Como começar a investir em ações: Passo a passo para quem está chegando à bolsa

Como começar a investir em ações: Passo a passo para quem está chegando à bolsa

maio 29, 2020 Off Por Today Newsroom

Você já conhece os fundamentos do mercado de ações, mas ainda não tomou coragem para começar a investir? Talvez ainda esteja faltando entender como fazer isso na prática.

Existe uma variedade de formas, métodos e estratégias para negociar no mercado de renda variável, o que nem sempre é trivial.

Esse guia do InfoMoney procura apresentar alguns aspectos do cotidiano de quem investe em ações. Você confere o que é preciso fazer para iniciar as aplicações e que estratégias são as mais adequadas para cada investidor.

• O que são ações?
• Estratégias para investir em ações
• Análise de ações
• Vantagens e riscos
• Quanto custa?
• Como investir em ações

O que são ações?

O capital das empresas é dividido em centenas, milhares ou até milhões de pequenas partes – e cada uma delas é uma ação. Parte das ações pertence aos empreendedores, parte a outros sócios. Em alguns casos, uma terceira parte é negociada na bolsa de valores, onde os investidores podem comprá-las e vendê-las. Quem compra esses papéis no mercado se torna também um acionista.

Ao comprar ações de uma companhia aberta, os investidores em geral têm o objetivo de compartilhar dos ganhos que ela obtém. Isso se dá, basicamente, de duas maneiras. As empresas distribuem dividendos, que são parte dos seus resultados. Eles são pagos aos investidores na proporção do número de ações que cada um deles possui.

A outra forma de ganhar na bolsa de valores é com a valorização das ações. As cotações variam com o tempo, conforme as companhias crescem e também de acordo com os movimentos da economia e do mercado. Sai ganhando quem investe em ações por um valor e se desfaz delas mais tarde, vendendo os papéis por um preço maior.

Estratégias para investir em ações

Não existe um jeito só de investir em ações. Na verdade, há uma infinidade de técnicas e estratégias diferentes de operar com renda variável. A escolha das mais adequadas depende do perfil do investidor e seus objetivos, mas também do momento e das condições do mercado. Conheça algumas das estratégias mais comuns abaixo:

Day trade

É assim que são chamadas as negociações de curtíssimo prazo realizadas na bolsa de valores. E o prazo é curtíssimo de verdade: um day trade é uma operação que combina a compra e a venda de uma mesma ação em um mesmo dia, pelo mesmo investidor, usando a mesma conta e na mesma corretora.

Por isso, a liquidação de um day trade é exclusivamente financeira. As ações não transitam pela carteira de custódia do investidor. Muitas vezes, quem negocia lança mão da alavancagem – operando um valor maior do que efetivamente possui – numa tentativa de ampliar os ganhos.

O day trade costuma ter algumas características especiais em relação às outras compras e vendas de ações. As corretoras, por exemplo, costumam praticar taxas de corretagem mais baratas do que nas operações tradicionais. A tributação do day trade também é diferente (leia mais na seção Quanto custa investir em ações?).

Curto prazo

De modo geral, investimentos com um horizonte de alguns dias, semanas ou meses – até um ano – são considerados de curto prazo. No mercado de ações, uma técnica comum para fazer aplicações desse tipo é chamada de swing trade. Mesmo com a compra e a venda não sendo finalizadas no mesmo dia, as operações de curto prazo ainda exigem um acompanhamento constante do mercado, pois se baseiam em achar oportunidades de ganho em pouco tempo.

Esse tipo de negociação está entre os mais comuns na bolsa de valores, e mesmo investidores não profissionais por vezes aplicam com esse horizonte de tempo em mente. No entanto, é importante ressaltar que negociar visando o curto prazo tem suas peculiaridades. É recomendável, por exemplo, optar por ações com liquidez elevada, para conseguir se desfazer delas com facilidade na hora de encerrar o investimento.

Longo prazo

É bastante comum ouvir a recomendação de que ações são investimentos interessantes para quem tem o longo prazo como objetivo. Existem algumas razões para isso.

Ao comprar ações, o investidor se torna sócios da empresa e tende a ganhar junto com ela conforme a receita cresce e os resultados aparecem. Isso, é claro, não acontece de um dia para o outro. Demanda algum tempo de maturação.

