Transição ecológica não pode impedir industrialização de países em desenvolvimento, diz Lula
dezembro 3, 2023O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado, 2, que os custos da transição ecológica do “mundo desenvolvido” estão sendo transferidos ao Sul-global, que, segundo ele, já são os mais afetados pelas mudanças climáticas. “Estamos sendo duplamente punidos”, disse durante encontro do G77+China, maior grupo de países em desenvolvimento, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai.
O petista defendeu que essa transição não pode impedir a industrialização de países do bloco e relegá-los à posição de exportadores de commodities e exportadores de matérias-primas.
“Há vários modelos de transição ecológica em direção ao mundo descarbonizado. Uma transição justa não pode nos relegar a uma posição de produtores de commodities e exportador de matérias-primas. Nem inaugurar um novo ciclo de exploração predatória de nossos recursos naturais, em particular dos minerais críticos. Ela tem de nos permitir transformar e diversificar nossas bases produtivas, e avançar na industrialização”, afirmou.
O presidente comemorou o início da operação do fundo de perdas e danos do clima. Um grupo de nações ricas anunciou na quinta-feira, 30, a destinação de mais de US$ 400 milhões (quase R$ 2 bilhões) para colocá-lo em prática. “Serve de inspiração para as negociações dos próximos dias.”
“É uma questão de justiça climática que aqueles que mais contribuíram para o aquecimento global arquem com sua responsabilidade”, afirmou. Ele defendeu fluxos contínuos de recursos para que os países de baixa e média renda resolvam seus problemas de endividamento, em um contexto que, segundo ele, as nações em desenvolvimento precisarão de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões ao ano para implementar “suas contribuições nacionalmente determinadas e plano de adaptação”.
Nesse sentido, Lula disse que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) precisam passar por uma reforma. De acordo com ele, falta representatividade. “No conselho do fundo global para o meio ambiente, Brasil, Colômbia e Equador são obrigados a dividir uma única cadeira, enquanto vários países envolvido ocupam cada um o seu próprio assento”, disse. “Os mecanismo de financiamento climático ambiental não podem reproduzir a lógica excludente dessas instituições.”
Paz e Conselho de Segurança
Lula voltou a fazer um pedido pela paz mundial e pelo cessar de guerras, citando os conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e palestinos. “Estamos tentando salvar o planeta, não para destruí-lo em guerra.”
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O presidente defendeu mais uma vez a reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). “Ou nós mudamos o conselho de segurança da ONU ou nós colocamos mais países participando da ONU ou a irresponsabilidade irá prevalecer sobre a sensatez daqueles que brigam por paz. Por isso, eu estou incomodado ao começar a minha fala, e não poderia deixar de pedir aos que estão em guerra, que parem de se matar. Sentem numa mesa de negociação e vamos salvar vidas, ao invés de destruí-las.”
Inteligência artificial
No discurso, o presidente também abordou o tema da inteligência artificial. Segundo ele, sem “diretrizes claras” e “coletivamente acordadas”, os modelos gerados “exclusivamente com base na experiência dos países do Norte” vão se impor. “O mundo não pode repetir a divisão entre responsáveis e responsáveis que uma vez marcou as discussões sobre desarmamento e não proliferação.”
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia