Tesouro Direto: juros têm alta após fala de Haddad; prefixados vão a 12,64% e títulos de inflação, a 6,29%

Tesouro Direto: juros têm alta após fala de Haddad; prefixados vão a 12,64% e títulos de inflação, a 6,29%

abril 6, 2023 Off Por Today Newsroom

No último dia útil da semana, o foco está no novo arcabouço fiscal. Nesta quinta-feira (6), com a agenda de indicadores esvaziada, as atenções se voltam para entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à BandNews. A expectativa era com o que ele falaria após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, levantar a bandeira branca e amenizar qualquer atrito com o governo federal em evento na quarta-feira (5).

“A taxa de juros hoje é indecente, mas não estou colocando a culpa em ninguém; as contas é que precisam ser arrumadas. A queda dos juros é uma consequência lógica do arcabouço fiscal e reforma tributária”, afirmou, durante a entrevista.

Na cena externa, os índices futuros de Nova York operam sem direção única, com agentes do mercado digerindo dados que sugerem a desaceleração da economia americana e os mercados precificando uma chance de 59% de que o Federal Reserve (Fed) mantenha as taxas de juros estáveis ​​em maio, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.

A questão é se o Fed e outros bancos centrais continuarão a guerra contra a inflação, mesmo com indicadores fracos. O mercado espera o payroll nesta sexta-feira (7). O relatório de empregos dos Estados Unidos será divulgado mesmo com as bolsas fechadas por conta do feriado. O foco hoje são os pedidos de seguro-desemprego e as demissões em março nos Estados Unidos.

No Tesouro Direto, às 10h52, os juros dos títulos públicos apresentavam alta, logo após a entrevista de Haddad. O piso dos ativos atrelados à inflação, do Tesouro IPCA+ 2029, tinha retorno de 5,87% hoje, superior à taxa vista nesta quarta. O Tesouro IPCA+ 2045 tinha juros de 6,29%, maiores do que os 6,25% da sessão anterior.

Entre os prefixados, o destaque era o Tesouro Prefixado 2033, com retorno de 12,64% ao ano, acima dos 12,46% da véspera, diferença de 18 pontos-base (0,18 ponto percentual).

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (06): 

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Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Haddad

No começo da entrevista à Bandnews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou o que o mercado queria ouvir, sobre melhorar contas públicas, unir social com o fiscal sempre com responsabilidade, e ampliar arrecadação. Mas foi aí que o caldo entornou. Ele disse que quer “acabar com privilégios” de “empresas bilionárias”, tirar benefícios fiscais de quem “faz lobby” no Congresso, “iludindo parlamentares de boa-fé”, e a bolsa rapidamente voltou ao negativo – também apoiada por uma Nova York no vermelho.

O ministro insistiu por toda a segunda metade da entrevista sobre a questão dos “privilégios” e chegou a pedir ajuda à imprensa para o que pode ser encarado como uma campanha “educacional” nesse sentido. Do lado ainda visto como positivo, ressaltou que não vai mexer em benefícios do Prouni, Santas Casas, Zona Franca de Manaus, nem no Simples, ou MEI, mas que tudo depende da retirada dos  “privilégios”.

Arcabouço fiscal

Se o novo arcabouço fiscal estivesse em vigor desde 2011, o governo federal poderia ter tido uma redução de R$ 775,3 bilhões em despesas − ou R$ 64,6 bilhões ao ano, a preços constantes. Os cálculos são dos economistas Felipe Salto e Josué Pellegrini, da corretora Warren Rena, e contestam alegações de que a regra apresentada pelo Ministério da Fazenda seria frágil.

Conforme notam os especialistas, de 2011 a 2022, as despesas públicas cresceram a uma média anual de 2,5% em termos reais – o que equivale ao teto de reajuste permitido pela regra fiscal proposta pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O cálculo levou em conta os gastos extraordinários realizados em 2020, 2021 e 2022 em razão do enfrentamento à pandemia de Covid-19. No mesmo período analisado, a receita líquida avançou a uma média anual de 1,4%.

