes pode atrasar, ou o número do telefone fornecido não atende ou está desligado, mas não deixa de ser divulgado.
Já a enfermaria em situação de Covid-19 (antiga UPC e Ala 500), o fluxo é de outra forma. De segunda a sexta um familiar com o uso de máscara, pode comparecer ao hospital que será encaminhado para conversar com a equipe sobre o paciente, sempre a partir das 17 horas. Alguns pacientes estão em posse do aparelho celular e conseguem se comunicar com seus familiares e passam a informação de forma tranquila.
Cirurgia
Para amenizar a angústia dos familiares de pacientes atingidos pelo novo coronavírus, o Hospital de Cirurgia criou o Grupo de Acompanhamento de Pacientes e Familiares Covid-19, formado por enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos. O porta-voz do paciente pode entrar em contato com o Grupo de Acompanhamento por meio do telefone (79) 2106-7330 e (79) 99914-9559 de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 14 às 17h e aos sábados, domingos e feriados, das 8 às 11h e das 14 às 17h.
Existe também a opção de entrar em contato com o Serviço Social por meio dos telefones (79) 2106-7221 e (79) 98112-8906. O Hospital de Cirurgia, através de uma equipe multidisciplinar, também realiza videochamadas, onde os familiares podem interagir com as equipes das unidades destinadas ao tratamento da Covid-19 e, quando possível, falar com o paciente.
Hospital Universitário de Aracaju
O Hospital Universitário de Aracaju disponibiliza boletins diários aos familiares com o estado de saúde do paciente. Segundo o enfermeiro Alisson Tadeu Santana, chefe da Unidade de Atenção Psicossocial do HU/Ebserh, o boletim é realizado pelo médico que atua diretamente com o paciente onde ele elabora um boletim com as condições gerais de saúde do paciente. Esse boletim é repassado para o médico regulador que atua através do trabalho remoto, sendo este o responsável por ligar para o familiar do paciente e informar sobre o boletim médico.
Outra forma de comunicação é por meio de um contato de celular que fica disponível na enfermaria e UTI do Hospital Universitário para que os familiares possam ter contato com o parente através de uma videochamada. No caso do paciente de UTI, a chamada somente é feita caso o paciente esteja em condições de se comunicar com o familiar.
Em caso de óbito, o serviço social entra em contato com o familiar e o setor de psicologia presta assistência aos familiares, disponibilizando ainda uma carta de condolências com uma mensagem de conforto. Mesmo após a morte do ente, o parente pode solicitar uma assistência psicológica na unidade de saúde.
Hospital privado
No Hospital Primavera, o médico intensivista Dr. Guillermo Ramirez, destaca os desafios do distanciamento entre familiares e pacientes com Covid-19.
“Estamos vivenciando uma situação única no mundo, isso nunca tinha acontecido. A gente estava no caminho cada vez maior de integrar a família aos cuidados e ao hospital e com o coronavírus tivemos que fazer várias adaptações e concessões do que a gente vinha fazendo. Não tem sido fácil, a gente tem tentado humanizar uma coisa que é feita por telefone. A gente tem tido muita felicidade de ter paciência de ouvir as famílias porque nem sempre eles conseguem entender tudo o que a gente está falando e quando a gente está ao vivo olho no olho, a gente consegue entender as angústias, consegue entender uma feição de dúvida e por telefone não. A gente tem se desdobrado para tentar nos fazer entender, as vezes mudando termo técnico, mas definitivamente tem sido um desafio grande, mas que temos feito com louvor”, conta Guillermo, ao concluir que apesar das dificuldades, os médicos têm conseguido se comunicar bem com os familiares.
por Aisla Vasconcelos