Pandemia pode eliminar mais riqueza do que crise financeira de 2008

Pandemia pode eliminar mais riqueza do que crise financeira de 2008

junho 18, 2020 Off Por Today Newsroom

(Getty Images)

(Bloomberg) — Os ricos ainda estão ficando mais ricos, mas a crise do coronavírus pode diminuir o ritmo vertiginoso de acumulação de riqueza nos próximos anos.

Segundo estudo do Boston Consulting Group, mercados voláteis e as consequências econômicas do vírus podem eliminar até US$ 16 trilhões em riqueza global em 2020 e dificultar o crescimento nos próximos cinco anos. Em comparação, a crise financeira de 2008 eliminou US$ 10 trilhões.

O rali de dez anos no mercado acionário ajudou milionários e bilionários no mundo inteiro a aumentarem seu patrimônio no dobro do ritmo do que de pessoas de renda média e pobres. Agora, essa mesma dependência dos mercados pode colocar suas fortunas em risco se a volatilidade causada pelo vírus continuar por vários anos.

O patrimônio financeiro pessoal atingiu US$ 226 trilhões no mundo inteiro no ano passado, um ganho de 9,6% em relação a 2018 e a maior taxa de crescimento anual desde 2005, segundo o estudo do BCG.

De 2019 a 2024, o crescimento global da riqueza pode desacelerar para uma taxa de crescimento anual composta de 1,4%, caso o pior cenário do BCG se concretize. Seu modelo para uma recuperação rápida prevê taxa de cerca de 4,5%.

“O segmento que será o mais atingido nos cenários de recuperação lenta e danos duradouros será o mais rico, os milionários e os bilionários, simplesmente por causa da alta exposição aos mercados acionários e da volatilidade do mercado”, disse Anna Zakrewski, líder global da prática de gestão de patrimônio do BCG e principal autora do relatório.

O número global de milionários, segundo cálculos em dólar, triplicou nos últimos 20 anos, para 24 milhões – com mais de dois terços na América do Norte. Coletivamente, esse grupo detém mais da metade de toda a riqueza financeira atualmente, disse o relatório. Isso significa que o pior cenário afetaria mais esse continente, juntamente com o Japão. Ambas as regiões sofreriam quedas no período de cinco anos.

O BCG estima que US$ 9,6 trilhões da riqueza mundial foram mantidos no exterior em 2019, um aumento de 6,4% em relação ao ano anterior, com a Ásia (excluindo o Japão) sendo o maior contribuinte. No entanto, em situações mais estressantes, como o crescimento estagnado do início dos anos 2000 ou a crise financeira, o crescimento da riqueza além-fronteiras tende a ser impactado, segundo o BCG.

No curto prazo, os ricos devem transferir ativos para os chamados refúgios. No longo prazo, parte dos ativos pode ser repatriada para facilitar o acesso à liquidez, especialmente se a crise durar. Isso seria vantajoso para lugares como Hong Kong e Cingapura, por causa de sua proximidade com a China e outros mercados de rápido crescimento da Ásia.

Embora a Suíça continue sendo o destino de escolha para quem quer ter recursos no exterior, Hong Kong e Cingapura ganham destaque. Espera-se que ambos aumentem os ativos administrados em ritmo duas vezes mais rápido do que a Suíça nos próximos cinco anos.

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