Também é importante lembrar que, embora reflitam os resultados das empresas, os preços das ações também variam conforme as condições do mercado. É comum que alguns acontecimentos transitórios causem euforia – ou desespero – no mercado, o que pode ter um impacto direto sobre as cotações. Elas tanto podem subir quanto cair de maneira repentina.

Uma declaração negativa feita por um governante, por exemplo, tem potencial para causar efeitos desse tipo. De uma hora para outra, as ações que você possui podem passar a valer 5% ou 10% menos.

Não significa que a empresa deixou de ser uma boa aposta, e sim que naquele momento ela sofreu uma interferência externa no seu preço.

Se o investidor tem tempo para esperar, o provável é que a onda negativa passe e, algumas semanas depois, os preços se recuperem. Já se precisar do dinheiro no curto prazo, é possível que acabe tendo de embolsar o prejuízo.

Uma técnica bastante usada por quem opera no longo prazo é chamada de position trade, em que as posições em ações são mantidas por mais tempo. É uma boa pedida inclusive para quem não tem tempo de se dedicar todos os dias a acompanhar os movimentos da bolsa.

Dividendos

Alguns investidores se interessam mais pelos dividendos distribuídos pelas empresas do que propriamente pela possibilidade de ganhar com a valorização das ações. É uma forma de viver de renda operando na bolsa de valores, em vez de com títulos públicos ou outros papéis de renda fixa.

Normalmente, empresas bem estabelecidas, que tenham as suas receitas crescendo de maneira constante e sem uma necessidade muito grande de investimento são boas pagadoras de dividendos.

As empresas distribuidoras do setor elétrico são um dos exemplos mais citados. Seu faturamento, que provém do pagamento das contas de luz, é reajustado periodicamente. Como elas já atendem as principais localidades, também não precisam realizar investimentos muito pesados na expansão das operações. Conclusão: sobra mais dinheiro para os acionistas.

Os dividendos recebidos das empresas podem tanto servir como uma renda recorrente do investidor, quanto podem ser reaplicados na compra de mais ações. Tudo depende dos objetivos e interesses de cada um.

Long short

Quando se pensa em bolsa de valores, a operação mais tradicional é a compra de ações, uma posição também conhecida como “long”. Porém, é possível realizar outros tipos de negociações, baseadas na venda de papéis. Elas costumam ser recomendadas para quem já possui alguma familiaridade com o mercado.

Operar vendido (ou “short”) é o mesmo que vender uma ação antes mesmo de comprá-la. Numa operação tradicional de compra, o principal objetivo é conseguir adquirir papéis por um preço mais baixo e, no futuro, desfazer-se deles a um preço mais alto.

Já numa operação vendida, o raciocínio é exatamente o oposto: vender as ações e recomprá-las mais tarde por um valor mais baixo, embolsando a diferença.

Operações short permitem ganhar quando o mercado está em queda. Para executá-las, é preciso fazer um aluguel de ações. Assim, é possível vender as ações que foram alugadas, recomprar os mesmos papéis e devolvê-los ao locatário. O risco é o cenário imaginado pelo investidor – de queda do mercado – não se concretizar. Se as cotações dos papéis subirem, o resultado será prejuízo.

Como escolher e analisar ações

Agora que você já entendeu os principais tipos de operações que podem ser feitas na bolsa de valores, as perguntas são outras: que ações comprar? A que preço? Quando? Com que perspectiva de retorno?

Para chegar a uma conclusão sobre isso, é preciso realizar uma análise de investimentos. Ela serve para traçar cenários sobre os preços futuros das ações, o que pode ajudar os investidores a fazerem suas escolhas. É com base na análise de investimentos que as corretoras recomendam a compra ou a venda de ações, por exemplo.

Existem dois tipos principais de análises aplicadas ao mercado de ações: a técnica e a fundamentalista. Conheça os detalhes de cada uma:

Análise técnica

A análise técnica parte do princípio de que as informações relacionadas a uma ação são expressas no seu gráfico de preços. Afinal, o valor pelo qual um papel está sendo comprado ou vendido reflete a percepção que analistas, investidores profissionais, pessoas físicas e todo o restante do mercado têm sobre ele. Assim, observar as curvas do gráfico de cotações de uma ação permite identificar padrões e estimar o comportamento no futuro.

