Ibovespa cai com temor de 2ª onda da Covid e prisão de Queiroz enquanto mercado digere bateria de dados; dólar sobe a R$ 5,36
junho 18, 2020SÃO PAULO – O Ibovespa opera em queda nesta quinta-feira (18) acompanhando os futuros das bolsas americanas com uma correção provocada pelos renovados temores de uma segunda onda do coronavírus após as fortes altas recentes. Hoje, os investidores devem repercutir a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na véspera, de cortar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros Selic para 2,25% ao ano.
No cenário doméstico, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, foi preso em operação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo. Ele estava em imóvel do advogado Frederick Wassef, responsável pelas defesas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do próprio parlamentar e frequentador do Palácio do Planalto.
Entre os indicadores, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado prévia do Produto Interno Bruto (PIB), sofreu uma contração de 9,73% no mês de abril ante março, revelou o Banco Central nesta quinta-feira (18). O recuo foi um pouco menor que o projetado pela mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para uma queda de 10,2%. Em março, o IBC-Br havia recuado 5,9%.
Já na base anual de comparação, o IBC-Br caiu 15,09% em abril sobre o mesmo mês do ano passado, enquanto os economistas projetavam uma retração de 15,3%. Em março, a queda foi de 1,52%.
Às 10h15 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha queda de 0,84% a 94.745 pontos.
Enquanto isso, o dólar comercial sobe 1,29% a R$ 5,3615 na compra e a R$ 5,3625 na venda. Já o dólar futuro para julho opera em alta de 1,94% a R$ 5,333.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai um ponto-base a 3,04%, o DI para janeiro de 2023 sobe dois pontos-base a 4,13% e o DI para janeiro de 2025 avança sete pontos-base a 5,71%
Lá fora, os investidores adotam a cautela e olham com atenção para os números que mostram avanço dos casos da Covid-19. Nesse cenário, as Bolsas europeias passaram a operar com leves quedas.
Os temores de uma segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus impedem nesta quinta-feira um melhor desempenho dos mercados. No Texas (EUA), foi registrado um aumento de 11% nas internações.
Na China, também houve o ressurgimento dos casos, o que levou ao cancelamento dos voos em Pequim e o bloqueio de determinados bairros. Os casos no mundo somam 8,42 milhões, com quase 452 mil mortes.
O Bank of England, banco central da Inglaterra, manteve os juros em 0,1% ao ano e elevou o programa de compra de títulos em 100 bilhões de libras, totalizando 745 bilhões de libras.
Já os EUA registraram 1,5 milhão de pedidos de auxílio-desemprego na semana passada. A expectativa era por 1,29 milhão de requisições do benefício.
Copom
O comunicado da decisão indica que ainda há espaço para um novo corte da Selic em 2020 antes do fim do ciclo de afrouxamento monetário, segundo as avaliações de especialistas. “O BC deixou bem claro que a utilização da política monetária daqui para frente é incerta, mas se for utilizada, o espaço para novos cortes é pequeno”, disse Guilherme Attuy, economista-chefe da Gauss Capital, em live do InfoMoney.
Marcel Balassiano, pesquisador da área de economia aplicada do FGV IBRE — Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas —, avaliou, também na live do InfoMoney, que o Banco Central deve ser mais “cauteloso, um pouco mais conservador, e não deve baixar muito mais a taxa de juros.”
“O Brasil é uma economia emergente, não tem como a gente comparar com a economia dos Estados Unidos, Zona do Euro ou Japão, que têm juro zero, precisamos ter um prêmio de risco”, afirmou. O prêmio de risco é a diferença de juros entre o Brasil e os demais países, o que estimula investidores estrangeiros a trazerem dinheiro para cá para ter uma rentabilidade maior, mesmo com o risco econômico maior dos mercados emergentes. Confira as análises clicando aqui.
Tensão política
A prisão de Queiroz não é o único assunto da seara política que chama a atenção. Segue a indefinição sobre o futuro do ministro da Educação, Abraham Weintraub. A expectativa é que o presidente Jair Bolsonaro defina o tema nesta quinta-feira.
O Supremo Tribunal Federal formou maioria nesta quarta-feira (17) a favor da legalidade do inquérito das fake news, que apura a disseminação de notícias falsas e ameaças a integrantes da corte e se tornou alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro.
Além disso, é esperada a repercussão para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que deu aval, pela maior parte dos ministros, à investigação que apura a disseminação de notícias falsas. Essa investigação atinge aliados do presidente.
Panorama corporativo
Após a forte turbulência de março e abril, as empresas brasileiras voltam suas atenções para as emissões de ações. A Petrobras está retomando os planos de venda de sua participação remanescente na BR Distribuidora, segundo informações da Reuters.
Segundo a reportagem, a empresa pretende tentar vender sua fatia no segundo semestre. A Petrobras tem uma fatia de 37,5% na distribuidora. Na noite de quarta-feira, a estatal enviou um comunicado confirmando a intenção da venda, mas indicando não ter prazo ou formato definidos.
Já a Vale recebeu autorização para retomar a operação no Complexo de Itabira. O aval foi dado pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho de Minas Gerais, que emitiu um termo permitindo a suspensão da interdição.
O complexo estava paralisado desde 5 de junho devido à ação de procuradores do Ministério Público do Trabalho do Estado (MPT-MG), que apontaram riscos de contaminação pelo coronavírus.
No setor de varejo, o Grupo Pão de Açúcar aprovou a venda de três lojas da Sendas avaliadas em R$ 183,1 milhões.
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