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Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a pedir a adoção de medidas que possibilitem uma maior oferta de crédito por bancos públicos, durante solenidade de assinatura de decretos que atualizam a regulamentação do Marco Legal do Saneamento, na tarde desta quarta-feira (5), no Palácio do Planalto.

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Durante discurso direcionado a governadores e prefeitos, Lula disse que conta com a “boa vontade” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para “a construção do mecanismo para encontrar o dinheiro”, para possibilitar o financiamento de obras de infraestrutura em Estados e Municípios.

Nas últimas semanas, durante o processo de definição do novo arcabouço fiscal, Haddad protagonizou uma queda de braço nos bastidores com representantes de correntes mais tradicionais do Partido dos Trabalhadores (PT) ao se posicionar a favor do equilíbrio entre gastos públicos e sustentabilidade fiscal.

Debate no Senado

O Senado marcou para o dia 27 de abril um debate no plenário sobre juros, inflação e crescimento econômico. Foram convidados os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A sessão foi solicitada pelo próprio presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e ocorrerá cinco dias antes do início da próxima reunião do Copom do BC. “É imperativo que dialoguemos, a fim de identificar os motivos por trás das elevadas expectativas inflacionárias e dos vultosos juros reais que predominam no Brasil. Dessa maneira, será possível direcionar nossos esforços para a construção de soluções capazes de evitar a perda do poder de compra da nossa população sem prejudicar o crescimento imediato da nossa economia”, justificou Pacheco, no requerimento apresentado para a realização do debate.

Produção Industrial

Entre dezembro e janeiro, a produção industrial do País recuou em oito de 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do IBGE. O dado oficial apontou queda de 0,3% na comparação mensal. No acumulado em 12 meses, a indústria variou -0,2%, com resultados negativos em sete locais.

As maiores quedas no período foram registradas por Rio Grande do Sul (-3,4%), São Paulo (-3,1%) e Mato Grosso (-2,0%).

A queda da produção industrial em São Paulo veio após um recuo de 0,8% no mês anterior. Com isso, a indústria do Estado acumula retração de 3,9% nesses dois meses.

Seguro-desemprego EUA

Os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, nesta semana, caíram a 228 mil, acima da expectativa de 200 mil. A leitura da semana anterior ficou em 246 mil (revisada de 198 mil). A média das últimas quatro semanas ficou em 237,75 mil, enquanto as quatro encerradas semana passada ficou em 242 mil (revisada de 198,25 mil).

Já os anúncios de demissões nos EUA em março subiram 319%,  com relação a igual mês de 2022. Segundo a Challenger, 38% dos cortes estão concentrados no setor de tecnologia; empresas do setor anunciaram 102.391 cortes neste ano.

Bolsas mundiais

Os índices futuros dos EUA operam com leve baixa nesta manhã, véspera de feriado, com agentes do mercado digerindo dados que suguem desaceleração da economia americana, com os mercados agora precificando uma chance de 59% de que o Federal Reserve (Fed) mantenha as taxas de juros estáveis ​​em maio, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.

Os mercados asiáticos fecharam com baixa em sua maioria, repercutindo o último relatório de folhas de pagamento privadas da ADP, que mostrou crescimento lento do emprego nos Estados Unidos em março.

A atividade do setor de serviços da China continuou a se expandir em março, de acordo com o último índice de gerentes de compras de serviços da Caixin, que subiu para 57,8. A leitura marca o quarto mês de aceleração e está acima da marca de 50 pontos que separa crescimento de contração.

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Já o BC da Índia manteve sua taxa de recompra em 6,5%, marcando a interrupção do ciclo de aperto monetário iniciado em abril de 2022.

Os mercados europeus operam em alta, com investidores continuando a avaliar a perspectiva econômica global incerta.

Na frente econômica, os preços das casas no Reino Unido subiram pelo terceiro mês consecutivo em março, de acordo com dados de Halifax, apesar dos economistas anteciparem uma queda.

Os preços médios cresceram 0,8% em março em relação ao mês anterior. Economistas da Reuters previam queda de 0,3%.

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