Os gráficos utilizados para realizar esse tipo de análise podem ser variados. Um investidor que opere com day trade deve observar gráficos em que cada ponto representa o comportamento da ação a cada 15 minutos. Já investidores que têm um horizonte de longo prazo podem prestar atenção a gráficos semanais ou mensais.

Nesses gráficos, os analistas técnicos procuram encontrar suportes e resistências, que são dois conceitos importantes da análise técnica. Um suporte é um ponto de baixa do papel que representa o momento em que uma virada – naturalmente em direção a uma alta – tende a acontecer. Por isso, costuma ser encarado como um bom ponto de compra dos papéis.
Já uma resistência e um ponto de alta da ação, em que historicamente os preços param de subir e começam a cair. Pode representar um bom momento para vender os papéis.

Análise fundamentalista

A análise fundamentalista se baseia no estudo das características financeiras de uma empresa – perspectivas de crescimento, fluxos de caixa e risco – para determinar o valor potencial das suas ações. O objetivo com isso é permitir ao investidor escolher papéis que tenham uma boa perspectiva de ganhos no futuro, evitando a compra de ações que já estejam cotadas a um valor muito próximo do potencial.

Há duas abordagens principais de análise fundamentalista. A top down parte do princípio de que o valor de uma ação sofre influência direta de fatores macroeconômicos – como inflação, juros ou taxa de desemprego – porque eles afetam o desempenho da empresa. Assim, as decisões de investimento deveriam ser tomadas considerando informações amplas primeiro, e projeções detalhadas depois.

Já na análise do tipo bottom up o ponto de partida são os fundamentos individuais de cada empresa. Analistas com esse viés consideram importante avaliar fatores como modelo de negócio, governança corporativa, além das perspectivas de crescimento. Na visão deles, quanto melhores forem essas características, melhor uma companhia poderia se sair – tanto nos bons momentos quanto nas épocas de economia ruim.

Vantagens e riscos de investir em ações

Um dos principais objetivos dos investidores é obter um retorno elevado – e no caso das ações, as possibilidades são de conseguir uma rentabilidade maior do que a da renda fixa.

O que é preciso para que o retorno de um investimento em ações seja positivo? Em primeiro lugar, que as empresas emissoras obtenham bons resultados nas suas operações e, com isso, cresçam em escala e em participação de mercado.

Mas isso não basta. O desempenho da economia em geral, do setor em que a empresa está inserida em particular, além dos humores do mercado acionário, também influenciam os movimentos de cada papel específico.

Ao mesmo tempo em que podem ser mais rentáveis, as ações também envolvem mais riscos do que outras modalidades de investimentos. Ao contrário de um papel de renda fixa, em que o retorno é acertado com o investidor desde o início, uma ação não tem qualquer tipo de garantia de rentabilidade. Dependendo da situação, os investidores podem inclusive registrar perdas – pelo menos temporárias.

Outra característica do mercado de ações é a volatilidade. Os preços dos papéis variam todos os dias, conforme as negociações realizadas na bolsa de valores. Alguns investidores lidam bem com as oscilações. Outros preferem alternativas mais estáveis.

Uma vantagem da bolsa de valores é o fato de que há ações de empresas de diferentes setores, portes e características sendo negociadas. Assim, os investidores podem diversificar sua carteira e diluir os riscos apostando em papéis com perfis distintos. Os fatores que levam uma ação a subir ou a cair não são os mesmos que influenciam outros papéis.

Quanto custa investir em ações?

É possível começar a investir em ações com valores relativamente baixos. Por padrão, a maioria das ações são negociadas em lotes de 100. Para comprar um lote de uma ação que custe R$ 30, portanto, seria preciso aplicar R$ 3.000. No entanto, é possível adquirir quantidades pequenas de ações no mercado fracionário, onde elas não são negociadas em lotes (mas sim, individualmente).

É preciso considerar alguns custos envolvidos na negociação. As corretoras de valores, que fazem a intermediação das operações dos investidores na bolsa, são remuneradas com uma taxa de corretagem, que é um valor cobrado cada vez que alguém compra ou vende ações.

Existem formas distintas de cobrança. Muitas corretoras têm uma taxa de corretagem fixa, de R$ 10 ou R$ 20, por exemplo, cobrada a cada negociação. Também há algumas que não cobram taxas de corretagem, como a Clear.

