Nippon Steel diz que prêmio elevado em compra da US Steel faz sentido
dezembro 19, 2023A Nippon Steel disse nesta terça-feira (19) que a compra da US Steel por US$ 14,1 bilhões ajudará o grupo japonês a entrar em um novo mercado em crescimento, em um momento em que o mercado discute o prêmio pago pelos japoneses para adquirir a histórica siderúrgica americana.
A Nippon Steel tem procurado expandir-se no exterior nos últimos anos, pois a redução da população no Japão, onde gera quase 60% de sua receita, está diminuindo as perspectivas de demanda por aço de alta qualidade usado em automóveis e produtos eletrônicos.
A aquisição acrescentará 20 milhões de toneladas de capacidade de aço bruto à capacidade atual da Nippon de 66 milhões e tornará o grupo japonês um fornecedor mais importante para a indústria automotiva dos Estados Unidos.
“A Nippon Steel pretende completar uma rede global…estabelecendo uma base nos EUA…onde se espera que a demanda de aço cresça”, disse o presidente, Eiji Hashimoto, a jornalistas. “A US Steel não é nossa concorrente no mercado norte-americano ou em qualquer outro lugar, portanto, podemos dizer objetivamente que é a melhor combinação”, disse ele.
A América do Norte contribuiu com apenas 12% da receita total da Nippon Steel no último ano fiscal, encerrado em março.
A receita líquida da US Steel nos EUA no ano passado foi de US$ 16,8 bilhões, bem mais que o dobro do faturamento de cerca de 6,7 bilhões que a Nippon Steel gerou na América do Norte no último ano fiscal.
No ano passado, a Nippon Steel comprou participações majoritárias em duas siderúrgicas que usam fornos elétricos na Tailândia e, em 2019, juntamente com a ArcelorMittal, a empresa japonesa comprou a Essar Steel, da Índia.
A última aquisição também ocorre apenas um mês depois que a Nippon Steel, que também participa do capital da brasileira Usiminas e que conta com a Toyota como um dos principais clientes, anunciou um acordo de US$ 1,3 bilhão para comprar uma participação de 20% na unidade de carvão siderúrgico da mineradora canadense Teck Resources.
Prêmio em debate
“Esse acordo colocará a Nippon Steel entre os três maiores produtoras mundiais de aço”, escreveu o analista Mark Chadwick na plataforma de pesquisa Smartkarma. “De muitas maneiras, a Nippon Steel está pagando um prêmio enorme. Em termos simples, a oferta avalia a US Steel com um EV (enterprise value) de US$ 750 por tonelada, muito mais alto do que o EV da própria Nippon Steel, de US$ 560 a tonelada.”
As ações da Nippon Steel caíram 5,5% no início do pregão em Tóquio, atingindo o nível mais baixo desde julho, mas reduziram as perdas e encerraram em baixa de 2,8%.
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A gigante siderúrgica japonesa fechou o acordo com uma oferta de US$ 55 por ação em dinheiro, o que representou um prêmio de 142% em relação ao preço das ações da US Steel em 11 de agosto, o último dia de negociação antes da produtora norte-americana de aço Cleveland-Cliffs revelar uma oferta de US$ 35 por ação pela US Steel, em dinheiro e ações.
A Nippon está pagando o equivalente a 7,3 vezes o lucro de 12 meses da US Steel antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), de acordo com dados da LSEG.
Quando perguntado sobre como a Nippon Steel poderia justificar o pagamento de um prêmio tão alto, Hashimoto disse que havia uma “lógica econômica suficiente”, mas não entrou em detalhes. A empresa japonesa não fez nenhuma projeção sobre o valor das sinergias que surgirão com o negócio.
“As duas empresas combinadas terão uma fatia considerável do mercado automotivo global e parecem bem posicionadas para se beneficiarem da mudança para motores de veículos elétricos, conhecida como aço eletrônico”, disse Chadwick. “Mesmo assim, é difícil…ficar animado com os custos iminentes para descarbonizar o setor.”
O setor automotivo e de transporte representou quase um quarto das vendas de aço da US Steel na América do Norte em 2022, de acordo com o relatório anual da empresa.
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A US Steel também fornece aço para infraestrutura de energia renovável, como turbinas eólicas, e, portanto, deve se beneficiar da Lei de Redução da Inflação dos EUA (IRA), que oferece créditos fiscais e outros incentivos para esses projetos.
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