BRF (BRFS3) levanta R$ 5,4 bilhões em follow-on e vê alívio na alavancagem

BRF (BRFS3) levanta R$ 5,4 bilhões em follow-on e vê alívio na alavancagem

julho 14, 2023 Off Por Today Newsroom

A BRF (BRFS3) levantou R$ 5,4 bilhões no principal follow-on realizado no país este ano até agora. Nesta quinta-feira (13), a dona das marcas Sadia e Perdigão informou que a demanda pela oferta foi 20% maior que a prevista e emitiu 600 milhões de ações a R$ 9 por papel, valor 5,7% menor que o do fechamento (R$ 9,54) nas negociações da B3.

Os recursos trazem alívio à estrutura de capital da BRF, frente recorrente de preocupação no mercado. Com o follow-on, a empresa estima recuo de 1,3 vez em sua alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda). No fim do primeiro trimestre do ano, o índice estava em 3,35 vezes.

“O follow-on demonstrou a confiança do mercado e trouxe um investidor estratégico ao negócio”, afirmou Miguel Gularte, CEO da BRF, ao InfoMoney.

Com a demanda extra na operação, a acionista de referência Marfrig (MRFG3) permaneceu com 33,3% do capital da dona da Sadia, ante uma expectativa do mercado de que a empresa fundada e controlada por Marcos Molina montasse uma posição acima de um terço do capital.

O fundo soberano da Arábia Saudita para a segurança alimentar, Salic, ficou com pouco mais de 10% de participação. Ao todo, Marfrig e Salic colocaram pouco mais de R$ 3,4 bilhões na operação. A Previ, outra acionista relevante, acompanhou a oferta.

O ‘day after’

O follow-on demonstrou mais uma vez que o mercado, em especial o chairman Marcos Molina, confiam no turnaround da empresa. Foi a segunda oferta subsequente da BRF desde que Molina passou a investir na empresa, em meados de 2021.

“Temos uma empresa pacificada e pronta para colher os frutos de nossa estratégia operacional”, reforçou Gularte, antigo CEO da Marfrig e que assumiu a BRF no fim de agosto do ano passado. No plano de voo da dona da Sadia, a diretoria tem priorizado gestão de estoques e eficiência na execução comercial.

Desde o fim do terceiro trimestre de 2022, a BRF tem defendido uma postura “back to basics”, tentando melhorar suas margens. No primeiro trimestre deste ano, a empresa ampliou sua receita em 9,4%, para R$ 13,2 bilhões. Mesmo assim, registrou prejuízo líquido de R$ 1,02 bilhão e dívida líquida de R$ 15,3 bilhões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

O CFO da BRF, Fábio Mariano, destacou que a empresa, além de diminuir a alavancagem, reduz sua despesa financeira com juros a partir de agora. Outra alavanca operacional é a de retomada gradual das margens com o recuo nos preços dos grãos, em especial de soja e milho. A perspectiva de queda na Selic a partir de agosto reforça o horizonte positivo. “Isso estimula o consumo dos nossos produtos”, lembrou Mariano.

Miguel Gularte, CEO da BRF (Divulgação)
Miguel Gularte, CEO da BRF: follow-on foi o segundo maior da história no mundo para uma empresa de alimentos (Divulgação)

Fábio Mariano reforçou, ainda, que a injeção de recursos confere maior poder de barganha à BRF no plano de desinvestimentos anunciado no início deste ano, com o qual o mercado estima ser possível levantar outros R$ 4 bilhões.

A venda da divisão de pet food, visto como principal ativo do plano, segue em curso com um processo de concorrência na fase de due diligence – o número de interessados que estão nesta etapa não foi divulgado. A tendência é que o negócio seja fechado no decorrer deste terceiro trimestre, com o sell side estimando um potencial de R$ 2 bilhões na transação.

A questão Salic

Como foi anunciado no fim de maio, a acionista de referência Marfrig e o fundo soberano da Arábia Saudita para alimentação, Salic, ancoraram a oferta. O investidor estrangeiro é considerado estratégico para a BRF, por ser o mercado saudita muito importante para as vendas de carne de frango da empresa, uma das maiores exportadoras da proteína no mundo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas a entrada do Salic no negócio não pode ser considerada trivial, uma vez que o fundo é sócio relevante da Minerva Foods (BEEF3), concorrente direta da Marfrig no mercado de carne bovina.

“Eu não posso falar por eles [Salic], mas toda a comunicação ao mercado sobre a participação da Salic foi muito clara”, argumentou Miguel Gularte. Os sauditas não solicitaram participação no conselho da BRF e sinalizam que terão uma atuação passiva no negócio.

Para um analista que acompanha a BRF, o fundo Salic tem como premissa a segurança alimentar e faltava em seu portfólio um investimento em carne de frango, uma proteína que o país quer garantir o fornecimento. “A BRF tem marca forte na Arábia Saudita e uma operação estabelecida por lá. Talvez o valuation fizesse sentido para entrar no negócio, já que a lógica deles é estratégica e de longo prazo”, afirmou.

Sobre um possível conflito em relação à Minerva, o analista entende que é possível viver em harmonia. “É uma sociedade [Minerva e Salic] forte e que tem caminhado bem nos últimos anos, inclusive com uma joint venture na Austrália. Até hoje, eu não vi nenhum ativo que o Salic tenha saído”, disse.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

waiting...