Outras adotam um sistema taxa variável, que equivale a um percentual sobre o valor que o investidor deseja operar. Normalmente, ele se baseia na chamada “tabela Bovespa”, que é uma referência para quem adota esse modelo.

Uma outra taxa – de custódia – também pode ser cobrada por algumas corretoras. Ela remunera a instituição pela guarda das ações ao longo do tempo. Porém, já é muito comum encontrar corretoras que isentam os investidores dessa taxa.

Há ainda o custo relacionado à tributação. Há incidência de Imposto de Renda sobre os ganhos de capital obtidos pelos investidores. Assim, se uma ação foi comprada por R$ 100 e vendida por R$ 200, o IR é aplicado sobre os ganhos obtidos – nesse caso, de R$ 100. A alíquota é de 15% e o pagamento deve ser feito mensalmente por meio o carnê Leão.

Existe uma possibilidade de ficar isento de Imposto de Renda ao investir em ações. Não há cobrança caso o investidor faça vendas abaixo de R$ 20 mil por mês.

Passo a passo; como investir em ações

Para finalmente começar a investir em ações, é preciso seguir alguns passos básicos. Atentar a esses aspectos pode facilitar o processo e garantir que as decisões sejam tomadas de forma consciente e segura. Confira:

1. Ter certeza de que esse mercado se encaixa com o perfil investidor

Antes de decidir comprar ações, pergunte-se: qual é seu objetivo com o investimento? Seu perfil de risco é adequado para aplicar em renda variável? Quais as chances de você precisar do dinheiro no curto prazo?

Uma ferramenta que pode responder essas questões é a Análise do Perfil do Investidor ou Suitability, um questionário aplicado pelas próprias corretoras para definir as características comportamentais dos clientes. Fazendo algumas perguntas, elas conseguem identificar os produtos mais adequados para cada um – e inclusive saber se as ações são uma boa alternativa para eles.

2. Abrir conta em uma corretora

Para negociar na bolsa, o investidor precisa ter conta em uma corretora, instituição financeira autorizada a operar no pregão. Elas recebem as ordens de compra ou de venda e executam as operações na B3 em nome deles.

Então, é preciso escolher uma corretora. Alguns dos fatores importantes a avaliar são as taxas de corretagem, a facilidade de uso dos sistemas de negociação, a disponibilização de relatórios e orientações sobre investimentos, entre outros.

Em geral, para abrir uma conta é preciso enviar alguns documentos pessoas de identificação para a corretora e preencher alguns cadastros. Com a conta aberta, é possível realizar uma transferência (via TED ou DOC) para que os recursos possam ser usados na compra de ações.

3. Escolher a melhor estratégia

De acordo com seu perfil de investidor, os objetivos que têm para seu dinheiro e o momento do mercado, escolha a estratégia mais adequada para negociar ações. Ela tanto pode estar focada nos ganhos de curto prazo quanto visar o longo prazo. Tudo vai depender também de quanto tempo você estará disposto a dedicar à bolsa de valores cotidianamente.

4. Decidir entre a mesa de operações ou o Home Broker

Normalmente as corretoras oferecem duas formas de negociação para os investidores. A mais comum é o home broker, um sistema eletrônico em que o próprio investidor cadastra suas ordens de compra e venda, podendo operar diretamente. No home broker, a taxa de corretagem costuma ser de valor fixo.

Outra via de negociação é a mesa de operações. Nesse caso, o investidor se comunica com um operador da corretora – por telefone, e-mail ou sistemas de mensageria – e envia a ele suas ordens de compra e venda de ações. É esse operador que realiza os negócios em nome do investidor. Esse modelo costuma ser restrito a clientes de alta renda e, nele, as taxas de corretagem normalmente seguem a tabela Bovespa.

5. Escolher as ações e começar a formar uma carteira

Chegou a hora de escolher as ações em que você vai investir. Você pode optar por um método de análise – como a técnica ou a fundamentalista – e decidir por conta própria. Ou também pode se valer dos relatórios elaborados por analistas especializados no mercado de ações e seguir as recomendações deles.

Você também pode contar com a ajuda do analista Thiago Salomão no curso que ensina “Como Montar uma Carteira de Ações Vencedora”

Dica extra!

Para ter sucesso no mercado de ações é fundamental estar bem informado. Não deixe de acompanhar as notícias no InfoMoney e utilizar as nossas ferramentas com as cotações da bolsa.

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